Capítulo 26

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Thiago | Coringa 👻

Hoje não tava sendo um dia fácil, papo reto só queria que esse pesadelo acabasse logo e se pá tô perdendo a porra da esperança, acho que tô perdendo minhas forças e só tô vivo até hoje por conta da Iara pô, meu maior medo é deixar ela sozinha com esses filhos da puta.

Faz um tempo que o coronel não vem, mas os caras que trabalha para ele não deixa fácil também não, ontem pra mim foi o pior dia de todos e quase que eu vacilava, apanhei tanto que até pra falar sinto dor e o pior de tudo foi ver eles abusarem da minha piveta, filhos da puta, não tem noção na porra do bagulho, mexer com uma criança porra, vi ele sendo abusada por vários caras, cada hora era um e quase que eu vacilava, não queria mais viver dessa forma, só queria deixar o cansaço me vencer.

Olhei ela ainda encolhida sem roupa no canto da sala que vivemos por anos, já sei dessa sala decorada de tanto tempo que vivemos aqui.

__ colfoi Iara pô, reagi. - falei pra ela que desde ontem está no mesmo lugar que os caras deixaram, suja de sangue e parada olhando para um local fixo sem me olhar.

Até ontem nunca tinha mexido com ela, porque eu coloca a cara no bagulho e tomava as dores, mas parece que ontem eles estavam com ódio de alguma coisa e acabaram não me ouvindo e só queriam descontar nela e me fazer sofrer, e o pior é que conseguiram.

__ não faz assim comigo filha, estamos juntos nessa, esqueceu? - falei com a voz falha, será que ninguém se importa comigo caralho? Só preciso que alguém me tire daqui.

Ela me olhou com os olhos cheios de lágrimas e os meus instantaneamente encheram também.

Iara: não quero mais ficar aqui pai por favor me tira daqui. - falou já chorando e aquilo acabou comigo, não me importei com porra de dor e fui até ela vendo ela se encolher, neguei com a cabeça e me abaixei perto dela.

__ tudo que eu mais quero é tirar tu daqui pô, só não vacila desse jeito, sei o quanto é dolorido viver dessa forma, mas acredita em mim filha, vamos sair daqui juntos e viver felizes. - ela assentiu ainda chorando e eu abracei ela ouvindo o soluço dela ficar mais forte, acho que ela não aguentava mais e precisava desse momento, precisava colocar tudo de ruim para fora e eu deixei, ficamos assim quase a noite toda.

Percebi que ela tinha dormido quando olhei por de baixo da porta e uma luz tava raiando e aí eu já sabia que estava amanhecendo, só assim para saber quando era dia e noite, porque aqui nessa porra nem luz tem também, tô dizendo pô, não sei como conseguimos sobreviver até hoje dessa forma.

Ouvir uma correria lá por fora e apertei a Iara contra meu corpo, não podia deixar machucarem ela de novo.

Iara: pai. - resmungou abrindo os olhos e quando eu ia responder ouvimos um estrondo. - aaaa meu Deus. - gritou assustada e me agarrou.

__ calma pô. - tentei acalmar ela mas meu corpo por dentro tremia com medo do que podia acontecer, tava pouco me fudendo pra mim, só queria que ela ficasse bem e salva.

Ouvimos mais um estrondo e a porta abriu com tudo, não acreditei no que eu vi, meus olhos encheram de lágrimas, podia passar anos mas eu reconheceria aqueles dois de longe, meus filhos pô.

Maria Clara: mentira. - negou já chorando e eu não acreditei nisso, aquela piveta era um cu pra chorar. - pai. - caiu no choro e se aproximou me tocando, acho que ela queria ver se era verdade mesmo.

__ colfoi pô, sou eu mesmo. - falei e ela me agarrou mesmo com a outra piveta agarrada em mim, ouvir resmungos e olhei pra Iara que tava sendo esmagada. - colfoi, vai falar com teu pai não? - olhei para Henrique que tava travadão na porta, com os olhos cheios de lágrimas, mudou nada.

Henrique: caralho, porra. - xingou enxugando as lágrimas e veio até mim, me olhou dos pés a cabeça e me abraçou forte, gemi por conta dos machucados no corpo e ele soltou me olhando preocupado.

__ tô machucado pra caralho. - falei e sentir meu corpo falhar.

Maria Clara: vamos sair daqui logo, lá fora tá um caos. - falou e olhou pra Iara fazendo careta, tirou a blusa ficando só de top e colocou a blusa nela já que ela ainda estava sem roupa.

Henrique: você pega ela no colo e eu ajudo o pai, se liga no corre. - falou igual bandido e eu cemicerrei os olhos pra ele que deu de ombros e saímos com a Clara na frente fazendo o impossível pra não cair com a Iara que tava no braço, Henrique me segurando e eu só rezava que tudo desse certo.

Andamos um pouco, subimos escadaria e tudo, e eu só queria saber como eles conseguiram me achar, puta que pariu, quando chegamos na porta principal eu vi uma porra de delegacia, estávamos dentro de uma delegacia porra, vi o Igão trocando tiro com alguns caras e rir fraco em ver o meu irmão bem, agora só falta o puto do Dedé.

Andamos logo para sair dessa porra e quando estávamos saindo vi a Clara dar um tombo pra trás e quando olhei o filho da puta que iniciou o abuso da Iara tinha atirado nelas, Henrique não perdeu tempo mirando e atirando na cabeça do cara, olhei preocupado para elas e Maria Clara respirava só estava nervosa e aí que eu entendi que o tiro tinha pegado no pescoço da Iara e ela estava agonizando.

Eu não sei que caralho eu tenho que sempre um tiro acerta meus filhos e bem na minha frente, porra eu não podia perder ela, eu prometi que íamos ser felizes e precisava cumprir.

Henrique : pai não fraqueja agora, por favor, entra no carro e vamos para a favela, minha mãe vai cuidar dela. - me puxou e eu entrei naquela porra, na mesma situação que já vivi três vezes, chorando e vendo uma dos meus pivetes quase morrendo, ela não poderia fazer isso comigo, não agora.

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O reencontro veio hein? Tadinho do Thiago, nunca tem paz, será o karma?

Cria de favela Onde histórias criam vida. Descubra agora