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Junto com a madrugada, chegou a preocupação. Blanca estava deitada na cama, sem conseguir dormir, por conta da aflição que sentia ao lembrar a cada instante, que Dulce estava fora de casa. Ela rezava, implorava até, para que nada de mal acontecesse a sua querida filha. Fernando dormia ao seu lado, mas também parecia super incomodado. Rolava na cama sem parar. Tenso era a palavra correta para defini-lo naquele momento.

Blanca se levantou, foi até a janela e suspirou fundo. Lembrou-se da infância de Dulce, de como ela era inocente sobre tudo o que a rodeava. Ela tinha conseguido o desejo de pelo menos metade das mulheres na face da terra: ser mãe de uma menina. A educou desde pequena, queria transforma-la numa mulher forte e de garra. Sorriu e balançou a cabeça ao ver que sim, ela tinha conseguido. A forma como Dulce a encarou, a desafiou, mostrava que ela era forte.

No dia seguinte, no horário da saída, Maite conversava com Dulce sobre seu primo Alfonso.

- Ele disse que chegou em casa e você já não estava mais. - Maite dizia.

- É, deve ter sido assim...

- Você foi bastante corajosa. - Maite pôs a mão no ombro da amiga. - São raras as irmãs que defendem seu irmão assim.

- Já estou começando a me arrepender.

Elas se sentaram nas escadas da entrada do colégio e continuaram a conversa.

- Por que diz isso?

- Mateus é um ingrato! - ela balançou a cabeça negativamente. - Acredita, que no intervalo, eu falei com ele e ele nem ao menos quis me ouvir? Pois é... disse que não tinha que ouvir sermão de uma... uma vadia.

Maite arregalou os olhos:

- Meu Deus. Cara, não sei como você consegue. Se fosse eu, sinceramente, já teria desmentido tudo.

- Não é bem assim, Mai... se eu contar, é bem capaz dele dizer pros meus pais que eu namoro Christopher. Isso seria arriscado demais.

- Hum, - pensava. - é, tem razão, seria burrice fazer uma coisa dessas.

- Mas vamos mudar de assunto, "priminha", como está seu namoro com o Alfonso? -Dul sorriu.

- Indo de bom a melhor, ele é um fofo, conversamos por telefone toda noite...

- Awn! Amiga! Felicidades, e juízo.

Maite riu:

- Aham, pode deixar!

Maite colocou a mochila no colo e de lá tirou uma barrinha de cereal, na qual era viciada. Abriu devagar, e o leve cheiro do alimento dançou até o nariz de Dulce, que rapidamente levou a mão no nariz e na boca.

- Ain, Mai. - sua voz era abafada, por conta da mão que levava no rosto.

- Que foi? Você adora essa barrinha. - Maite riu, tirando a mão da amiga do rosto e fazendo a barrinha flutuar pertinho dela.

- Ain, que enjoo. - Dulce se levantou rapidamente e correu para o banheiro do colégio.

Mais uma vez, aquela sensação horrível, que parece que vamos colocar nosso intestino para fora. Maite a seguiu, ficou na porta do banheiro esperando a amiga voltar. Ela voltou, um pouco suada mas bem pálida.

- Nossa, o que aconteceu, amiga? - disse passando a mão no cabelo de Dulce.

- Não sei, não sei... é a segunda vez que acontece isso. Eu devo estar doente.

- Você precisa ir ao médico, sabia?

- Tá, eu... eu vou... quando der.

Maite foi para casa e Dulce aproveitou para pegar um livro na biblioteca. Na saída da escola, sentiu uma mão segurar seu pulso. Olhou, era sua mãe, que parecia aflita mas aliviada por ela estar bem.

- Mãe?

- Dulce, filha... - ela não resistiu, e a abraçou fortemente.

- O que está fazendo aqui?

- Eu vim buscar você, para voltarmos para casa.

- Mas...

- Por favor, não discuta comigo. Volte para casa. Preciso de você perto de mim, por favor.

Dulce mordeu os lábios, e afirmou com a cabeça, olhando para baixo.

- Tudo bem, mãe... eu, eu... volto pra casa. Me espere lá, que vou até... o hotel, pegar minhas coisas.

- Não prefere que eu vá contigo?

- Não!!!

Obvio que não, Blanca não podia ir de jeito nenhum com a filha.

- Tudo bem, não importa. O importante é que você vai para casa. - sorriu e entrou no táxi.

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- Ale, eu juro. Fico muito sem jeito, de ir embora assim... - Dulce dizia.

- Não tem importância minha querida, fico bastante feliz que você tenha se acertado com sua mãe. As portas da minha casa estarão sempre abertas para você. - disse, dando um abraço aconchegante em Dulce.

- Muito, muito, muito obrigada mesmo. De coração. Foi muito bom poder conhecer você melhor. - lhe deu um beijo no rosto.

Ao contrário do que Dulce pensou, a despedida foi tranquila e Alexandra a compreendeu incondicionalmente. Logo depois, pegou um táxi e voltou pra casa. Seu pai, apesar de tudo, a recebeu bem, e sua mãe, melhor ainda

𝑨𝒎𝒐𝒓 𝒃𝒍𝒊𝒏𝒅𝒂𝒅𝒐Onde histórias criam vida. Descubra agora