55 - papéis, missões e como não surtar

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Voltando para Jinn, enquanto os outros se dispersavam pela cidade, ele ainda estava em um beco estreito, onde o cheiro de mofo e o calor abafado da manhã de Nova Orleans o envolviam. Ele não se importava com o calor. A tarefa era simples, mas as implicações poderiam ser mais complexas do que ele imaginava.

O contato que ele procurava apareceu pouco depois, ainda mais reservado do que Jinn havia esperado. O homem entrou pela porta de ferro enferrujada e se aproximou silenciosamente da mesa onde Jinn o aguardava. O ambiente estava impregnado com o cheiro de tabaco, e a única luz era a tênue que entrava pelas janelas empoeiradas, iluminando a cena com um brilho amarelo sujo.

— Jinn — disse o homem, com um aceno de cabeça nervoso, antes de se sentar na mesa. Ele parecia exausto, os olhos furtivos, como se esperasse a qualquer momento ser descoberto.

Jinn não fez nenhum movimento, apenas o observava, mantendo a postura implacável de quem não estava ali para perder tempo. Sua missão era clara: coletar o que o contato tinha para oferecer, sem envolvimento emocional ou desvios.

O homem então puxou um envelope amassado de dentro de seu casaco e o colocou sobre a mesa com um suspiro, seus dedos trêmulos indicando o peso da situação.

— Aqui está oque você pediu — disse ele, baixando a voz. — Os documentos... eles estão comprometendo o clã. Não são apenas rumores. Alguns membros estão vendendo informações, coisas... internas, sobre nossas operações, sobre o que sabemos e o que estamos planejando.

Jinn estendeu a mão, pegando o envelope sem dizer uma palavra. Ele o abriu com precisão, seus olhos examinando as páginas rapidamente, absorvendo cada detalhe. O que estava ali era mais do que ele imaginava: registros, códigos e comunicações comprometedoras entre membros do clã, tudo apontando para uma traição que Jinn não tinha como ignorar. Ele sentiu a pressão em sua mente enquanto processava a informação. Esse não era apenas um problema de segurança, mas uma questão que poderia afetar o próprio futuro do clã.

Ele olhou novamente para o homem, que ainda estava à espera de alguma reação.

— Você tem mais alguma coisa para me dizer? — Jinn perguntou, a voz calma, mas carregada de uma tensão que o homem claramente percebeu.

O contato engoliu em seco antes de responder, hesitante.

— Isso é tudo que eu consegui, mas você precisa saber que tem outros por aí. Não é só um grupo. Isso é maior, muito maior do que você pensa. Eles têm aliados, contatos no submundo, e estão manipulando os outros membros do clã. Se você não agir rápido, pode ser tarde demais.

Jinn permaneceu em silêncio, absorvendo as palavras. Ele sabia que não poderia confiar completamente nas informações de um contato como esse, mas aquilo era demais para ser ignorado. Os traidores dentro do clã estavam mais próximos do que ele imaginava, e agora tinha provas.

— Vou levar isso de volta para a mansão — disse Jinn, guardando as provas com calma. — E você... não me faça voltar aqui por mais nada.

O homem parecia aliviado com a ordem direta, como se estivesse esperando por isso. Ele rapidamente se levantou, desaparecendo na penumbra do beco.

Jinn observou a porta fechar atrás dele, sentindo o peso das informações se acumulando em suas mãos. Ele não tinha tempo a perder com mais especulações. Com o envelope escondido debaixo da jaqueta, ele se dirigiu para a saída do beco, suas botas ressoando contra o concreto sujo enquanto a névoa do rio envolvia a cidade mais uma vez.

À medida que ele caminhava de volta para a mansão, seu pensamento estava focado em como levar aquilo a Viktor. A traição dentro do clã era um golpe profundo, algo que poderia desestabilizar tudo o que eles haviam construído. Mas Jinn sabia que, quando se tratava de Viktor, a resposta não seria rápida nem fácil. Ele teria que apresentar as provas, claro, mas o que viria depois dependeria da reação do líder. E Jinn não estava certo de como ele lidaria com isso.

Ao chegar à mansão, Jinn entrou silenciosamente, fazendo o mínimo de barulho possível. Ele se dirigiu diretamente para o escritório de Viktor, onde o líder do clã estava ocupado com outros assuntos. Jinn não perdeu tempo e deixou as provas sobre a mesa.

— Essas são as informações que você pediu — disse, sua voz profunda e controlada. — Tem membros do clã traindo a causa. Estão vendendo informações, e isso pode nos prejudicar se não tomarmos uma atitude rápida.

Viktor olhou para os papéis, seu rosto impassível enquanto examinava o conteúdo. Jinn aguardou em silêncio, sabendo que o líder tomaria as decisões a partir dali. Era uma questão de tempo até as coisas explodirem, e Jinn sabia que a verdadeira batalha estava apenas começando.

Mas, por enquanto, ele havia cumprido sua parte.

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⏰ Última atualização: Nov 10 ⏰

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Marked by ShadowOnde histórias criam vida. Descubra agora