Capitulo III

555 81 6
                                    


Desde o término de S/n com Mariane, algo curioso começou a acontecer entre S/n e Carol. Elas estavam mais próximas, mesmo que jamais admitissem isso em voz alta. Continuavam trocando farpas, mantendo as provocações e as brincadeiras ácidas, como se fosse uma tradição que nenhuma das duas estivesse disposta a abandonar. No entanto, havia algo diferente entre elas. Estavam mais alinhadas, mais coesas. Era como se, por trás das palavras afiadas, houvesse uma base de respeito e cuidado crescendo lentamente.

Os dias se passaram, seguidos pelas semanas e pelos meses. Nesse tempo, o vínculo delas, embora ainda distante e camuflado pelas provocações, começou a se solidificar de uma maneira inesperada. O cuidado, a consideração, e até mesmo o carinho, estavam ali, crescendo nas entrelinhas dos olhares que trocavam e das brigas que travavam.

Um desses momentos ocorreu num dia especialmente difícil para S/n. Ela apareceu para o treino visivelmente mal, com olheiras fundas, febril e uma disposição quase inexistente. O nariz vermelho, a voz rouca e a insistência de que "estava bem" deixaram Carol à beira de perder a paciência.

S/n: Eu tô ótima! Não preciso ir pra casa — disse com a voz falhando.

Carol: Você quer treinar nesse estado? Tá maluca? Se você cair no meio do treino, eu que vou ter que te levar arrastada pra casa.

S/n: Não preciso de babá.

O cansaço era evidente, mas ela continuava tentando manter sua pose.

As duas discutiram por longos minutos até que Carol, à beira de perder o controle, praticamente empurrou S/n para fora do ginásio.

Carol: Vai pra casa ou eu juro que vou te derrubar aqui mesmo!

No fim, foi Carol quem venceu aquela batalha, mas a preocupação em seus olhos era óbvia, mesmo que mascarada por palavras duras.

Porém, não foi a única vez que as preocupações se revelaram de maneiras inesperadas. Um outro episódio marcante aconteceu quando foi a vez de Carol exagerar. Ela treinou tanto, por tanto tempo, que se esqueceu de comer. S/n a encontrou sem forças, rosto pálido e aérea. O pânico percorreu o corpo de S/n como um raio.

S/n: Eu não posso ficar fora por um dia que você quase se mata. Você é completamente irresponsável, sabia? Já não falei para não treinar excessivamente, Ana Carolina? Que inferno.

Carol, ainda recuperando as forças, apenas olhou para S/n com um sorriso cansado.

Carol: Isso que eu tô sentindo é preocupação?

S/n: Nem nos seus sonhos — retrucou, mas o brilho de preocupação em seus olhos entregava que suas palavras não correspondiam exatamente ao que sentia.

Esses dias eram apenas a ponta do iceberg. Pequenos gestos diários revelavam o cuidado crescente entre elas. S/n sempre avisava Carol para não esquecer as refeições antes de treinar; Carol, por sua vez, insistia para que S/n dormisse mais, especialmente em dias estressantes.

Havia discussões, sim, e as farpas continuavam a voar. Mas também havia um entendimento silencioso entre elas, uma conexão que ambas resistiam a admitir, mas que ficava cada vez mais óbvia. Elas estavam cuidando uma da outra à sua maneira, em um equilíbrio estranho de brigas e preocupação, de distância e proximidade.

Depois do treino de sexta-feira, as garotas estavam no vestiário, exaustas, mas animadas para o fim de semana. As garotas trocavam conversas animadas enquanto tiravam os uniformes e se preparavam para finalmente descansar.

Júlia B: Eu nem acredito que a gente vai ter o fim de semana livre — disse esticando os braços e suspirando de alívio.

Gabi: Nem me fale. Eu já tenho planos de não sair da piscina o fim de semana inteiro.

Imagines VôleiOnde histórias criam vida. Descubra agora