Quando de volta em Curitiba, a rotina apertou.
Giovanna sentia Alexandre um pouco alerta desde o episódio com sua mãe. Talvez fosse isso ou talvez fosse só saudade de passar todos os dias com ele. na praia, de mãos dadas pela calçada, indo em diversos restaurantes, vivendo.
Agora que estavam de volta a realidade tinham que se acostumar com tudo aquilo de novo. Ou seja, as manhãs e tardes sem contato, o fingir na frente de todo mundo que mal se conheciam, as caronas escondidas nas quais Giovanna descia do carro antes dele entrar no estacionamento, ou ele a pegava no meio da rua depois de um quarteirão da universidade.
A realidade era podre.
Ter que se moldar era cansativo.Mas, principalmente, não ter liberdade era a parte mais assustadora.
Ela sentiu o que ele tinha dito.
Depois do Rio de Janeiro, jamais seriam as mesmas pessoas. Depois de experimentar a liberdade, aquilo que eles tinham parecia muito pouco.
As noites juntos após a universidade pareciam acabar em três horas. Os finais de semana eram limitados, eles não podiam ir para qualquer lugar.
Giovanna ficava feliz quando havia algum aniversário ou evento por parte da família dele. Encontrar com as irmãs de Alexandre era sempre um alívio.Ela adorava escutar as histórias sobre como ele sempre foi fechado e raramente apresentou mulheres para a família. Ela sentia o coração aquecido toda vez que as irmãs não se conformavam com o fato dele não só levar Giovanna lá mas estar completamente apaixonado e rendido por ela. Isso era bom.
A certeza do amor deles era a única coisa que restava.
Toda noite quando colocavam a cabeça no travesseiro se lembravam que ainda tinham três anos disso pela frente. E de repente, os futuros três anos traziam uma falta de ar terrível, um sentimento de angústia que não existia no relacionamento.
Raramente comentavam sobre Lilian.
Giovanna nunca tinha verbalizado as preocupações da mãe, mas ela também não precisava fazer isso.
Nero sabia muito bem, exatamente, quais eram estas.As coisas se intensificavam toda vez que ele ouvia os colegas de classe dando em cima dela, convidando para festas.
No topo do bolo tinha também a sensação de não estar permitindo com que ela vivesse a própria vida. Como se a estivesse privando da diversão, do impacto que a faculdade tem na vida de uma pessoa.
A bebedeira, a jogatina, as baladas e as inconsequências.
Era quase como se ele estivesse apressando ela a se casar, mesmo que estivessem longe de estarem casados.
Quando Thiago se aproximou dela, ele logo se afastou. Já conhecia as brincadeirinhas dele de trás para frente. Eram coisas repetitivas.
Sempre a provocava por nunca aparecer com o namorado, não postar fotos no instagram, e sempre a convidava para sair, comentando sobre o namorado dela ser um otario por deixá-la sozinha em Curitiba, dizendo que ele jamais faria o mesmo e iria mostrar isso para ela.
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the tortured poets departament
RomanceNo meio do caminho, tinha uma pedra tinha uma pedra no meio do caminho. tinha uma pedra no meio do caminho tinha uma pedra Nunca me esquecerei desse acontecimento na vida de minhas retinas tão fatigadas Nunca me esquecerei que no meio do caminho...