54 - papéis, missões e como não surtar

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As árvores ao redor formavam uma muralha de sombras densas, e o som do vento através das folhas era a única coisa que quebrava o silêncio, com exceção do leve estalo de galhos quebrando sob os pés de Dante e Petal. Cada passo que davam era um eco na solidão da floresta, a tensão no ar aumentando à medida que se aproximavam do centro do território.

Petal se movia com a graça que só uma bruxa  possuía. Seus passos eram leves, mas seus olhos observavam cada movimento ao redor. A atmosfera carregava uma energia estranha, algo que fazia a pele de quem estivesse atento arrepiar. Ela estendeu a mão para tocar uma árvore antiga, sentindo uma vibração mútua entre sua magia e o poder oculto que parecia pulsar na floresta.

Dante, mais forte e imponente, seguia logo atrás, suas presas quase visíveis sob os lábios curvados em uma expressão de pura vigilância. Ele sentia o ambiente tenso, como se algo estivesse prestes a acontecer. Seus sentidos estavam totalmente aguçados, e ele sabia que o perigo se aproximava.

— Estamos quase lá — disse Petal, sua voz suave, mas firme.

Ele apenas assentiu, os músculos tensos à espera do que estava por vir. Não precisavam falar muito, ambos estavam focados na missão. A floresta os observava silenciosamente, como se a própria natureza estivesse aguardando o momento de revelação.

De repente, o som de ramos quebrando a frente interrompeu a quietude, seguido de passos pesados. Dante, com seus sentidos afiados, percebeu o movimento antes de Petal. Um grupo de criaturas se aproximava, e a tensão em seu corpo ficou evidente. Eram eles, os inimigos que Viktor havia alertado. Não eram vampiros, nem lobisomens, mas algo muito mais perigoso e instável.

— Prepare-se — sussurrou Petal, sua mão já pronta para conjurar magia.

A figura que apareceu à frente deles foi imensa, uma criatura híbrida de aparência grotesca, com uma pele escura e escamosa. Seus olhos eram amarelos e penetrantes, com uma ferocidade que transparecia de forma inquietante. Ao seu redor, criaturas menores e rápidas se moviam com uma agilidade predatória.

Dante se preparou. Suas mãos começaram a se transformar, e em um piscar de olhos, ele já estava em sua forma de lobo massivo, com a pele escura brilhando sob a pouca luz que entrava pela copa das árvores. Seus músculos se esticaram e se fortaleceram, prontos para o combate.

Petal se posicionou atrás dele, as mãos levantadas, preparando um feitiço de proteção. Sua energia mágica começou a brilhar em torno dela, uma aura verde intensa que envolvia seu corpo, pronta para defender e atacar.

O líder das criaturas híbridas soltou um grunhido rouco, e, com um movimento rápido, se lançou na direção de Dante. O lobo, com sua força sobrenatural, avançou para o encontro, suas garras afiadas cortando o ar. A batalha se iniciou com um estrondo, com Dante investindo contra a criatura maior, suas presas afiadas mergulhando na carne escamosa com força. A luta era feroz, um jogo de força bruta e agilidade, mas Dante não hesitou. Ele usava sua forma de lobo para obter vantagem, seu corpo se movendo com uma velocidade impressionante enquanto tentava neutralizar o inimigo.

Petal não ficava atrás. Ela murmurou palavras antigas, lançando feitiços de destruição e proteção enquanto o campo de batalha se intensificava. A energia mágica fluía de seu corpo como uma tempestade, atingindo as criaturas menores que tentavam cercar Dante. Cada rajada de magia as empurrava para longe, mas não os derrotava de forma definitiva. Elas voltavam com mais fúria.

Dante, enfurecido pela resistência das criaturas, rosnou alto, suas garras cortando o ar mais uma vez. Ele foi para o ataque final, saltando em direção ao líder híbrido e usando todo o seu peso para derrubá-lo no chão. O impacto foi brutal. O lobo pressionou sua presa no chão, com a boca se fechando em torno do pescoço da criatura com uma força avassaladora.

Petal avançou por entre os inimigos menores, sua magia envolvendo-os em correntes de energia que os paralisavam momentaneamente. Ela controlava cada movimento com uma precisão calculada, impedindo que eles fugissem ou se reunissem para um ataque coordenado. As criaturas, uma por uma, caíam, incapazes de lutar contra o poder de sua magia.

Quando a luta finalmente se acalmou, as últimas criaturas foram neutralizadas. O líder, ainda vivo, tentou se levantar, mas Dante deu o golpe final, suas presas enterrando-se fundo no pescoço da criatura. O som do corpo caindo foi o único que restou na floresta, um silêncio pesado tomando conta do local.

Dante voltou à sua forma humana, o corpo ainda tenso, mas aliviado pela vitória. Ele olhou para Petal, que estava se aproximando, limpando as mãos no ar como se estivesse dissipando os vestígios de magia.

— Conseguimos. — Petal olhou ao redor, o ambiente mais tranquilo agora que a ameaça havia sido eliminada.

Dante assentiu, respirando fundo. — Foi mais difícil do que pensei.

Petal sorriu levemente. — Nem tudo é fácil. Mas isso deve garantir um pouco de paz por aqui.

Dante olhou para as criaturas caídas ao redor e então para o horizonte. — Vamos voltar. Viktor vai querer saber o que aconteceu aqui.

Eles se viraram para o caminho de volta

Marked by ShadowOnde histórias criam vida. Descubra agora