10- Sobrevivendo a nova vida: o manual do caos

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À medida que a noite se aprofundava, a mansão antiga ganhava um novo aspecto sob a luz da lua. As sombras dançavam nas paredes enquanto Rebeca fazia o caminho de volta do jantar, acompanhada por Ellie. O ambiente, que antes parecia acolhedor, agora parecia envolto em mistério e um toque de sombreamento que a deixava levemente nervosa.

Os corredores eram adornados com tapeçarias antigas que pareciam contar histórias de épocas passadas, cada uma delas capturando os olhares de Rebeca. As lâmpadas a gás, com suas chamas tremeluzentes, projetavam silhuetas que pareciam se mover em perfeita sincronia com seus próprios passos. Ela não conseguia deixar de se perguntar sobre os habitantes da casa que haviam vivido ali antes, sentindo que a mansão guardava segredos que apenas aguardavam para serem revelados.

- Este lugar é... diferente à noite, - comentou Rebeca, olhando ao redor com um misto de fascínio e temor. - É quase como se a casa estivesse viva.

Ellie sorriu, percebendo a inquietação de Rebeca.

- É verdade. Há uma energia aqui que é difícil de explicar. Mas não se preocupe, você se acostumará. Depois de um tempo, você vai perceber que, apesar de sua aparência sombria, a mansão é um lugar seguro para nós.

Rebeca assentiu, embora a sensação de insegurança ainda a acompanhasse. À medida que se aproximavam de um conjunto de escadas, Ellie fez uma pausa.

- Eu não vi muito do Viktor hoje à noite. Ele estava tão ocupado - Rebeca comentou, a voz um pouco mais baixa, corando ao lembrar do vampiro. - Ele parece tão... intenso.

Ellie riu levemente, entendendo a timidez da nova integrante do clã.

- Ah, o Viktor. Como líder, ele tem muitas responsabilidades. Acontece que ele está sempre envolvido em reuniões ou planejamentos. O que às vezes parece que ele está distante, mas ele se importa com todos nós, - explicou Ellie, sua expressão suavizando ao falar de Viktor. - Ele também deve estar curioso sobre você, já que foi o motivo de você estar aqui.

Rebeca percebeu que seu coração acelerava um pouco ao pensar em Viktor. O jeito como ele a olhou durante o jantar, sua voz suave e firme, a fazia sentir um misto de nervosismo e curiosidade.

- Eu entendo... - disse ela, tentando esconder sua ansiedade. - É apenas que... eu pensei que, sendo parte disso tudo, eu teria mais oportunidades de conhecê-lo.

Ellie sorriu, piscando para Rebeca.

- Não se preocupe. Ele não é tão inalcançável quanto parece. Às vezes, tudo o que você precisa fazer é se aproximar. Pode ser que ele também esteja curioso sobre você.

As palavras de Ellie trouxeram um conforto inesperado a Rebeca, fazendo-a sentir-se um pouco mais confiante sobre seu lugar naquele novo mundo. Elas continuaram subindo as escadas, passando por portas fechadas que levavam a quartos e salas, cada uma delas impregnada com uma história que só a mansão conhecia.

Quando finalmente chegaram ao quarto de Rebeca, Ellie abriu a porta com um gesto teatral.

- Este é o seu santuário. Você pode decorar do jeito que quiser. Espero que se sinta em casa aqui, - disse ela, gesticulando amplamente.

Rebeca entrou, deixando que a luz suave da lâmpada a gás iluminasse o espaço. As paredes eram de um azul profundo, com detalhes dourados que capturavam a luz de maneira intrigante. A cama era grande e confortável, coberta por um edredom de tecido macio.

- É lindo! - exclamou Rebeca, admirando o ambiente. Ela sentiu uma onda de satisfação ao se ver ali, pela primeira vez sentindo que podia realmente ser parte daquele mundo.

- Você vai se acostumar, - disse Ellie, seu olhar divertido se transformando em um sorriso mais sério. - E se precisar de qualquer coisa, meu quarto é ali do lado.

Rebeca sorriu de volta, um misto de gratidão e expectativa crescendo dentro dela. A noite ainda era jovem, e a mansão, com todos os seus mistérios, parecia prometer que sua nova vida seria cheia de surpresas.

- Obrigada, Ellie. - disse Rebeca, sentindo que, apesar das incertezas, algo dentro dela estava começando a se ajustar.

Ellie deu um leve aceno com a cabeça e se despediu, deixando Rebeca sozinha em seu novo espaço. Assim que a porta se fechou, Rebeca se virou para observar o quarto mais de perto. As paredes eram de um azul profundo, adornadas com detalhes dourados que capturavam a luz suave da lâmpada a gás, criando um ambiente acolhedor. O edredom da cama era macio e convidativo, com um padrão de flores delicadas que parecia se mover levemente com a brisa que entrava pela janela entreaberta.

No canto, uma escrivaninha de madeira escura estava decorada com um pequeno vaso de flores. Uma estante de livros, repleta de volumes encadernados em couro, exibia uma coleção de histórias e conhecimentos que Rebeca mal podia esperar para explorar.

Ela caminhou até a estante, passando os dedos pelas lombadas dos livros, sentindo a textura sob as pontas dos dedos. Cada título parecia sussurrar promessas de aventuras. Rebeca sorriu para si mesma, imaginando como poderia mergulhar na leitura.

Quando finalmente se virou para a cama, a suavidade do edredom a atraía como um doce abraço. Ela se deitou, permitindo que a maciez a envolvesse. Os sons distantes da mansão eram um suave sussurro, como se a casa estivesse contando segredos para ela. A lua brilhava através da janela, iluminando o quarto com uma luz suave e prateada que dançava nas paredes.

Rebeca fechou os olhos, respirando fundo, deixando-se levar pelo conforto do lugar. O peso do dia começou a se dissipar, e sua mente vagou entre pensamentos sobre o clã, sobre Viktor e sobre tudo o que ainda estava por vir. A ansiedade que a acompanhava desde que chegou à mansão lentamente se transformou em uma expectativa tranquilizadora.

Enquanto seus pensamentos se tornavam mais vagos, uma sensação de paz a envolveu. O suave murmúrio do vento e o cheiro de madeira antiga e flores a embalavam, conduzindo-a para um sono profundo.

Marked by ShadowOnde histórias criam vida. Descubra agora