aquele abraço - gilberto gil

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Ele estava de braços cruzados observando a vista

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Ele estava de braços cruzados observando a vista.
Giovanna o abraçou por trás, dando um cheirinho em seu pescoço. O perfume dele era sua coisa favorita no mundo.

— Se você me disser que não gostou eu te devolvo pra Curitiba. — Ela brincou.

Ele riu baixo, pegando as mãos dela que estavam enlaçadas através das costas dele, pelo pescoço.

Deu um beijo na mão direita dela, que tinha os dois anéis que ele tinha comprado.

Num belo dia antes da viagem ela entrou em sala de aula normalmente. Eles ainda não lidavam bem em público, mas ela fez questão de ir até a mesa dele apontando um parágrafo qualquer do artigo que ele tinha impresso e dado uma cópia para cada aluno.

Ela nunca iria esquecer do sorrisinho bobo que surgiu no rosto dele e a forma como ele tentava ficar sério era só uma explicação qualquer pra pergunta banal e burra que ela tinha feito.

Era o jeito deles. Os detalhes eram o que tornavam tudo especial, e ele não teria como pedir por um jeito melhor pra notar que ela estava usando os anéis, assim como ele.

Era uma amenidade, isso era verdade.
Mas mostrava comprometimento e entrega.
E, no caso, os anéis eram tudo que eles poderiam ter, já que não poderiam contar a ninguém.
Então significavam muita coisa para ele.

— Não gostar disso tudo é loucura. A vista é maravilhosa. Mas eu acho que poderia ficar melhor.

Ela revirou os olhos, bravinha. Ele adorava ela assim.

— Alexandre, não tem como o Rio de Janeiro melhorar.  É o lugar perfeito!

— Tem sim, quer ver?

Ele se virou de frente para ela, segurando sua mão. Levou Giovanna até a vista, e a deixou ali. de costas para a praia, de frente para ele.

— Perfeito. Agora sim, a maior maravilha do mundo. — Ele cruzou os braços de novo na posição contemplativa de sempre. — Agora eu moraria aqui pra sempre.

Ela se derreteu e abriu um sorriso enorme, desviando o olhar e encarando o chão. Ela ria timidamente quando se jogou nos braços dele, o abraçando e enchendo de beijos.

— Você não existe. — Ela murmurou.

Ele achava graça de todas as vezes que aquele mulherão ficava assim por causa dele. Mais engraçado ainda era o fato de que ela ainda ficava assim, mesmo que já estivessem juntos. Ele achava que a timidez fosse coisa do pré-relacionamento, mas algo lhe dizia que mesmo quando se casassem e tivessem filhos juntos, ela continuaria ficando assim com os atos de carinho dele.

— E você é a mulher mais linda do mundo, a culpa não é minha. — Ele murmurou, encostando a testa a dela. — Qual a programação de hoje?

Ela abriu um sorriso enorme, animada.

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