Ela ouviu alguém batendo na porta. Estranhou, porque não esperava ninguém. Iria aproveitar a noite de sexta para descansar, estava exausta pela quantidade de trabalho que estava recebendo.
Ela abriu a porta, esperando que fosse alguém batendo no andar errado. Se assustou ao vê-lo em sua porta.
— Você tá maluco? — Ela olhou ao redor, para ver se havia alguém ali. Encarou a câmera de segurança por um segundo e sentiu ter perdido o jogo imediatamente.
— A gente precisa conversar. — Alexandre entrou no apartamento dela contra a vontade dela.
Ela deixou a porta aberta.
— Alexandre, sai daqui. Agora, rápido.
— Tá esperando alguém?
— O Bruno deve estar chegando, eu marquei com ele às oito.
— Ótimo, chama ele pra participar da conversa também. Eu não vou a lugar nenhum.
Ele olhou o relógio. Já eram 20:13.
Ela passou as mãos pelo rosto, indignada.
Tudo bem, fingiria que estava fazendo algum tipo de orientação. Reunião relâmpago.Mas as câmeras tinham de fato capturado ela abrindo a porta de camisola. Merda, explicar essa seria difícil.
— Eu não aguento mais isso. — Ele passou a falar num tom de voz alto. Cansado. Como se nada fizesse sentido, como se ela tivesse feito com que ele ficasse maluco.
Bom, ela tinha.
— Primeiro você quer, depois você não quer. Me ama, depois ama o garoto da universidade. Transa, se arrepende. Falou um monte de atrocidades enquanto estava bêbada.. Eu não entendi nada. Esperei você melhorar, ficar mais consciente. Eu não queria ficar com você, mas você insistiu. E aí você me diz que eu forcei as coisas? O que tá acontecendo com você e o que você fez com a Giovanna por quem eu me apaixonei? Eu mal consigo te reconhecer a essa altura do campeonato.
Essa ela tinha sentido no fundo de sua alma.
— Sua disposição de conversar sobre qualquer coisas me surpreende.
— Isso não foi qualquer coisa, garota. — Ele chamou a atenção dela. — Não foi qualquer coisa quando eu te apresentei pras minhas irmãs. Quando eu planejei abrir mão da minha carreira pra estar com você. Não foi qualquer coisa quando você, no meu colo, me pediu em casamento e disse que isso resolveria tudo. Que ser minha mulher era a resposta.
Ele falava objetivamente e gesticulava apontando para sabe-se Deus onde. Giovanna engoliu a seco e encarou o chão, cruzando os braços.
— Não é "qualquer coisa" se meus sobrinhos te chamam de tia. Se você morou comigo por aqueles meses, se vivemos o namoro que vivemos por tanto tempo. Você não pode acordar um belo dia achando que tudo isso não significa nada, ir embora, continuar vindo atrás de mim e depois fazer com que eu me sinta um nada. Um lixo. Um lunático por achar que todas as suas palavras significavam alguma coisa. Você faz jornalismo, Giovanna. Você sabe o quanto cada palavra significa, e depois quer me fazer acreditar que as usa sem compromisso? Que tanto faz como tanto fez o que me disse?
VOCÊ ESTÁ LENDO
the tortured poets departament
RomanceNo meio do caminho, tinha uma pedra tinha uma pedra no meio do caminho. tinha uma pedra no meio do caminho tinha uma pedra Nunca me esquecerei desse acontecimento na vida de minhas retinas tão fatigadas Nunca me esquecerei que no meio do caminho...