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Dulce, com urgência ligou para Christopher, e desabafou com ele. Sentia medo e sabia que seu pai não estava para brincadeira. Ele, teimoso, parecia não ligar tanto para aquilo, mas Dulce insistia, dizendo que todo cuidado era pouco, em vista do ódio que Fernando sentia. Christopher, depois de um bom tempo, garantiu a Dulce que tomaria cuidado, e depois, se gabando disse que sabia exatamente onde pisava. Esse era o lado que Dulce não suporta. Christopher achava que nada de ruim podia acontecer com ele. Muitas foram as noites que ela se ajoelhava no chão de seu quarto e pedia a Deus pela proteção dele. Depois do sermão, ela ainda continuava a falar com Christopher no telefone.

- Aulas acabando... é... - ela suspirou ao lembrar de alguns momentos no seu último ano do colégio. - esse ano realmente prometeu. Comecei uma menina e agora, estou terminando uma mulher.

- Minha mulher. - ele riu baixinho.

- Seu ridículo! - ela também riu.

- Antes de te conhecer, eu não costumava a ficar com garotas assim, tão novas.

- Pare de se gabar, você nem é tão velho. Só está quase na casa dos 30.

- É... Temos uma boa diferença de idade. Será que quando você tiver uns 28, vai continuar me amando?

- Eu tenho absoluta certeza. E você?

- Óbvio! Você é a mulher da minha vida.

- Awn, que romântico amor. Se eu contar, ninguém acredita que você é assim.

- Fica pianinho. É uma exigência!

- Meu amor, você pode ser rei aí em cima, mas quando casarmos, a rainha será eu. Eu que vou mandar em tudo, viu?

- Hum é? - riu, debochando da situação.

- É! E não me obedece não pra ver o que te acontece.

- E o que acontece hein, Rainha?

- Você... - começou a sussurrar. - vai ficar sem algo que gosta muito.

- Hmmm, isso é injusto! - respondeu, manhoso.

- Parece justo para mim.

- Eu tive uma ideia! - ele disse animado.

- Ideia, que ideia?

- Hum, te digo depois. Beijo. - desligou.

Christopher, com sua imaginação louca, teve a ideia de se casar com Dulce. Tá, isso vocês sabiam, mas era casar mesmo. Literalmente! Só que no civil, apenas. Caso acontecesse algo com Christopher, Dulce como esposa, teria direito total sobre tudo que ele havia deixado, podendo cuidar da criança.

Ela não havia entendido nada daquele papo, mas admitiu que tinha ficado bastante curiosa. Deixou o celular na mesinha e fechou os olhos para dormir novamente. Não demorou muito para estar entrando no mundo dos sonhos.

Sonhava que estava sentada numa poltrona, amamentando seu bebê, que era uma menina. Christopher estava sentado do lado, sorrindo e trocando vários beijos com Dulce.

- Ela é a coisinha mais linda que eu já vi. - Christopher, com cara de papai babão, dizia,segurando a mãozinha da pequena menina.

- Tem seu sorriso amor! - sorria.

O sorriso de Christopher se desfez e ele abaixou o rosto e disse:

- Será uma pena não poder ver esse sorrisinho, nunca mais...

- Não diga isso, amor. - ela pediu. - é claro que você vai ver ela sorrindo várias vezes.

- Não poderei. - ela pegou a menina no colo e elazinha o olhou, dando um gostoso sorriso para o pai. - Você vai ficar bem.

- Amor, pare de dizer essas coisas. - exigiu, e ele entregou novamente a bebê para os braços da mãe.

- Chegou a hora de ir, minha vida!

- Não. Como assim, ir para onde? - ela chorou.

- Não se preocupe, eu vou estar cuidando de vocês. - ele se inclinou e a beijou.

- Christopher, não vá. - pediu, em prantos.

- Eu devo ir! Até. - ele se virou e foi caminhando pra longe, deixando Dulce e a filha, Sofia, sozinhas.

Dulce acordou num pulo, de tão assustada. Notou que sua mãe estava ao seu lado. Sem saber se foi sonho ou realidade, abraçou fortemente Blanca e chorou como uma criança de colo.


𝑨𝒎𝒐𝒓 𝒃𝒍𝒊𝒏𝒅𝒂𝒅𝒐Onde histórias criam vida. Descubra agora