Marked by Shadow

13- Sobrevivendo a nova vida: o manual do caos

Ao se acomodarem no veículo, a tensão ainda era palpável. Mei observou Petal com um olhar de preocupação, enquanto Rebeca ajustava os cabelos ruivos que caíam sobre seus ombros.

- Você sabe que ele só estava tentando provocar você, certo? - disse Mei, tentando aliviar a situação enquanto se ajeitava no banco.

- Não importa! - Petal respondeu, batendo levemente a mão no volante. - Eu não entendo por que alguns wolfkins acham que podem sair impunemente com esse tipo de coisa. Isso não é aceitável.

Rebeca se virou para olhar pela janela, o movimento das árvores passando rapidamente a fazendo sentir-se um pouco mais conectada à realidade.

- Eu entendo que isso deve ser frustrante. Mas, no fundo, ele é só um idiota - disse Rebeca, tentando soar encorajadora. - Não deixe que pessoas assim te atinjam.

Petal sorriu de forma relutante, mas um brilho de gratidão iluminou seus olhos.

- Obrigada, Rebeca. Eu só quero me sentir à vontade aqui. - Ela pegou o volante com firmeza, e a conversa começou a fluir para um tom mais leve.

Mei, percebendo a mudança no clima, decidiu mudar de assunto.

- Então, o que vocês acham de um sorvete depois? Isso sempre ajuda. - A energia de Mei era contagiante, e Rebeca não pôde evitar sorrir.

- Eu topo! - respondeu Rebeca, sentindo-se um pouco mais leve. - O que você acha, Petal?

- Bem, não posso recusar um bom sorvete - Petal concordou, finalmente relaxando um pouco.

Enquanto dirigiam, Mei começou a falar sobre suas experiências, fazendo as duas rirem com histórias embaraçosas. O ambiente descontraído aliviou a tensão, e Rebeca começou a se sentir mais confortável entre elas.

Assim que chegaram à sorveteria, o aroma doce das casquinhas frescas e o som do liquidificador misturando sabores deixaram Rebeca animada. Elas entraram, o sino da porta tilintando suavemente.

- O que você vai pedir? - perguntou Mei, olhando o cardápio que estava atrás do balcão.

- Eu acho que vou querer algo com frutas. O que você acha, Petal? - Rebeca perguntou, tentando recuperar a leveza do momento.

Petal olhou para o cardápio, seu olhar interessado.

- Eu estou pensando em um sorvete de chocolate. O que poderia ser melhor ?

- A combinação perfeita, - Mei brincou, fazendo uma pose exagerada. - Frutas e chocolate! Essa é a nossa filosofia de vida.

Rebeca riu, seu cabelo ruivo balançando enquanto ela se movia animada. Assim que chegou a vez delas, fizeram seus pedidos. Com os sorvetes em mãos, elas encontraram um lugar ao ar livre, onde o sol iluminava o pequeno pátio da sorveteria.

- Então, você vai ficar bem? - Petal perguntou a Rebeca, a expressão dela revelando uma preocupação genuína.

- Sim, eu acho que sim. - Rebeca sorriu, segurando o sorvete e se permitindo aproveitar o momento. - Depois de tudo, é bom ter vocês aqui...até a Mei

As risadas e a conversa fluiram enquanto saboreavam o sorvete, a tensão do dia dissipando-se lentamente. Rebeca percebeu que, mesmo em um mundo tão estranho e novo, ela podia encontrar conforto nas amizades que estava formando.

Quando terminaram, Mei deu um gole em seu sorvete e olhou para Rebeca, seus olhos brilhando com uma faísca travessa.

- Agora que você já está conosco, precisa aprender a se defender desses wolfkins chatos - brincou Mei, com um sorriso provocador.

- Como você sabia que ele era um wolfkin? - Rebeca perguntou, curiosa.

Petal deu uma risadinha. - É pelo cheiro. Eles têm um odor característico, algo entre o couro e a terra. Você acaba se acostumando com isso.

- Sério? - Rebeca franziu a testa, intrigada. - Isso é meio estranho, mas fascinante.

- Acredite, é uma das poucas vantagens de ser bruxa. A gente percebe esses detalhes que os outros não notam - explicou Petal, com um toque de orgulho.

Rebeca riu, imaginando-se enfrentando os wolfkins com um sorvete como arma. Era um pensamento ridículo, mas pelo menos por um instante, as coisas pareciam mais leves. E, enquanto caminhavam de volta para o carro, Rebeca percebeu que, apesar de tudo, ela estava começando a se sentir parte de algo.