As alterações no monitoramento mostravam o bebê fraco. As chances dele acabar vencendo eram quase nulas.
— Eu não acho que falar disso pra ela agora seja a melhor solução. — Alexandre conversava com os médicos no corredor. Estava sério 24 horas, o que mostrava que o brilho e a alegria de viver tinham ido embora junto com aquele acidente. — Mesmo que a gente perca o bebê eu queria muito pedir que vocês esperassem ela se recuperar. Eu mesmo conto. — Ele implorou.
— Entendo o pedido mas esse tipo de decisão é algo que o time médico deve escolher no fim das contas..
— E eu entendo. Mas considere o que eu estou dizendo, ela nem sabia que estava grávida. Existe uma montanha russa emocional nesse acidente, temos certeza que não foi sem querer. Descobrir que está grávida e que está a ponto de perder nosso bebê vai deixar ela.. Desolada. Ela precisa se recuperar primeiro.
O médico suspirou.
Alexandre olhou para dentro do quadro e a viu imóvel.
— Ela não deveria ter acordado?
— Os sedativos foram fortes demais. Cada um reage de um jeito. Nela, bateu forte.
Alexandre parecia pilhado. Sua postura estava pilhada.
— Por que o senhor não vai tomar um chá? Chama outro familiar pra ficar com ela, reveza.. Vai pra casa tomar um banho.
O que foi sugerido entrou por um ouvido e saiu pelo outro.
— Obrigado, doutor. Espero que o senhor tenha conseguido entender meu pedido em relação ao nosso bebê. — Ele estava com os olhos cheios de lágrima quando resolveu voltar para dentro do quarto.
Pegou o celular tempo o suficiente para avisar os familiares e amigos que não havia tido nenhuma novidade, porque ela não tinha despertado. Alexandre deixou o celular de lado e lavou as mãos, utilizando álcool em gel. Se aproximou dela, observando mais um vez o corpo todo machucado.
Levantou brevemente a camisola hospitalar. O corpo dela estava roxo, tinha marcas de sangue pisado por todo o lugar. Pomada por cima das áreas arranhadas pela colisão, pelo vidro do carro estilhaçado que tinha machucado sua pele.
Alexandre sentia dor física em vê-la assim. Tão jovem. Tão cheia de saúde. Tão linda.
O pensamento de que ela podia ter morrido ali não escapava seus pensamentos. De que se não fosse por aquele acidente, eles eventualmente descobriria a gravidez uma vez que a menstruação dela atrasasse. As coisas seriam diferentes.
Ele descansou a mão na barriga dela, ouvindo o barulhinho das máquinas que acompanhavam os sinais vitais dela e do bebê.
Eles realmente tinham feito isso juntos.
Alexandre nunca tinha sentido tanto medo em sua vida como sentia naquele momento. Era como se o mundo estivesse prestes a desabar se algo acontecesse com algum deles dois. E ele era o único que estava ileso, assistindo de fora. Esperando.
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the tortured poets departament
RomanceNo meio do caminho, tinha uma pedra tinha uma pedra no meio do caminho. tinha uma pedra no meio do caminho tinha uma pedra Nunca me esquecerei desse acontecimento na vida de minhas retinas tão fatigadas Nunca me esquecerei que no meio do caminho...