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Um mês depois, numa segunda feira bastante chuvosa. Dulce estava no intervalo, sozinha, pois sua amiga Maite havia faltado. Algumas pessoas que passavam, encaravam Dulce com uma mistura de surpresa e desprezo. Talvez, por ser algum usuário de drogas que conhecesse Christopher ou já tinha visto ele com Dulce. Pois bem, ela não ligou, pelo menos não demonstrava. Tentava ligar para Christopher, mas só dava ocupado, então ela voltou para a sala de aula pra tentar estudar.

Christopher não atendeu pois estava falando no telefone com Caio, que estava na cidade. Falavam sobre um cara, que estava devendo a boca de fumo e sobre a sua execução. Christopher, quando queria, tinha sangue frio e matava sem piedade. E era isso que faria.

- Traga esse sujeito imediatamente para cá. - ordenava ao Caio.

Dulce estava com um pressentimento ruim e bastante pesado. Não sabia o porquê, só sabia que Christopher tinha algo a ver com isso.

- Christopher está em perigo, to sentindo isso. Preciso ver ele. - ela pensava, enquanto suas pernas balançavam, esperando o resto da aula acabar para finalmente ver ele.

Sentado numa cadeira, Christopher fumava um cigarro de maconha, relaxado, apenas esperando o tal sujeito chegar para acabar com aquilo tudo. Estava pensando no que fazer, para executar aquele plano. Ir-se-ia torturá-lo ou matar logo de uma vez.

Ele se sentou na rede, e cochilou por alguns minutos, até ser acordado por Caio.

- Acorda cara, precisamos trabalhar. - Caio disse.

O olhar de Christopher mirou o viciado, que já estava chorando como qualquer um na situação dele. Chamava-se Roberto, mas era conhecido como Betinho. Trabalhava na cidade e com o pouco dinheiro que ganhava, comprava tudo em droga. Até que um dia, seu chefe não aguentou mais e o demitiu. Sem escolha, passou sempre dever mais e mais e como todos sabem, na favela, quem tá devendo, paga com a vida.

- Pensou que escaparia de mim, malandro? - Chris disse, dando dois tapinhas leves no rosto de Betinho.

- Por favor, cara, eu juro pra tu que vou te pagar. Espera só um pouco. - Betinho pedia, chorando.

- Essas suas lágrimas não me convencem de nada, viciadinho de merda. E esse teu papinho de que vai quitar as dívidas, já deu.

- Eu te juro cara, me dá só mais uns meses.

- Meses? Para que? Eu to te dando a oportunidade de quitar a dívida, malandro. Com uma bala dessa aqui, oh. Tu tá morto. E mortos não devem. Sacou?

- Eu não quero morrer. - o cara dizia, chorando mais ainda.

Christopher fez um sinal para que Caio e os outros levassem Betinho para cima do morro. Eles o puxaram e levaram.

Dulce finalmente havia sido liberada, e estava pegando um táxi pra comunidade. Enquanto Christopher preparava uma arma calibre 38, Dulce estava mais próxima.

Christopher subiu. Viu Betinho de joelhos, ainda chorando, com as mãos amarradas. Ele implorava pela liberdade, queria de salvar a qualquer custo. Christopher o encarou disse:

- Vamos acabar logo com isso. Não tenho todo tempo do mundo pra ficar de papinho com um cracudo feito você.

Betinho, já aceitando que morreria, continuava chorar calado.

Christopher ouviu uma voz chamar seu nome e essa voz ele reconhecia muito bem. Era Dulce.

- Christopher, o que está fazendo? - ela perguntou, sem entender ainda.

- Dulce como chegou aqui?

- Isso não... Não importa. E esse cara preso

- Caio leve ela lá pra baixo. Amor deixa eu te explicar isso depois.

- Não toca em mim. - ela disse, ao ver que Caio tentava levar ela lá pra baixo.

- Aff, melhor eu acabar logo com isso. - Christopher pensou e apontou a arma para a cabeça de Betinho, que tremia.

Dulce, assustada com a cena, berrou:

- CHRISTOPHER, O QUE VOCÊ VAI FAZER?

- Por favor, não se meta. Eu pedi para você descer, você não quis. Então você vai ver tudo isso.

- Me ajuda, me ajuda!!!! - Betinho implorava para Dulce.

- Christopher, não!!!!!! - Dulce puxou a arma da mão de Chris, fazendo-a disparar pra cima.

- DULCE, NÃO SE META, JÁ DISSE! - ele gritou. - E quanto a você, não adianta pedir ajuda, pois você vai morrer de qualquer modo.

- Eu tenho mulher, e um filho pequeno para criar, por favor... - chorava. Betinho tentava se salvar de qualquer modo.

- Pensou na tua família antes de se drogar? Você bate em sua esposa, então vou dar um pouco de paz a ela. - Christopher dizia, com um jeito que fez Dulce se assustar, ele nunca tinha falado assim!

- CHRISTOPHER, NÃO! -Ela berrava.

Caio segurou Dulce à força e tapou sua boca para que Christopher pudesse completar sua missão.

- Tenha piedade de mim. Por favor, não me mate.

- Por que eu deveria te deixar vivo? Você não tem um motivo se quer para viver. Se eu tivesse um filho, não seria como você faria tudo por ele, seu inútil. - Chris deu dois chutes na barriga do sujeito que caiu chorando.

Os olhos de Dulce estavam cheios de lágrima. Christopher não era o mesmo do que o cara de um mês atrás. Estava frio e sem piedade. Ela continuava se mexendo para se soltar de Caio.

Chris destravou a arma, apontou pra cabeça de Betinho. Fazendo Dulce tremer de medo, morder a mão de Caio e quando finalmente estava com a boca livre, gritou:

- CHRISTOPHER NÃO FAÇA ISSO, POR FAVOR. PELO SEU FILHO... EU ESTOU GRÁVIDA!!!!

𝑨𝒎𝒐𝒓 𝒃𝒍𝒊𝒏𝒅𝒂𝒅𝒐Onde histórias criam vida. Descubra agora