Marina | Mari 😭
Faz horas que estamos aqui dentro dessa sala e meu pai não voltou, acho que se pá faz quase um dia inteiro, ele disse que só era para sair quando ele ou o Henrique chegar e até agora nenhum dos dois chegou.
Não tava me sentindo bem, um aperto no peito, um nó na garganta e algo me dizia que alguma coisa aconteceu com meu pai, eu só quero ver ele bem e aqui me perturbando, respirei fundo olhando para as meninas que dormiam e olhei para a Alana que também estava calada com uma mão no peito e com cara de choro.
__ você tá sentindo também? - perguntei e ela me olhou surpresa, porque era raro eu e ela trocar qualquer papo, mesmo morando no mesma casa, desde criança que não gosto dela, não tenho nada contra ela, porém o meu santo e o dela não se bate e isso é mais que normal.
Alana: ai Mari, tô com um aperto tão grande no peito. - começou a chorar e eu também não aguentei chorando também, ela me abraçou e pela primeira vez na vida eu deixei, estava com muito medo, algo me dizia que alguma coisa de ruim tinha acontecido.
Ficamos assim por um bom tempo até ouvir barulho na porta, coloquei a Alana atrás de mim em forma de proteger ela e vi as meninas acordar e vim para perto da gente também.
A porta abriu e meu tio Igão apareceu junto de Cauã e Henrique, todos com cara de triste e choro.
__ cadê meu pai? - perguntei já sabendo que tinha acontecido alguma coisa, meu peito apertou de um jeito que meus olhos encheu de lágrimas e ninguém falava nada. - cadê ele? - sair da sala secreta e fui andando pela casa e nada dele e aquele silêncio tava me matando, olhei para o Cauã que me olhava desesperado. - me fala por favor Cauã, me fala o que aconteceu. - pedi chorando e ele se aproximou me abraçando, chorei no peito dele, pois sabia que ele não estava vivo, era a mesma sensação de quando eu perdi a minha mãe só que com uma diferença, quando eu perdi minha mãe eu tinha o meu pai e agora eu não tenho nenhum dos dois, apenas um vazio grande no meu peito.
Cauã fazia carinho no meu cabelo enquanto eu ouvia os gritos e choro da Alana que estava igual a mim, e se eu achava que ela não o amava, agora estava tendo a certeza que sim, ela o amava tanto quanto eu.
__ o que aconteceu? Me conta. - pedi e ele olhou para o Henrique que estava nos olhando, olhei para ele esperando uma palavra e ele virou a cara.
Henrique: o André estava traindo todo mundo aqui, se juntou com a tropa do coronel. - falou frio e eu me soltei do Cauã, não acreditando naquilo.
Neguei com a cabeça com um nó na garganta, meu pai seria capaz disso?
__ claro que não, tem que ter alguma explicação, cadê ele? Vocês não acreditaram em Zé povinho não é? - falei desesperada e o Henrique riu sem humor.
Henrique: que Zé povinho pô? Tem foto dele com o coronel, ele assumiu, por isso morreu. - falou sem paciência nenhuma e eu fraquejei sentindo o Cauã me segurar, eu não queria acreditar que aquilo tava acontecendo, olhei para a Alana que tinha um olhar perdido, é tudo culpa dela, se ela não tivesse aparecido na vida dele, ele não teria se apaixonado e feito toda essa burrada.
__ é tudo culpa sua, você estragou ele. - apontei para ela que não falou nada só continuou chorando com aquela cara de sonsa dela.
Cauã: não faz assim Mari, ela não tem culpa de nada, ele quem fez a merda.
Rir me soltando dele, eu não tenho mais ninguém por mim, mataram meu pai e nem deixaram ele se explicar.
__ quem? - perguntei e todo mundo me olhou calado. - quem matou ele?
Ficou um silêncio por uns segundos.
Henrique: eu. - falou baixo e eu olhei para ele com todo o ódio possível, se antes eu sentia algo por ele, hoje esse sentimento se transformou em ódio.
Virei o rosto e subir para meu quarto, peguei uma bolsa e joguei dois pares de roupa lá e meu carregador, peguei meu celular e uma foto minha com meu pai que tinha no criado mudo lá, coloquei a foto no bolso do short e quando ia sair o Cauã entrou no quarto.
Ignorei ele tentando sair do quarto mas ele me abraçou com força como se quisesse tirar toda dor que eu estava sentindo e mais uma vez eu desabei nos braços dele.
Eu não sei porque meu pai fez isso, mas eu o amo tanto que chega dói, pensar em nunca mais ver ele na vida, nunca mais ouvir aquela voz dele reclamando de tudo que eu faço, me proibindo de sair da favela, os esporros, tudo que ele fazia eu amava, independente do que ele fez, eu vou amar ele eternamente e agora só me resta as lembranças.
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Sigo chorando 😭
