8- A arte de sobrevivêr com estranhos: dicas de convivência forçada

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Enquanto o almoço prosseguia, o ambiente era preenchido por conversas animadas. Rebeca observava as interações entre os membros, absorvendo a atmosfera acolhedora, mas ainda havia uma dúvida ardente em sua mente.

- Espera um pouco, - começou ela, sua voz mais alta que o normal devido à empolgação. - E os vampiros?

Viktor, que estava sentado em um dos extremos da mesa, sorriu ao ouvir a pergunta. Ele se inclinou um pouco para frente, seus olhos escuros brilhando com interesse.

- Bem, os vampiros são um pouco mais complexos do que a maioria das histórias conta. Nós não somos apenas criaturas da noite. Além da necessidade de sangue para sobreviver, temos uma conexão profunda com a magia e o poder das trevas, - explicou Viktor, sua voz suave e confiante. - Cada vampiro carrega sua própria história e habilidades.

Mei, observando atentamente, completou:

- Exato. Nossos sentidos são aguçados, e muitos de nós podemos manipular a escuridão ao nosso redor. Contudo, nem todos os vampiros compartilham os mesmos valores. Alguns se entregam à selvageria, enquanto outros tentam manter um código moral. O que importa é saber em quem você pode confiar.

Rebeca ouviu atentamente, seus olhos se iluminando à medida que as informações se desdobravam diante dela.

- Isso é fascinante! - exclamou ela. - E existem outras criaturas mágicas além de vocês? Como as sereias?

Marcus, sempre pronto para brincar, deu uma risada.

- Ah, as sereias! Elas são mais traiçoeiras do que encantadoras. Usam sua beleza para atrair os incautos e, na verdade, muitas vezes se revelam predadoras. Não se deixe enganar pela aparência. Se você ouvir seu canto, é melhor se manter à distância.

Dante assentiu, enquanto passava uma porção de carne para Finn.

- Exato. E não se esqueça das fadas, que são tão caprichosas quanto perigosas. Elas brincam com as regras e podem causar problemas se você não entender suas intenções.

Rebeca se animou ainda mais, suas perguntas fluindo naturalmente.

- E os gnomos? E os dragões? São reais também?

Ellie sorriu com o entusiasmo de Rebeca, vendo a jovem se perder no assunto.

- Ah, os gnomos são engraçados. Eles são pequenos e têm uma afinidade com a terra. Em geral, são mais pacíficos, mas podem ser bastante sarcásticos. Já os dragões, bem... são bestas majestosas, mas também muito perigosas.

Finn, com um brilho nos olhos, se juntou à conversa.

- Existem tantas criaturas incríveis por aí. Eu ouvi falar de grifos também, que são uma combinação de águia e leão. Mas, como tudo, elas têm seu próprio jeito de se comportar, e não são exatamente amigáveis.

- E quanto às bruxas? - Rebeca perguntou, sua curiosidade agora aguçada. - Elas também existem?

O clima na mesa mudou sutilmente. Petal ficou em silêncio, a expressão dela se fechando, enquanto Mei logo interveio.

- As bruxas... são um pouco diferentes. Elas costumavam ser mais comuns, mas a Inquisição fez muitas delas desaparecerem, - disse Mei, seu tom refletindo um leve desdém. - Infelizmente, o medo e a ignorância levaram a isso.

Rebeca olhou para Petal, tentando entender a profundidade daquela resposta. Então, uma realização a atingiu.

- Espera... Petal, você é uma bruxa? - perguntou, a surpresa evidente em sua voz.

Petal olhou para baixo, a tristeza em seu olhar, enquanto Mei rapidamente desviou o olhar.

- É verdade, - disse Mei, com uma leve ênfase na palavra "é". - Petal é uma das raras que restam, e sua presença aqui é um lembrete do que foi perdido.

Rebeca sentiu um misto de admiração e preocupação, sua mente girando com a nova informação.

- Eu não sabia! - exclamou, seu coração acelerando. - Isso é incrível! Você deve ter habilidades maravilhosas!

O olhar de Petal se suavizou um pouco, mas a tristeza ainda persistia em seu olhar. Ela parecia hesitante, como se carregasse o peso de um legado que não escolheu.

- É importante lembrar que as bruxas têm uma sabedoria única e habilidades que muitas vezes são subestimadas, - continuou Mei, tentando proteger o que poderia ser um fardo para Petal.

A atmosfera à mesa se tornava mais pesada, mas Viktor, percebendo a tensão, inclinou-se para frente, como se quisesse trazer um pouco de luz ao momento.

- E é essencial lembrar que nem todas as criaturas são o que parecem, - acrescentou ele, olhando para Rebeca com um olhar sério. - Este mundo é cheio de nuances, e o que está à vista pode ser apenas a superfície de algo muito mais complexo.

Rebeca assimilou essas palavras, sentindo um calafrio percorrer sua espinha. Ela agora percebia que seu novo mundo era muito mais intrincado do que imaginara. A realidade que se desdobrava diante dela estava repleta de mistérios e nuances, e ela se sentia desafiada e animada ao mesmo tempo. Determinada a aprender mais sobre cada uma dessas criaturas, incluindo as sereias.

Marked by ShadowOnde histórias criam vida. Descubra agora