Com sua mala na mão, Dulce encarou a mãe, que em nenhum momento parecia querer impedi-la. Dulce já sabia o que estava fazendo, então, impedir ela sair de casa para que?
- Então, Tchau! - ela atravessou a porta, levando a mala de rodinhas.
Dulce não era tão menina. Já era uma mulher, estava decidida. Porém, não quis ir para a casa de Christopher, seria totalmente arriscado. Não se despediu do pai, muito menos do irmão. Sua vontade era dizer a eles quem era seu namorado. Mas pra que fazer isso? Não ganharia absolutamente nada, talvez um tapa na cara, mas fora isso, nada mais. Tudo o que levava na mala, havia comprado com seu próprio dinheiro, então não podiam impedi-la de sair sem nada.
Pegou um táxi e ligou para Christopher, que atendeu no mesmo instante:
- Oi, amor. - atendeu.
- Oi. - ela apenas disse.
- Que voz é essa? Aconteceu algo, né?
- Sim... - suspirou. - Saí de casa!
- Saiu de casa? Como assim, saiu de casa? - ele se espantou.
- Depois eu te explico. Será que sua mãe deixaria ficar na casa dela?
- Bom, eu aposto que sim, eu vou ligar pra ela, ok?
- Ok. Beijos!
O táxi andava pela cidade e fazia-a relembrar tudo o que tinha vivido até hoje. De quando era pequena, dizia que seu namorado seria um príncipe como o do desenho animado que assistia. Ela havia encontrado seu príncipe. Sorriu.Percebeu como tinha visão errada sobre aquilo. Sobre aquele mundo que Christopher vivia. Tá, ele não era nenhum santo, mas no fundo não era má pessoa. Lembrou-se de quando conheceu Maite, na festa do colégio. Foi uma amizade certeira. Lembrou também da noite que Maite a arrastou para aquela favela numa noite de sexta feira, a princípio, achara loucura total, mas se não fosse por isso, jamais teria conhecido o amor.
Chegou a casa de Alexandra, sua sogra. Ficou meio apreensiva com o que estava fazendo. Tocou a campainha e ouviu passos. Logo a porta se abriu.Alexandra sorriu para ela:
- Olá, querida! - disse, dando um abraço aconchegante na nora.
- Boa noite, dona Alexandra.
- Venha, entre! Está muito frio aqui fora.
Dulce obedeceu e entrou. A casa realmente era muito linda. Toda decorada parecia um palácio.
- Oh, estou tão sem graça com essa situação, dona Alexandra.
- Primeiramente, me chame apenas de Ale. - ela disse finalmente vendo um sorriso brotar nos lábios de Dulce.
- Agora me explique o que aconteceu direito.
Dulce respirou fundo e começou explicar aquela tensa situação. Em nenhum momento, foi interrompida para levar algum sermão ou algo do tipo. Alexandra a ouvia sem julga-la, queria ajudar aquela desamparada jovem.
- Então, nós brigamos e eu saí de casa.
- Entendo! Christopher havia me ligado para dizer que você estava vindo para cá.
- Não quero que se sinta obrigada a me hospedar em sua casa, apenas porque Christopher pediu. - disse num tom baixo.
- Não, que isso. É um prazer ter você aqui, sabia? Você fez muito bem ao meu filho, de verdade.
- Eu o amo demais... - Dulce suspirou olhando para a foto de Christopher pequeno em cima da mesa de centro.
- E ele também te ama, pode ter certeza.
Uma empregada apareceu.
- Senhora, o jantar está pronto. - a empregada disse.
- Muito obrigada. - agradeceu Alexandra. - Gostaria de jantar, Dulce?
- Gostaria sim, obrigada.
Alexandra levou Dulce até a sala de jantar.
Uma mesa grande carregada de deliciosos pratos, que fez a fome de Dulce aumentar só de olhar.
- Ual! - exclamou.
- Espero que goste. Pode se servir. – Ale sorriu.
O jantar foi calmo e sossegado. As duas aproveitaram para se conhecer melhor. Logo depois, Ale mostrou álbuns de Christopher durante sua infância.Era uma criança linda e cheia de vida. Dulce sorria a cada foto que via.Loiríssimo, com bochechas rosadas, dentinhos pequenos e aqueles olhos cor demel, que faziam suspirar. Alexandra subiu para tomar banho, deixando Dulce nasala de estar sozinha.
- Boa noite. - Dulce olhou, era o pai de Christopher, Victor, que falava com ela.
- Boa noite, senhor Victor.
- Eu te conheço... - ele disse, fixando bem os olhos em Dulce.
- Sim, conhece. Sou namo... Noiva do Christopher.
- Noiva?! - ele franziu as sobrancelhas e Dulce concordou com acabeça.
- Desculpe a pergunta, mas quantos anos você tem?
- Faço 19 daqui a uns meses.
- Tsc, tsc, tsc. - ele se sentou ao lado de Dulce.
- Que juventude.
Dulce não entendeu o comentário.
- Não compreendo.
- Vai mesmo se casar com Christopher? - sua face mostrava dúvida.
- Pretendemos casar sim, senhor.
O olhar de Victor parecia perdido por um instante.
- Não acha que está sendo precipitada? Casar assim, com 18 anos não parece ser uma boa escolha.
- Eu o amo o suficiente para saber que é com ele que quero estar,senhor.
- Compreendo. Mas e seu futuro? Pretende trabalhar com o que?
- Arquitetura, na área de designer de interiores.
- Bom trabalho. - elogiou.
- Uma designer... Casada com um traficante?
- Não me importo com o que as pessoas falam.
- Mas deveria. A voz do povo é a voz de Deus.
- Se eu for pela voz do povo, jamais serei feliz.
- E ao lado do meu filho você é feliz?
- Muito. - disse com clareza total.
- Hum, intrigante. Ele está aqui?
- Não, senhor. Apenas eu. Sua esposa, a senhora Alexandra, me deixou passar uns dias aqui... O senhor... Incomoda-se?
Ele balançou a cabeça negativamente.
- De maneira nenhuma, fique a vontade!
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𝑨𝒎𝒐𝒓 𝒃𝒍𝒊𝒏𝒅𝒂𝒅𝒐
RandomDulce e Christopher vivem em mundos diferentes. Ela, uma rica menina, vaidosa, mora em Copacabana. Sempre teve de tudo do bom e do melhor. Ele, que tem um passado curioso, é o traficante mais procurado do Rio de Janeiro. De uma forma inesperada, o...