A tarde avançava lentamente, iluminada pela luz suave que filtrava pelas janelas altas da antiga mansão. O cheiro de ervas e especiarias flutuava do que parecia ser a cozinha, onde Petal e Mei estavam concentradas em algum projeto misterioso. O murmúrio das conversas e o som ocasional de risadas preenchiam os corredores, enquanto Marcus e Ellie treinavam os wolfkins no quintal.Rebeca observava a cena a partir de uma janela, seu coração se aquecendo com a ideia de fazer parte daquele mundo peculiar. Mas à medida que o sol começava a se pôr, uma sensação de inquietação começou a invadi-la. Ela percebeu que, apesar de estar cercada por tantas pessoas, havia uma parte de sua vida que ainda não havia compartilhado com ninguém ali.
"Eu não avisei minha família onde estou," pensou, sentindo um frio na barriga. "Preciso me certificar de que eles saibam que estou bem."
Ela decidiu que precisava de um celular. Um rápido levantamento da mão e um pedido a Petal sobre um dispositivo de comunicação levaram a uma conversa que rapidamente virou um assunto mais sério.
- Petal, você pode me ajudar a pegar um celular? Preciso entrar em contato com a minha família, - pediu Rebeca, olhando para a bruxa com expectativa.
Petal hesitou um momento, os olhos se estreitando enquanto ela ponderava a resposta.
- Eu não sei se isso é uma boa ideia, Rebeca. A comunicação com o mundo exterior pode ser complicada. Nossos inimigos sempre estão à espreita. - O tom de Petal era sério, refletindo a gravidade da situação.
- Mas eu preciso avisá-los! - insistiu Rebeca, a urgência na voz crescendo.
Viktor, que até então observava a cena de uma distância, se aproximou e interveio.
- Você não pode simplesmente voltar a essa vida como se nada tivesse acontecido. O seu emprego e sua antiga casa estão longe de serem seguros. Você não faz ideia dos perigos que existem fora do nosso território, - disse ele, com uma expressão sombria.
Rebeca franziu a testa, tentando processar a informação. A vida que conhecia agora parecia uma memória distante, mas havia uma parte dela que ainda queria manter os laços com sua antiga vida.
- O que você quer dizer com isso? - perguntou, sua curiosidade se transformando em apreensão.
Mei, que estava próximo, lançou um olhar desconfiado a Rebeca.
- Sua casa e seu emprego estão muito longe da proteção que este clã oferece. E se algo acontecesse enquanto você estivesse lá fora? Não podemos arriscar sua segurança. Lembre-se de que agora sua vida está ligada à vida do Viktor.
Rebeca sentiu um nó se formar em seu estômago ao considerar a realidade de sua situação.
- Então, o que vocês estão dizendo é que eu não posso voltar para casa? - perguntou, a incredulidade se misturando à dor.
- Precisamos garantir que você esteja a salvo, Rebeca, - Viktor respondeu. - O que podemos fazer é organizar sua mudança para cá. É o melhor para todos.
Rebeca respirou fundo, a ideia de deixar tudo para trás começando a se concretizar em sua mente. A resistência interna que sentia contra essa mudança lentamente se dissipou ao perceber a lógica nas palavras deles.
- E quanto ao meu trabalho? Eu não posso simplesmente pedir demissão. - Sua voz vacilou, refletindo a luta interna.
Ellie, que estava por perto, se aproximou e apoiou uma mão reconfortante em seu ombro.
- O que você precisa entender, Rebeca, é que o que está acontecendo agora é muito mais importante. Seu trabalho não vale o risco que você está correndo. Além do mais, você é jornalista, certo? Não pode trabalhar de casa?
Rebeca olhou para Ellie, pensando na possibilidade. Ela havia feito trabalho remoto antes, mas a estrutura que havia criado com seu chefe e seus colegas parecia fundamental.
- Sim, mas... - começou ela, hesitante.
Viktor interrompeu, percebendo a dúvida em sua expressão.
- O que estamos tentando dizer, Rebeca, é que sua segurança deve ser a prioridade. Se você puder trabalhar de casa, isso pode facilitar sua transição.
- Então, como vamos fazer isso? - perguntou ela, sua voz mais calma.
Viktor se virou e começou a traçar um plano.
- Amanhã, vamos buscar seus pertences. E depois disso, será hora de entrar em contato com seu empregador.
Rebeca assentiu, um misto de gratidão e incerteza crescendo dentro dela.
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Marked by Shadow
FantasiaApós ouvir rumores sobre um bar misterioso onde as sombras da sociedade se reúnem, a destemida jornalista Rebeca segue sua curiosidade até o coração do French Quarter, em Nova Orleans. Lá, ela cruza o caminho de Viktor, um vampiro enigmático com uma...