21- Como não se tornar um alvo movel : pausa para descansar e provocar a Mei

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Rebeca, tentando disfarçar a curiosidade, olhou para Mei, percebendo a ausência de qualquer menção sobre Petal. Afinal, mesmo com todas as provocações da vampira para a bruxo, ela e Mei eram quase inseparáveis, mas naquele dia, Petal não estava em lugar nenhum.

– E quanto à Petal? – perguntou Rebeca, fingindo desinteresse enquanto pegava um pedaço de pão. – Ela também está “ocupada” com alguma tarefa misteriosa?

Mei ergueu os olhos para ela, um sorriso enigmático se formando em seus lábios. Ela demorou alguns segundos antes de responder, como se ponderasse a resposta.

– Petal está… cuidando de um assunto importante – respondeu ela, com uma expressão que deixava claro que estava se divertindo ao manter o mistério. – Algo que apenas ela pode fazer, digamos assim.

Jinn ergueu uma sobrancelha, claramente intrigado.

– Assunto importante? Essa é nova – ele disse, inclinando-se um pouco sobre a mesa. – Desde quando a Petal tem segredos para nós?

Mei apenas deu de ombros, sem se aprofundar.

– Petal tem suas responsabilidades, como todos nós – respondeu ela, mantendo o tom enigmático. – Digamos que ela está trabalhando em algo que... fortalece nossa segurança. E é algo que, francamente, nenhum de vocês conseguiria entender.

Ellie revirou os olhos, mas parecia já acostumada com a atitude de Mei.

– Mei, você sabe que não precisa de tanto mistério para manter nossa atenção – comentou Ellie, com um sorriso divertido. – Mas bem, se Petal precisa de tempo, vamos confiar nela.

– Isso é verdade – concordou Jinn, com um aceno de cabeça. – De qualquer forma, se for algo realmente importante, é bom saber que Petal está cuidando disso.

Rebeca observou a expressão de Mei, notando o leve brilho em seus olhos sempre que falava da bruxa. Era como se ela quisesse manter a distância, mas ao mesmo tempo estivesse genuinamente preocupada, quase protetora, em relação à ela.

Ellie observava Mei com um sorriso travesso enquanto mastigava calmamente, aproveitando o momento para provocar.

– Sabe, Mei – ela começou, com o tom mais casual do mundo –, é engraçado como você só é um pouquinho mais… gentil com a Rebeca quando a Petal está por perto. Coincidência?

Mei arqueou uma sobrancelha, mantendo a postura impassível.

– Coincidência? Acho que você anda vendo coisas, Ellie – retrucou Mei, levantando o queixo levemente, mas era claro que ela já estava na defensiva.

Jinn entrou na conversa com um sorriso provocativo.

– Nada disso, Mei – disse ele, balançando a cabeça. – A gente já reparou, sim. Toda vez que Petal está por perto, você parece até mais… amigável com a Rebeca. Como se tentasse fazer amizade.

Mei soltou uma risada seca, sem qualquer intenção de dar razão a eles.

– Acho que vocês estão imaginando coisas, isso sim – replicou, cruzando os braços. – Trato todos do mesmo jeito. Só não lido muito bem com... presenças novas.

Rebeca, que observava a troca, sorriu de leve, sem saber ao certo como interpretar aquela dinâmica, mas intrigada. Parecia haver algo mais ali.

Ellie, no entanto, não deixou por menos.

– É só uma observação, Mei. Quem sabe Petal tem um dom especial para derreter corações gelados.

Mei olhou para Ellie com um olhar desafiador, mas em vez de responder de forma afiada, ela apenas deu um leve sorriso, sem se aprofundar mais no assunto.

– A Petal é uma exceção. Vamos deixar assim – murmurou ela, lançando um olhar furtivo e quase carinhoso ao mencionar o nome da bruxa.
O almoço seguiu em um clima descontraído, mas ainda pairava uma atmosfera de provocações leves, com Ellie e Jinn tentando, de maneira nada sutil, arrancar alguma reação de Mei. Para Rebeca, que ainda tentava encontrar seu lugar entre eles, era um pouco confuso – especialmente no que dizia respeito à vampira de personalidade afiada. As interações entre eles eram ao mesmo tempo intensas e cheias de um tipo de carinho que parecia apenas compreensível para aqueles que estavam acostumados com as idas e vindas da convivência no clã.

Mei, embora mantivesse seu ar distante e superior, parecia aceitar o humor provocativo deles. Em dado momento, Ellie lançou mais um olhar a Mei, como quem tem algo a dizer, e soltou:

– Sabe, Mei, se você continuasse tratando a Rebeca assim, o Viktor ia acabar acreditando que você é mais amiga dela do que está deixando transparecer.

Mei arqueou a sobrancelha e sorriu, inclinando-se levemente na direção de Ellie, seu tom quase cortante.

– E quem disse que eu me importo com o que Viktor pensa, Ellie? – Sua voz carregava um toque de ironia, mas havia também uma chama de desafio. – Na verdade, não sei por que vocês estão tão preocupados com o que eu penso da Rebeca.

Jinn riu, balançando a cabeça.

– Relaxa, Mei. Não precisa esconder – disse ele, gesticulando como se fosse óbvio. – Nós só estamos tentando… como posso dizer? Garantir que você dê uma chance pra ela. Afinal, Petal já deu, não é?

Rebeca sorriu, observando a dinâmica e tentando encontrar seu lugar nela. Ela sabia que o grupo estava tentando integrá-la, e ver que até mesmo Mei não estava totalmente imune àquelas brincadeiras era um pouco reconfortante. Finalmente, ela encontrou coragem para intervir.

– Olha, Mei, eu não espero que você seja minha melhor amiga do dia pra noite – comentou Rebeca, um toque de sinceridade em sua voz. – Mas, seja lá o que Petal vê em mim, acho que você pode confiar no julgamento dela, não?

Mei observou-a com uma expressão difícil de decifrar. Por um instante, o silêncio pairou entre elas, até que a vampira soltou um suspiro discreto.

– Petal costuma ver coisas onde ninguém mais vê – respondeu ela, de forma enigmática. – Quem sabe algum dia eu entenda o que é que ela viu em você.

Ellie trocou um olhar com Jinn, como se tivessem conquistado uma pequena vitória.

– Um passo de cada vez – murmurou Ellie com um sorriso, e Jinn acenou concordando.

Enquanto o almoço prosseguia, as conversas fluíram para outros assuntos, mas a leveza no ar era evidente. Rebeca se sentia um pouco mais integrada ao grupo, cada pequeno passo a aproximando de um entendimento maior sobre o clã e as relações que construíam entre si. Observava o olhar atento de Ellie, a postura protetora de Jinn e, de vez em quando, o jeito quase relutante de Mei.

Quando finalmente se preparavam para encerrar o almoço, Mei fez um último comentário, olhando diretamente para Rebeca, seu olhar frio suavizando-se apenas por um instante.

– Se você está aqui, Rebeca, então é porque Petal vê algo – disse ela, quase como uma promessa. – Mas isso não significa que vou tornar as coisas fáceis para você.

Rebeca sorriu, compreendendo o desafio velado.

– Nem eu esperava que fosse, Mei.

Marked by ShadowOnde histórias criam vida. Descubra agora