014

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No dia seguinte, Maite e Dulce saiam do colégio, como de costume. Um ao lado da outra, conversando sobre os acontecimentos daquele dia. Caminhando de volta pra casa, Dulce não tirava os olhos do celular com a esperança de Christopher  responder sua mensagem. Maite percebia a angustia da amiga e tentava acalma-la, dizendo que tudo tava bem. Dulce mudou de assunto, para tornar a ida para casa mais agradável.

- Você acha que foi bem no teste de física? - Dulce perguntou.

- Acho que sim, se eu não fui tão bem ao menos deu pra ficar na média. - Respondeu Maite, confiante, olhando para os livros. - E você? Estava tão pensativa na hora do teste...

- É que... - Dulce suspirou. - Eu não consegui parar de pensar no Christopher.

- Entendo. Mas acha que foi bem?

- Não muito, sinceramente!

Falando do próprio, ele aparece na frente de Dulce, que mistura nervosismo com um sorriso lindo que mostrava como o dia estava lindo.

Christopher não estava muito sorridente, e nem ao menos disfarçou isso. Falou friamente com Dulce.

- Oi.

- Christopher! - Os olhos de Dulce brilharam e ela o abraçou.

- Tem um tempo? Preciso falar com você. - Christopher disse.

- Claro, vamos nessa cafeteria aqui? Maite, você vem?

- Hummm... - Maite pensou, mordendo os lábios. - Ok, mas eu fico em outra mesa pra não incomodar.

Christopher não se incomodou e caminhou com as duas até a cafeteria. Esperava que Dulce fosse sincera com ele. Se sentaram numa mesa e Maite ficou ao lado, ouvindo músicas em seu iPod.

- Quer beber algo? - Dulce perguntou ao Christopher.

- Não. O que eu preciso falar, é bem rápido e direto.

Dulce o encarou e ficou com um frio na barriga e pensou em milhares de coisas que Christopher queria falar.

- Oh, claro! Aconteceu algo? - Ela perguntou.

- Bom, acontecer ainda não aconteceu. Apenas quero que me diga o porquê de ter escondido de mim, que é filha do Delegado Fernando.

Dulce arregalou os olhos, como ele poderia ter descoberto isso? Como soube? Ela definitivamente não sabia o que responder, começou a tremer, pensando no pior e não fazia idéia de onde enfiar a cara.

- Você não tem nada pra me dizer? - Christopher disse apertando as mãos de tanta raiva.

- Co-como descobriu?

- Então é verdade... Mas a questão não é essa. Eu quero saber, porque não me disse nada? Me fez gostar de você, pra depois saber que eu estava sendo traído.

- Mas... eu não te traí. - Dulce dizia, com suas mãos vibrando. - Por quê está dizendo essas coisas, Christopher? De onde tirou isso?

- De onde tirei isso? O que você queria que eu pensasse?

- Eu não sei. Mas está pensando errado, eu nunca...

- Olha, presta atenção. Traição é a pior coisa do mundo. Em todos os sentidos da palavra. Quando é de alguém que você gosta muito, a raiva aumenta pois você confiou inteiramente naquela pessoa.

- Christopher, eu não te traí! Eu só não disse pro meu pai... porque...porque! - Dulce queria dizer que estava apaixonada por ele, mas chegou a pensar que ele riria dela ou diria algo que a machucasse muito, então preferiu ficar calada.

- Anda, diz! Por que você queria sair um pouco da sua vida "frustante" e se divertir com uma pessoa diferente de você, e depois entrega-la em bandeja de ouro ao seu pai? É isso?

Os olhos de Dulce  se encheram de lágrimas, e a unica coisa que ela pode fazer foi sair correndo dalí. Ao sair, ela reativou a atenção de Maite, que há um minuto estava bem distraída com o som auto de seus fones.

- Ahm? Dulce?! - Ela olhou pra porta do estabelecimento, e em seguida olhou Christopher. - O que aconteceu? Por quê ela estava chorando? O que você fez?

- Olha bem pra minha cara e vê se eu te devo alguma satisfação. - Disse Christopher, grosseiro, se levantando para sair.

-EI! Pode ficando aqui. - Maite segurou o braço de Christopher, não tinha medo de nada quando o assunto era defender suas amizades.

- Me solta! - Christopher exigiu.

- Te solto depois que você me explicar o que fez a Dul...

- Isso não é da sua conta.

- Ah não? Hum, ok! Provavelmente, poderá ser da conta da polícia. Deixa eu ligar aqui... - Maite pegou o celular e Christopher bufou.

- Tá, eu digo morena!

Christopher se sentou e explicou a situação a Maite, mesmo sabendo que ela não tinha absolutamente nada a ver com isso e ele não entendia o motivo dela estar metendo o nariz onde não foi chamada. Maite não o julgava, apenas tentava entender o seu raciocínio.

- Então quer dizer, que você estava saindo com a Dul e descobriu que ela supostamente estaria traindo sua confiança.

- É! Talvez para o pai dela me prender depois, algo assim.

- Você é um estúpido.

Ninguém nunca havia dito algo assim para Christopher, não ao vivo e em cores.

- Ah sou? - Christopher cruzou os braços. - E porque hein? Me diz...

- Se a Dulce não te disse que o pai dela é Delegado, é porque estava tentando te proteger. Pois ela sabe que o pai dela adoraria por a mão em você nos seus capangas.

- Me proteger? - Christopher perguntou surpreso. - E por qual motivo ela quer tanto me proteger.

Maite respirou fundo e levou a mão ao seu rosto.

- Ai eu mereço. Você pode entender muito de armas, drogas e munições. Mas já vi que não sabe nadinha de mulheres.

- Quer responder logo? - Christopher deu um leve soco na mesa de madeira.

- Deixa de ser burro. A Dulce está apaixonada por você. Ela está te amando.

A cara de Christopher ao saber disso, já era esperada por Maite.

Christopher estava confuso. Dulce realmente estava apaixonada ou era apenas mais um capricho de adolescente? Ele se perguntava na sua mente.

- Você disse... que Dulce está apaixonada por mim... e por isso, não me disse nada?

- É! Cara, melhor você pintar o cabelo de preto, vai ser lerdo assim lá na China.

- Apaixonada por mim... - Ele dizia baixinho com a mão no rosto.

- Bom, eu vou indo. É melhor você tentar conversar com a Dulce e pedir desculpas pra ela. E, seja romantico uma vez na vida, ok?

Maite saiu e foi pra sua casa. Pensou em ir a casa de Dulce, mas preferiu deixar a amiga descansar.Christopher estava surpreso, muito surpreso. Nenhuma menina, havia demonstrado algo assim por ele, e ele percebeu o quanto foi burro em ter  dito aquelas coisas.

𝑨𝒎𝒐𝒓 𝒃𝒍𝒊𝒏𝒅𝒂𝒅𝒐Onde histórias criam vida. Descubra agora