015

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Dulce chegou em casa chorando bastante. Estava sentindo um vazio, uma dor que ela não reconhecia na sua caixinha de sentimentos. Ela estava magoada com Christopher.

Sua mãe notou seu pranto e foi acolher aquele ser que parecia tão indefeso e sensível. Bateu na porta do quarto dela, mas ficou sem resposta, então tomou a decisão de entrar.

- Filha... - Sua voz estava calma e preocupada, ela queria entender o motivo disso.

Dulce num gesto de desespero, abraçou a mãe forte, praticamente pedindo proteção e algo a mais para curar aquela dor que ela estava sentindo.

- Dói tanto, mãe! - Dizia, quase sem poder pois estava se afogando em um mar de soluços.

Como dizem por aí, mãe é mãe. Blanca soube perfeitamente o que estava doendo em Dulce. Era o amor, o amor de um homem.

- Me conta o que aconteceu meu anjo. - Blanca limpava as lágrimas que insistam cair do rosto de sua filha.

Dulce ficou calada. Não se ouvia mais o choro nem o som de sua respiração ofegante. Ela queria gritar pra mãe que estava apaixonada pelo traficante mais conhecido no Rio de Janeiro. Mas não podia e não devia.

- Se você não me contar, não tem como eu te ajudar. - Blanca continuava abraçada a Dulce, dando beijos acolhedores ao rosto ainda molhado da filha. - É o amor né, filha? - Perguntou com uma voz franca, como se soubesse cada detalhe do que Dulce estava passando.

Dulce olhou para a mãe e com seus olhos vermelhos ela perguntava como ela sabia.

- Não me olha assim. Eu sou sua mãe. Te gerei aqui dentro de mim. Te conheço melhor do que todas as pessoas do mundo. Não omita nem minta, é amor, certo? - Dizia enquanto passava a mão no rosto de Dulce.

Dulce apenas afirmou com a cabeça e em seguida olhou pra baixo, com tristeza.

- Essa dor que você está sentindo, vai passar. Amor é assim... Como uma academia. No começo, dói bastante mas depois a gente se acostuma. - Blanca falava mansa olhando pro nada. - É melhor você se deitar para esfriar a cabeça, hm... anda se deite! - Ela fez um gesto obrigando a filha se deitar e em seguida a cobriu, dando um beijo em sua testa.

Apagou a luz e saiu do quarto. Suspirou. Dulce havia crescido. Não era a mesma menina de 10 anos que brincava de ser jornalista e fazia o controle remoto de microfone. Blanca sentiu um pouco de culpa ao pensar que quase não foi uma mãe tão presente para Dulce. Deixava ela sempre com sua mãe para poder ir trabalhar. Se sentiu uma péssima mãe, pois a própria filha não quis se abrir com ela e dizer o que estava sentindo.

No pavão-pavãzinho, Christopher entrou na boca com cara de cão sem dono. Estava arrependido pois tratou mal a menina que gostava dele. Caio, que não perdia a oportunidade de zoar o amigo, fez uma piadinha.

- Ih, pelo visto o pé na Bunda foi pra você né? - Ele ria enquanto fumava um cigarro de maconha.

Chris se sentou e pôs a mão na cabeça.

- Caio, agora não. Por favor! - Sua voz estava baixa, estava sem vontade de conversar.

- O que aconteceu? - Insistiu Caio.

- Eu fiz a maior besteira. Ela não me contou porquê quer me proteger. Me proteger do pai dela, porquê ela está se apaixonando por mim.

Caio deu um leve tapinha nas costas de Christopher .

- Arrasando corações, hein. Mas e você? Tá apaixonado também ou só está se fingindo de bom moço até levar a patricinha pra cama?

- Pare de dizer idiotices. - Exigiu, bravo. - Eu também estou apaixonado por ela.

Caio riu, fazendo soltar toda fumaça de seu cigarro. Christopher só podia estar brincando. Mas não. Caio ficou sério novamente pois Christopher olhava pra ele com seriedade.

- Ahm... - Caio disfarçou. - Apaixonado? Nossa!!

- Sim, e fiz besteira. E preciso consertar isso, cara. Depois que eu vi ela chorar e correr de mim eu me senti um monstro. Deu vontade de segui-la e abraçar ela tão forte... pedir desculpas, perdão.

Caio estava chocado. Aquele não era Christopher , de certa forma. Christopher nunca se importou tanto com uma garota.

- Peça desculpas e ponto, poxa. - Insistiu Caio.

- Isso não basta. Preciso dar carinho, flores, chocolates...

- Isso é muito gay.

Christopher bufou e se levantou, entrando em casa. Pegou seu celular enviou uma mensagem a Dulce. Apenas com uma carinha triste. Esperou pacientemente uma resposta e não recebeu.

𝑨𝒎𝒐𝒓 𝒃𝒍𝒊𝒏𝒅𝒂𝒅𝒐Onde histórias criam vida. Descubra agora