Igão 👻
Hoje fazia uma semana que o Henrique matou o Dedé, uma semana que a porra toda virou de cabeça para baixo, uma semana que eu seguro o puto do coronel na salinha de tortura e ele não abre a porra da boca sobre meu mano Thiago, tô começando a achar que o Dedé estava blefando.
Apago o cigarro de maconha que já virou vício, todo dia é um estresse diferente para minha mente e todo o dia eu tô fumando, quem fica puta com isso é minha nega, mas eu vou fazer o que caralho, preciso desestressar e tirando ela, a maconha é a única coisa que me ajuda.
__ tem certeza que vocês querem fazer parte disso? - pergunto vendo Alana, Maria Clara e Henrique por ali, hoje seria o dia em que o coronel vai dessa para pior, chega de remoer essa porra de assunto.
Henrique: espero por isso a anos pô, hoje ele paga por tudo que fez minha família passar. - falou e dava pra ver o ódio estampado no rosto dele, nem parece aquele moleque chorão que eu ajudei criar.
Olhei para as outras duas e elas sustentaram o olhar me fazendo entender que era aquilo que elas queriam também.
__ então vamos acabar com isso logo. - abrir a salinha e aquilo ali fedia a podre, ele estava com vários cortes pelo corpo, dois tiros em cada perna e muito machucado da surra de barrote que eu dei, estava só esperando a morte mesmo.
Peguei um balde de água que tinha por ali e joguei em cima dele que acordou desesperado tentando respirar me fazendo rir.
__ ah colfoi, tá com medo? - debochei.
Coronel: me.. mata logo caralho. - pediu fraco.
Maria Clara: aqui você não manda coronel de merda. - falou e pegou um barrote que estava jogado por ali.
Nem demorou muito para começar ouvir os gritos dele e ela batendo nas pernas dele que já estavam em carne viva.
Sentei por ali acendendo um cigarro e vi o Henrique pegar uma faca e ficar brincando de tiro ao alvo com ele e a faca, tava legal aquilo mas queria acabar com tudo isso logo, já deu o que tinha que dar.
Alana se aproximou e os dois pararam o que tava fazendo, vi ela encravar as unhas no rosto dele fazendo ele olhar para ela, ou apenas tentar já que mal conseguia ficar de olhos abertos.
Alana: isso tudo é por ter destruído nossas vidas, por ter matado o Thiago e por ter envolvido o André nas suas patifarias. - quando menos esperei ela atirou na cabeça dele fazendo a Maria Clara soltar um grito de raiva e chorar logo após, acho que era isso que prendi todos nós ao passado, não deixava ninguém prósperar, queríamos vingar o Thiago e agora vingamos, mas ainda sim sinto um vazio do caralho, de um jeito ou de outro eu perdi meus dois irmãos.
Henrique abraçava a Maria Clara que soluçava de tanto chorar e eu abracei a Alana que parecia estar perdida, sem brilho, só vivendo no automático.
__ sei que é uma pergunta besta, mas tu tá legal? - ela riu fraco negando e me apertou no abraço.
Alana: eu perdi meus dois amores, o Thiago era o amor da minha vida e o André independente de tudo que fez, era o amor para a minha vida, sei que não devia, mas me apeguei demais e agora não sei mais como viver sozinha, não sei o que fazer, viver com uma pessoa por 15 anos e depois simplesmente perder ela não é legal, o que eu vou fazer da minha vida agora? - chorou enquanto falava e eu entendia ela pô, é foda você se decepcionar e amar a pessoa ao mesmo tempo, é um sentimento de impotência do caralho, queria poder falar a ela que o Thiago talvez esteja vivo em algum lugar por aí, mas e se ele não estiver? Vou só colocar esperança em um bagulho que não vai acontecer, então deixei baixo e fiquei por ali por mais um tempo, depois eles decidiram ir embora para favela deles e eu fui para casa.
Entrei sentindo um cheiro de comida, guardei a glock na gaveta do criado mudo e fui para cozinha.
__ caralho nem me esperaram hein. - brinquei com a Anne, Cauã e Marina que estava ficando por aqui essa semana.
Marina: tu demorou que só tio, tava quase indo te buscar. - olhei para ela que tava bem melhor hoje, até ontem ainda nem queria sair do quarto, mas como eu falei que entendo a Alana eu entendo pra caralho ela, era o pai dela pô, quem vai querer ver o pai morto?
__ tudo falso pô.
Cauã: eita drama viu, mas eae pai, conseguiu matricular a Mari? - abrir maior olhão lembrando que eu esqueci de ir na porra da escola. - esqueceu né cara?
Anne: ele só não esquece a cabeça porque tá grudada no corpo dele filho, deixa que eu resolvo isso mas tarde tá bom Mari?
Ela assentiu comendo, lavei as mãos e sentei na mesa para comer também.
__ aí Mari, mas tarde vamos brotar lá na favela do perigo, quer ir ver o Jota? - Cauã fez careta com os ciúmes dele e eu rir.
Mari: não falo mais com o Jota, mas posso ir com vocês sim, vai ter o que por lá?
__ porque não fala mais com o pivete pô? Vacilação hein. - ela riu dando de ombros. - nada demais só uma reunião com o pai dele, aí aproveita e faz as pazes com ele. - ela revirou os olhos mas não falou nada.