52 - papéis, missões e como não surtar

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Enquanto o silêncio da floresta se instalava novamente, com apenas o som suave do vento e os estalos das folhas secas quebrando a quietude, Dante e Petal mantiveram-se alertas. A batalha contra as sombras havia sido vencida, mas ambos sabiam que aquilo era apenas o começo. Algo maior estava por trás de tudo, e a missão que Viktor havia lhes designado ainda estava longe de ser cumprida.

— Preciso de um momento — Petal disse, fechando os olhos e respirando fundo, ainda recuperando a energia após o uso intenso de sua magia. Ela olhou para Dante, que estava atento, mas seus olhos estavam mais suaves, como se a luta interna para controlar o poder a tivesse deixado visivelmente cansada.

Dante observou o estado dela e sentiu uma onda de preocupação. Sabia que Petal era forte, mas também compreendia o peso que sua magia representava para ela. Ele também estava em alerta, pronto para agir a qualquer sinal de perigo, mas podia perceber que a tensão havia diminuído um pouco.

— Vamos descansar aqui por um momento, mas temos que manter os olhos abertos — ele murmurou, sua voz baixa e firme. Ele sentiu o cheiro do sangue que ainda pairava no ar e se manteve em guarda.

Petal assentiu e se sentou no chão, fechando os olhos para se concentrar e restaurar suas energias. Dante, no entanto, se manteve em pé, atento, seu olhar varrendo cada sombra da floresta ao redor. A transformação dentro de si estava prestes a acontecer, e ele podia sentir a força de seu lobo esperando para se libertar, como uma fera controlada pela vontade de proteger e caçar.

A tensão parecia ser mantida em uma fina camada de equilíbrio, uma corda tensa prestes a romper. Quando Petal abriu os olhos, ela olhou para ele, quase como se tivesse sentido a mudança iminente em Dante.

— Você está pronto, não é? — ela perguntou com uma leveza na voz, mas sabia que a situação exigia uma tomada de ação rápida.

Dante olhou para ela e então se agachou, seus músculos se contorcendo, como se estivessem se preparando para algo. Ele sentia sua natureza de lobo se tornando mais dominante, seu instinto de proteção chamando-o para agir de maneira mais primitiva.

— Estou sempre pronto. — A resposta foi breve, mas carregada de uma determinação silenciosa. E então, com um movimento rápido, ele se transformou.

O lobo grande apareceu diante de Petal, seu corpo escuro, com olhos dourados brilhando com uma intensidade feroz. A besta era poderosa e ágil, sua presença fazia o ar vibrar ao redor deles. A transformação não era nova para Petal, mas a via com uma certa admiração, conhecendo a força de Dante e a fúria contida que ele mantinha sob controle.

— Fique alerta, Petal. Se houver algo mais por aqui, vamos precisar de todo o poder. — A voz de Dante, agora baixa e grave, ecoava na mente de Petal enquanto ele se movia com agilidade e força, seus passos silenciados pela vegetação.

Petal, agora também em total sintonia com o ambiente, ergueu-se e fez um movimento com as mãos, conjurando uma magia de proteção ao redor de ambos. Ela não sabia o que poderia surgir, mas sentia uma energia crescente no ar, algo que os observava, esperando o momento certo para atacar.

E então, o som. Um som grave e arrastado veio das profundezas da floresta, um rugido distante que reverberou por entre as árvores, como um aviso. Petal se virou para Dante, seu olhar fixo.

— Não é bom. — Ela disse, com um tom sério.

Dante, com suas orelhas de lobo levantadas e o corpo pronto para agir, correu na direção do som. Petal o seguiu de perto, seus olhos captando os detalhes ao redor, detectando qualquer distúrbio na natureza. Eles não estavam sozinhos ali.

À medida que avançavam pela floresta, a presença ficou mais forte. Eles chegaram a uma clareira, onde uma enorme criatura se ergueu diante deles. A figura era grotesca, uma fusão distorcida de sombra e carne, uma manifestação de um poder sombrio, talvez criado ou corrompido por magia antiga. Ela era maior que qualquer lobo que Dante já havia enfrentado, mas ele sabia que não poderia recuar.

— Prepare-se — Petal disse, com um sorriso confiante apesar do perigo iminente.

Dante avançou primeiro, a força de sua mordida imensa e seu corpo ágil o tornando uma máquina de destruição. Ele atacou a criatura, desviando de seus golpes pesados enquanto desferia mordidas e arranhões, sua fúria incontrolável sendo dirigida contra a ameaça.

Petal conjurou feitiços de apoio, lançando rajadas de energia mágica que interferiam no movimento da criatura, enfraquecendo-a. A combinação de magia e força bruta de Dante era uma dupla imbatível. Eles trabalhavam como uma unidade, com Dante atacando de frente enquanto Petal usava seus feitiços para manipular o campo de batalha.

A luta parecia eterna, mas finalmente, após um golpe certeiro de Dante, a criatura desabou no chão, desaparecendo em uma névoa de escuridão.

Dante, ainda na forma de lobo, respirava pesadamente. A batalha estava ganha, mas ele sabia que ainda havia mais pela frente. A clareira estava silenciosa agora, mas uma sensação de tensão pairava no ar. Eles tinham vencido, mas o que os aguardava à frente era incerto.

Transformando-se de volta na sua forma humana, Dante se aproximou de Petal, que estava concentrada em se recuperar, mas ainda com os olhos atentos à floresta.

— Podemos continuar. — Dante disse, seu tom grave e cheio de respeito.

Petal assentiu, olhando para ele com um sorriso sutil.

— Sim, vamos.

Marked by ShadowOnde histórias criam vida. Descubra agora