toothbrush - DNCE

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Alexandre recebeu várias ligações dela naquela noite de sexta. Estava de pijama, debaixo do cobertor.

Quando atendeu, ouviu o barulho irritante ao fundo. Ela não parecia normal. E ele já sabia disso, afinal tinha visto os stories dela.

— Não é porque eu terminei com você que você pode já estar namorando com outra pessoa que fica tirando foto de você pelado, seu idiota! Você é meu! — Ela falava bêbada ao telefone.

A voz estava extremamente mole.
Ela tinha passado do ponto.
Em algumas noites eles eventualmente tomavam uma garrafa de vinho ou duas.
Ela nunca passava da fase alegrinha ou com tesão, porque sabia seu limite.

Mas hoje, era evidente que ela estava a ponto de vomitar de tão bêbada.

— E você acha mesmo que agora é a melhor hora pra gente discutir isso? — Ele falou ao telefone. — Você contou pra alguém aí pra quem você estava ligando?

— Pro meu ex namorado, ué! — Ela falou de uma vez. — Que eu amo tanto com meu coração todinho inteirinho. — Ela falou mole.

— Ok, chega. Você não está bem. Eu estou indo te buscar. Você ta no bar que aquele garoto comentou? Perto da faculdade?

— Você não pode vir aqui. — Ela rejeitou a ideia mais do que imediatamente. — E eu não posso ir pra sua casa. Não pode! Tudo isso! Não pode!

Ela ficava repetindo isso, em looping.

— Você ta com medo dos alunos me reconhecerem? Eu vou com o carro da Ana. Eu paro do outro lado da rua. Você consegue atravessar a rua?

— Eu consigo fazer o que eu quiser! — Ela brigava sozinha.

Ele sentiu vontade de rir, e passou a mão pela barba, tentando ficar sério.

— Pera, eu vou beber mais. — Ela anunciou ao telefone.

— Não ouse tocar em outro copo de bebida, Giovanna. — Ele avisou, irritado.

— Uiiiii. Ui, olha ele. Você também fala assim com sua namorada nova que tira foto de você pelado ou só fala assim comigo?

Alexandre respirou fundo.

— Não tem nova namorada, Giovanna. O marido da Ana quem tirou a foto, me zoando.

— Não tem brincadeira nenhuma ali não, você ta muito goixxxxxtoso.

Ele estava já perto de onde ela supostamente estaria.

— Ta vendo o carro branco do outro lado da rua? — Ele disse ao telefone, dando farol.

— Aham. Que carrão bonito né? — Ela elogiou. — Ué. Tu também ta vendo?

Alexandre viu como ela mal conseguia parar em pé com o telefone em mãos.

— Atrevssa a rua e entra no carro. Sou eu.

— Você trocou de carro? — Ela parecia confusa.

— Não. Entra nele, que eu te explico de novo que o carro é da Ana. — Ele riu.

— Ta bem. Eu vou embora gente, meu uber chegou. Mas eu vou com a bebida. Não, não tem problema, eu devolvo o copo outro dia. Tchau! — Ele ouvia ela falando e se despedindo.

Ouviu também quando Cauã tentou beijar Giovanna, e ela recusou se esquivando. Ele conseguiu assistir tudo do espelho retrovisor, infelizmente.

Quando Giovanna entrou no carro, ele acelerou. Queria tirar a garota dali o mais rápido possível.

— Você ta de pijama. — Ela estranhou, confusa.

the tortured poets departamentOnde histórias criam vida. Descubra agora