12- Sobrevivendo a nova vida: o manual do caos

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Rebeca respirou fundo, tentando dissipar a tensão do momento. Embora a conversa com sua mãe a tivesse deixado abalada, ela sabia que precisava continuar. Após arrumar suas coisas, as meninas estavam prontas para sair.

- Pronta para ir? - perguntou Petal, seu olhar atento e suave ao observar o semblante de Rebeca, que ainda parecia distante.

- Estou. Vamos logo, - respondeu Rebeca, endireitando os ombros como se quisesse se livrar de um peso invisível.

No caminho de volta, o clima era pesado. Mei até tentava manter a conversa leve, mas Rebeca não conseguia se desprender da tristeza que a envolvia. Percebendo isso, Petal decidiu quebrar o silêncio.

- Que tal pararmos na cafeteria? - sugeriu ela, sua voz animada, contrastando com a melancolia de Rebeca. - Pode ajudar a melhorar seu humor.

- Boa ideia, - Rebeca respondeu, um pouco mais animada com a perspectiva de um lanche. A ideia de um café quente e alguma coisa doce parecia reconfortante.

Assim, elas seguiram para uma cafeteria local, onde o aroma do café fresco e dos doces preenchia o ar com uma doçura acolhedora. Ao entrar, Rebeca se deixou levar pela atmosfera vibrante do lugar, com o tilintar de xícaras e o murmúrio de conversas animadas ao fundo. Elas escolheram uma mesa perto da janela, onde podiam observar as pessoas que passavam apressadas do lado de fora.

- O que você vai pedir? - perguntou Mei, olhando o cardápio com uma expressão de expectativa.

- Um café com leite, por favor, - pediu Rebeca, sua voz ainda um pouco trêmula.

- E eu quero um muffin de mirtilo, - acrescentou Petal, seu olhar curioso explorando as vitrines cheias de doces.

Enquanto Mei se afastava em direção ao balcão, Rebeca e Petal continuaram conversando sobre trivialidades, mas a tristeza ainda pairava no ar. Petal tentava trazer um pouco de leveza à conversa, mas Rebeca estava imersa em seus pensamentos.

- Então, você realmente acha que vai conseguir se adaptar a tudo isso? - perguntou Petal, com uma expressão preocupada.

- Não sei, tudo está mudando tão rápido. Às vezes, sinto como se estivesse vivendo em um sonho estranho - Rebeca respondeu, sua voz hesitante. - Mas eu quero tentar, só... sinto falta de casa.

Petal acenou, compreendendo. Elas estavam prestes a tocar em um assunto delicado quando Mei retornou com os pedidos, interrompendo a conversa.

- Aqui estão os cafés - disse Mei, colocando os copos e o muffin na mesa com um sorriso. - Vamos lá! Isso deve alegrar um pouco a sua alma.

As meninas começaram a comer, e Rebeca sentiu a alegria voltar um pouco, enquanto Mei contava histórias engraçadas sobre seus últimos encontros. No entanto, a conversa leve não durou muito tempo. Assim que terminaram, elas se levantaram e saíram da cafeteria, e foi então que um wolfkin, alto e robusto, esbarrou em Petal, fazendo com que ela quase derrubasse seu copo.

- Cuidado! - exclamou Petal, irritada, o tom de voz refletindo sua frustração.

O wolfkin olhou de Petal para Rebeca, um sorriso provocador se formando em seus lábios.

- O que temos aqui? Uma bruxa em plena luz do dia? - disse ele, sua voz cheia de desdém. - Você não deveria estar se escondendo nas sombras?

Petal deu um passo à frente, a raiva brotando em seu peito.

- Você não sabe com quem está falando. E a última vez que verifiquei, eu não preciso me esconder de ninguém! - respondeu, seus olhos lançando faíscas.

Rebeca sentiu a tensão no ar e rapidamente se moveu ao lado de Petal, mas foi Mei quem realmente entrou na defesa.

- Olha só, se você quer provocar alguém, tente com alguém que se importe. Porque aqui, você só vai arrumar problema, - disse Mei, seu tom firme e desafiador. Ela se aproximou do wolfkin, colocando-se entre ele e Petal, seus olhos determinados.

- Você acha que pode chegar aqui e menosprezar uma bruxa? Deveria saber que isso não é uma boa ideia. Ela não é alguém que você quer irritar - continuou Mei, suas palavras cortantes como lâminas.

O wolfkin ergueu as sobrancelhas, surpreso pela audácia de Mei, mas ainda com um sorriso arrogante.

- Ah, então temos uma defensora. Que adorável! Mas não se preocupe, eu não tenho interesse em me meter com vocês. - Ele piscou, quase zombando delas antes de se afastar.

Petal respirou fundo, a adrenalina ainda pulsando em suas veias.

- Você viu a maneira como ele olhou para mim? - Petal murmurou, visivelmente irritada, mas agora também admirando Mei. - E eu não posso acreditar que ele teve a ousadia de falar assim na minha frente.

- Não vale a pena se preocupar com esse tipo de escória, - Mei disse, colocando a mão reconfortante no ombro de Petal. - Eu não deixarei que ninguém mexa com você.

Rebeca ficou um pouco chocada com a afirmação de Mei, mas, ao mesmo tempo, aquecida pela determinação e lealdade que transparecia em suas palavras.

- Vamos logo, - disse Rebeca, puxando suavemente Petal pelo braço. - Precisamos nos afastar desse idiota.

Petal sorriu um pouco, e a raiva começou a se dissipar, substituída pela gratidão.

- Você está certa. Vamos.

Marked by ShadowOnde histórias criam vida. Descubra agora