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Quando Dulce despertou, eram 21h22minutos. Ela não sabia onde estava, sua cabeça latejava de tanta dor, pensou em gritar, mas um ar de suspiro lhe veio quando notou que sua mãe estava ali do seu lado, com a cabeça abaixada, parecendo orar.

- Mamãe? - perguntou com a voz fraca.

Blanca olhou para a filha e sorriu, e disse baixinho "Obrigada, Deus!". Passou a mão no rosto dela, fazendo-a fechar seus olhos.

- Meu amor, que bom que você acordou. - disse com calma.

- Mãe, o que eu tô fazendo aqui? Isso é um hospital? E o Christopher, cadê ele? - tentava buscar respostas e desembaralhar sua mente.

- Meu amor, por favor, acalme-se... deixa eu te explicar com calma.

- Mãe... - seus olhos se encheram de lágrimas, ela já estava pensando no pior. - O Christopher mãe... cadê ele?

- Shhh, não chore. Ele não morreu, ouviu? Ele está bem... mas... foi preso.

Dulce abaixou a cabeça e deixou-se soltar um grande suspiro. Antes preso do que morto, ao menos ele estava vivo.

- E eu? Por quê estou aqui? A Sofia está bem?

- Vocês estão ótimas, não se preocupe. Uma bala perdida atingiu seu braço e por pouco não passa no seu nervo. - não era bem uma bala perdida, mas Blanca preferiu dizer isso. Imagina como seria contar para sua filha, que o tiro que ela levou foi do próprio pai? Sem querer, mas foi.

- Quero ir embora, mãe...

- Você terá que passar essa noite em observação. Tudo bem? Você aguenta isso?

Dulce apenas fez que sim. Estava atordoada demais para pensar em algo. Seu olhar se perdeu para o nada e tudo o que conseguia lembrar era o ultimo abraço que havia dado no seu grande amor.

***

Na delegacia, Christopher e Caio estavam na mesma cela. Caio tentava consolar o amigo, que já estava aflito por não receber notícia alguma sobre Dulce e sua filha. Andava de um lado para outro, esperando algum policial passar pelos corredores da prisão, mas nada. A única pessoa que poderia dar alguma informação, era o carcereiro, que dormia profundamente em cima da mesa.

- Eu nunca vou me perdoar se acontecer algo com Dulce ou com minha filha. Nunca mesmo. - Christopher dizia, sua voz carregava ódio, um ódio grande e contra si mesmo.

- Se você continuar pensando assim, é óbvio que vai acontecer algo, cara. - Caio dizia. - Relaxa, sua mina e tua filha tão bem.

- Você diz isso porque não é tu no meu lugar, Caio. - bufou. - Eu preciso ver ela, pedir perdão...

- Com a cabeça quente você não vai conseguir nada. Sente aí e relaxa.

Ouviu-se o portão de ferro abrir e em seguida, uns barulhos de passo apareciam no ouvido de Christopher, Caio e nos restos dos presos que ficavam mais da deles.

Christopher se virou para ver quem era, e se surpreendeu ao ver que era Fernando.

- Christopher... - Fernando disse, satisfeito por ter concluído seu desejo. - Finalmente. Você não sabe por quanto tempo eu imaginei essa cena na minha cabeça.

- Desgraçado. - gritou com toda sua força! - Atirou na minha morena.

- Você tem provas? - riu. - Cadê a prova para me acusar?

- O que é seu, tá guardado. - Christopher se aproximou das grades da cela. - Você vai receber seu castigo por todo mal que fez.

- É mesmo? De quem? De você?

- De mim, ou de qualquer outro cara que estiver lá fora... isso não importa. A mais severa será o castigo de Deus.

- Uhhhh. Eu não tenho medo, pode vir a justiça Divina. Meu desejo se concluiu, e isso é o que me faz rir da tua cara. Agora você está em minhas mãos.

- Isso é o que você tá achando. Eu não desisti da sua filha, e jamais vou desistir.

Fernando o encarou aquele rapaz falar na sua frente. Seus olhos semi-abertos com seu sorriso triunfante, acabaram tendo "a ideia".

- Você pode não desistir dela... porém ela... já desistiu de você.

- Que história é essa? A Dulce nunca faria isso. Ela me ama. Não ficaria com outro.

- Eu sei disso. - suspirou.

- E então por que, diabos, tá dizendo isso?

- Por que... Christopher... Dulce está morta!!!!!

"Dulce está morta!!!!!"

"Dulce está morta!!!!!"

"Dulce está morta!!!!!"

"Dulce está morta!!!!!"

"Dulce está morta!!!!!"

"Dulce está morta!!!!!"

Aquelas duras palavras haviam entrado no coração de Christopher, como um tiro de fuzil. Suas pernas não aguentaram, ele teve que se sentar, enquanto aquela frase se repetia inúmeras vezes em sua cabeça. Sua Dulce, estava morta, e sua filha que nem conheceu, também estava. Fernando deixou a delegacia com um sorriso no rosto, enquanto Christopher se desmanchava em lágrimas.

Amor. Seu amor... seu grande amor não volta mais.


𝑨𝒎𝒐𝒓 𝒃𝒍𝒊𝒏𝒅𝒂𝒅𝒐Onde histórias criam vida. Descubra agora