43- aniversário do Dante: 22 anos e 0 relacionamentos

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A luz do sol se punha lentamente, tingindo o céu de um dourado suave enquanto o piquenique se desenrolava. O aroma do bolo de chocolate que Petal havia trazido pairava no ar, misturado ao frescor da grama. A atmosfera estava repleta de risadas e conversas animadas, até que chegou o momento de cantar os parabéns.

Marcus, sempre o palhaço do grupo, levantou-se e começou a entoar a canção em uma versão exagerada e engraçada, fazendo gestos dramáticos. Dante, que estava ao seu lado, logo se juntou ao canto, mas quando todos os olhares se voltaram para ele, a timidez tomou conta. Com as bochechas coradas, ele hesitou e começou a cantar mais baixo, desviando o olhar para o chão, enquanto o resto do grupo se divertia.

— Olha o Dante se encolhendo! — brincou Mei, rindo e fazendo uma careta engraçada.

A atmosfera leve e divertida fez com que Dante se sentisse ainda mais envergonhado, enquanto todos riam e o incentivavam a cantar mais alto.

— Não se esconda, Dante! — Petal disse, rindo. — Você precisa mostrar seu talento!

— Está bem, está bem! — Dante respondeu, levantando as mãos em rendição, mas não conseguiu evitar um sorriso tímido.

Após a canção, com algumas palmas e risadas ecoando na clareira, Rebeca, tomada pela curiosidade  decidiu perguntar o que estava em sua mente há algum tempo.

— Como vocês se conheceram? — ela perguntou, olhando para o grupo, curiosa e esperando respostas.

Mei não perdeu tempo e, com um sorriso travesso, lançou-se à frente.

— Começa por mim, eu sou mais importante — declarou, piscando para Rebeca.

— Ah, é mesmo? — Viktor riu, claramente divertido. — Então, vou contar um segredinho sobre como conheci a ilustre Mei…

— Nem pense nisso! — Mei exclamou, fingindo indignação enquanto tentava esconder um sorriso.

Viktor recostou-se, os olhos brilhando com a lembrança, e começou com o tom de quem vai contar uma grande história.

— Foi lá na França, há muito tempo, numa festa da alta sociedade vampírica. Eu e Petal éramos crianças,bom tecnicamente crianças. Meus pais, que eram os líderes do clã, nos levaram para essa festa, um evento cheio de pompa, uma coisa de elite mesmo — ele riu ao dizer, visivelmente debochando da formalidade daquele tempo.

— E eu só queria uma desculpa pra escapar — Petal continuou, revirando os olhos. — Aquela festa estava cheia de perguntas incômodas sobre minha família, e eu queria um canto sossegado, longe dos olhos de todo mundo

— E então, quem eu encontro vagando pelo jardim? — Viktor sorriu para Rebeca, com um ar conspirador. — Uma menina atrevida que não devia ter mais que nove anos… Mei!

— Ei! Eu estava só… curiosa, sabe? — Mei defendeu-se, rindo. — Nunca tinha visto uma bruxa de verdade antes. E o Viktor... bom, digamos que ele era bem confiante.

Petal deu uma risadinha.

— Nem me fale! Ele andava com um ar superior, achando que podia ser o herdeiro perfeito e ao mesmo tempo fugir das responsabilidades — ela lançou um olhar cúmplice a Viktor.

— Fato é que, naquele jardim, fizemos um trato de amizade — Viktor concluiu, sorrindo. — Mei nunca mais desgrudou de nós, e uns séculos depois, ela resolveu sair da Coreia e vir para a América.

Mei riu, olhando para ele.

— E quem diria que você faria algo tão revolucionário como misturar espécies no clã?

— Eu sempre acreditei que seríamos mais fortes com essa diversidade — Viktor disse, orgulhoso

Rebeca sorriu, encantada com a história e curiosa sobre o restante do grupo.

— E vocês outros? Como se juntaram?

Viktor deu um olhar significativo para Petal antes de continuar.

— A história do quarteto wolfkin é um pouco mais… acidentada. Pouco tempo depois que assumi a liderança, Petal resolveu caçar ervas medicinais em um território que, para nossa surpresa, pertencia a uma matilha.

Petal ergueu as mãos, inocente.

— Eu juro que não sabia...

— Bem, enquanto eu procurava por ela, acabei me deparando com uma cena tensa: quatro wolfkins cercados pela matilha local. Estavam em meio a uma discussão por causa de território.

Ellie riu suavemente, olhando para Dante e Finn.

— Ah, aqueles dias… nossa vida não era tão calma. Eu, Dante, Finn e Marcus já formávamos nossa própria “família” de lobos muito antes de toparmos com Viktor. Cuidávamos uns dos outros, e na época, tudo girava em torno de manter a matilha unida e protegida — ela disse, a voz carregada de lembranças. — Um vampiro não era exatamente o que esperávamos encontrar.

Marcus, sempre brincalhão, interrompeu.

— "Não esperávamos" é pouco, Ellie. Eu pensei que aquele vampiro fosse acabar conosco. Quero dizer, era a primeira vez que eu via um vampiro se aproximar, ainda mais um com a arrogância que Viktor demonstrava.

Dante assentiu, um sorriso leve no rosto.

— E o jeito como ele lidou com a situação… lembro de estar esperando o pior, mas Viktor nos surpreendeu. Ele negociou, nos ouviu, como se realmente respeitasse nossa posição. Não era algo que esperávamos de um vampiro.

Finn se inclinou, olhando para Rebeca.

— Para nós, Viktor apareceu como alguém disposto a aceitar nossa maneira de ser, e isso não era comum. A maioria dos vampiros evitava ou enfrentava os wolfkins, mas ele queria algo além das disputas de território.

Viktor riu, com um olhar de quem reconhecia as lembranças compartilhadas.

— O crédito não é só meu. Vocês também tinham uma lealdade impressionante. Qualquer um podia ver que eram mais que uma matilha. E era isso que eu buscava para o clã

Ellie assentiu, com um ar mais sério.

— Tivemos nossas dificuldades, não foi fácil essa integração, mas com o tempo construímos nossa família

O sol já havia desaparecido, e a noite começava a cair na clareira, envolta em estrelas que iluminavam levemente os rostos deles. O ar parecia mais ameno, e as risadas e memórias compartilhadas deixavam o ambiente ainda mais acolhedor.

— Vocês são uma verdadeira mistura — ela comentou, sorrindo com afeto

E ali, sob o céu estrelado, Rebeca sentiu que estava no lugar certo.

Marked by ShadowOnde histórias criam vida. Descubra agora