Jota 👻
Comandar uma favela não era nada fácil, nunca quis isso para mim, mas quando tomamos decisões com a cabeça quente é isso que acontece e hoje estou aqui, comandando a favela que era do meu pai, ele e minha mãe meteram o pé no mundo a fora, deixando as responsabilidades tudo comigo, Ayla e Estela nas minhas costas, apesar que Estela nem mora mais aqui.
__ tu se liga no teu caminhar visse, tô de olho em tu e teu boy também. - apontei para Ayla que hoje eu liberei vim para o baile comigo, mas o boy dela não tava aqui.
Ayla: ai se liga jota, tenho quase 18, sei o que faço gatinho. - saiu da minha visão e eu mandei um vapor ficar de olho nela, fiquei ali curtindo minha vibe e pensando em como minha vida mudou pra caralho.
Dois anos em que eu me tornei a pior pessoa que eu já vi na vida, dois anos em que ela não se importou com o que ia acontecer e foi embora, eu fui o errado, mas quem nunca errou? Eu me arrependi e me arrependo até hoje, por que ela não poderia me dar uma chance?
E o pior de tudo é que o besta e otário nunca mais ficou com ninguém desde que ela foi embora, fico igual um idiota esperando por ela, mas se pá já cansei e sei que ela não vai voltar atrás na decisão dela.
__ vai com suas amigas pra lá, vai pra lá, cuidado pra elas não te dar perdido e vim aqui me dar. - cantorolei tomando um gole do meu whisky e fiz careta, música antiga da porra.
Olhei ao redor vendo o quanto essa porra tá cheio hoje, também gastei um dinheiro da porra chamando mc poze e Ret, os filhinho de papai tudo aqui usando droga e os caraí, o bom é que eu vou lucrar pra caraí.
__ ae matador, tem uma mina aqui na entrada pedindo pra falar contigo e tá com uma criança no braço. - falaram no radinho e eu bufei com ódio, quem quer me estressar uma hora dessa?
__ jae, tô brotando. - falei e rodei o olhar procurando Ayla, neguei com a cabeça vendo o boy dela por ali, faz tudo o que ela quer, um cachorrinho mesmo. - ó, tô indo resolver um b.o, se for sair daqui avisa, Jae? - falei com ela que nem deu atenção e eu dei um tapa na cabeça dela saindo daquele tumulto.
Subir na minha moto e guiei pra lá, se tiver me tirado do baile por nada vou ficar putão boy.
Nem demorou muito, esse horário tem quase ninguém na rua e pode andar de boa.
Parei a moto vendo uma mulher de costa com uma menina nos braços, desliguei a moto e joguei o farol nela fazendo ela virar e caralho, quando ela virou eu não acreditei no que eu tava vendo não, cemicerrei os olhos na direção e sair da moto andando rápido até lá.
Cheguei mais perto e minha única reação foi abraçar ela, caralho o tanto que eu fiquei maluco atrás dessa mulher, tô com ódio por ela ter me feito esperar por dois anos mas no momento tô feliz pra caraí por ver ela aqui na minha frente.
__ aí mamã. - a menina reclamou e eu soltei elas, cruzei os braços olhando pra Bianca sem entender aquela porra, ela tem uma filha e se tem uma filha deve ter um marido, puta que pariu, era melhor ter dado uma facada no meu peito.
Bianca: oii jota. - falou toda sem graça. - sei que temos muito para conversar, mas primeiro preciso de um lugar para dormi, o vôo atrasou e estou desde cedo na rua com ela. - falou tentando manter a menina no colo junto com umas bolsas.
__ Jae pô, dormi lá em casa. - ela negou com a cabeça. - qual é, não tenho muito o que fazer, todas as casas que estão para alugar tá suja e lá em casa só tem eu e a Ayla, ou tu liga para teu pai e ele vem te buscar. - joguei sujo mesmo.
Bianca: tá, vamos para sua casa. - falou e eu bufei vendo que tava de moto.
__ ae acerola, trás meu carro. - falei no radinho e ele disse que em 10 chegava. - tua filha é mó bonitinha pô, quantos anos? - tentei puxar assunto.
Bianca: dois anos. - se limitou a falar e eu fiquei mais puto ainda, como ela tem uma filha de dois anos se estava comigo a dois anos atrás, eu fui corno então?
Não, calma, olhando direitinho a menina tem uns traços meu, isso é um bagulho impossível não é?
__ humm, é...- não consegui perguntar e ela riu sem graça. - caô não é? - perguntei puto.
Bianca: eu tive meus motivos tá? Isso foi consequências sua. - já foi jogando a porra da culpa em cima de mim, rir sem humor e perdi a cabeça jogando ela contra a parede, só me liguei no que fiz quando ela gemeu de dor quando as costas dela bateu com tudo na parede e a menina chorou por conta do susto. - tá maluco caralho? - falou puta. - calma filha, não chora amor. - tentou acalmar a menina e eu neguei com a cabeça pegando a menina do colo dela que relutou mas deixou.
No começo ela chorou mais ainda, mas coloquei um paninho que a Bianca me deu no ombro e fiquei balançando ela até ela se acalmar e quando vi já tava chorando, caralho, eu tenho uma filha, perdi dois anos da vida dela, mas agora ela tá nos meus braços e te falar, ter um filho nos braços depois de perder um, é a melhor sensação que nenhuma droga pode te proporcionar.
Quando vi a menina já tava dormindo com a mãozinha segurando a minha corrente, olhei pra Bianca ainda puto por ela ter feito isso comigo, mas esse papo não era pra hoje, hoje eu só queria ficar em paz com a minha cria que eu acabei de conhecer.
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Apareci hein, Jota sempre querendo jogar a culpa em terceiros né?