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Um dos maiores defeitos dos pais, é achar que sabe tudo sobre seus filhos e na verdade, só conhecem o básico de suas emoções e pensamentos. Fernando se recusava a admitir isso. Achava que conhecia sua filha como conhecia uma arma, mas não. Não conhecia. Parou na porta do prédio, desligou o carro e olhou para Dulce.

- Você já pode parar. - comentou.

- Parar? - ela questionou. - parar com o que?

- Com esse teatro. - ele também se recusava a aceitar que ela realmente estava apaixonada por aquele cara. - Isso é uma forma de chamar a atenção, já descobri.

Dulce soltou uma risada abafada e deitou sua cabeça no banco do carro, tentando fingir que não tinha ouvido aquilo.

- Pai, você acha mesmo? Acha mesmo que eu correria todo esse risco apenas para chamar a sua atenção ou a da mamãe? Não tem cabimento você pensar isso.

- Pois estou pensando e sei que tenho razão. Você não o ama, e ele muito menos a você.

- Você tá enganado, pai... Eu o amo de verdade, aceite. Ele também me ama.

- Se você está dizendo. - Fernando olhou para os lados e em seguida olhou para Dulce. - Vamos para casa.

Dulce notou que seu pai estava furioso por dentro, porém bastante calmo por fora. Subiu para seu andar ao lado dele, calado. Era estranho. Parecia que estava com um estranho, mas era seu pai. Em outra época, estariam brincando um com o outro para saber quem chegaria mais rápido em casa, mas agora... Não. Sem mais brincadeiras, sem mais risadas.

Quando entraram em casa, Blanca estava de pé ao lado de um jovem, que até então era desconhecido para ela. Estava esperando por Fernando, e o assunto parecia sério.

- Oh, boa tarde! - Fernando cumprimentou o jovem. - Que bom que veio.

- Não deixaria de vir. - ele disse, sorrindo e depois olhou para Dulce.

- Fernando. - Blanca disse, desconfiada com aquela situação. - Quem é esse rapaz?

- Esse? Ah, desculpe por não apresentar. Esse é o Jeremias. O novo policial lá da delegacia.

- Sei... - Blanca o olhou. - E o que ele faz aqui?

- Nós temos assunto para tratar. Poderiam dar licença?

Sem discutir mais, Blanca e Dulce foram para seus quartos, deixando-os sozinhos.

- Bela casa, senhor Fernando. - Jeremias elogiou.

- Obrigado, mas não viemos falar sobre minha casa, certo?

- Certamente. Viemos falar sobre negócios.

- Exato. Negócios.

- E sobre que tipo de negócios veio falar? - Jeremias perguntava.

- Você reparou na jovem que chegou comigo?

- Sim, muito linda. - ele respondeu sinceramente.

- Minha filha. Uma graça mesmo.

- Ela tem a ver com isso?

- Tem Jeremias. Tem e muito.

- Não compreendo o que quer dizer, senhor.

- Me chame de você! - Fernando sorriu.

𝑨𝒎𝒐𝒓 𝒃𝒍𝒊𝒏𝒅𝒂𝒅𝒐Onde histórias criam vida. Descubra agora