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No dia seguinte, um sábado um pouco nublado, mas ainda sim com sol, era o padrão naquela bela cidade. Blanca e Fernando deixaram Dulce quieta um pouco, sobre o tal assunto das drogas. Mas ainda sim, observando o comportamento da filha, que mostrava naturalidade sobre o assunto.

Como Alfonso estava no trabalho, Dulce quis chamar a amiga Maite para passar a tarde em sua casa. Sem dúvidas, a amiga aceitou e foi para a casa de Dulce . O quarto dela se transformou numa pequena balada-cinema-restaurante.

Fizeram brigadeiro, bolo, dançaram e viram um filme durante boa parte do tempo.

- Eu adoraria conhecer essa atriz! - Dulce dizia, segurando uma colher cheinha de brigadeiro.

- E eu adoraria assistir outro filme quando vir pra cá. - implicou Maite , já que era a terceira vez que viam o mesmo filme.

- Você também adora esse filme que eu sei, principalmente o galã. Ui!

- Não, meu galã está no trabalho, lembra? - Maite ria.

- Haha, boba! - Dulce suspirou e levou a mão até a barriga. Largando de mão a colher onde comia o brigadeiro. - Ain... De novo... Ela via tudo girando.

- O que houve, amiga? Tá passando mal?

- Uhum! - fez que sim com a cabeça, de olhos fechados.

- Outra vez? Isso está ficando estranho já.

- Deve ser essa nova dieta que estou fazendo. Sem gorduras, e meu corpo tá sentindo falta. - sua voz era lenta e baixa.

- Você tem certeza que não é nada à mais? - Maite mordeu os lábios.

- O que quer dizer com isso?

- Dulce, posso te fazer uma pergunta meio desconfortável?

- Claro, faça...

- Não me leva a mal, não quero me intrometer na sua vida, nem nada mas... Sou sua melhor amiga. - Dulce não entendia o rumo da conversa. - Você e... Christopher , transaram sem camisinha?

Dulce fechou os olhos tentando se lembrar. A resposta, era sim.

- Aham, fizemos, umas duas vezes, na primeira vez e... Na última, eu acho. Por quê?

- Tomou remédio, ou algo do tipo

- Sim, uns anticoncepcionais, sabe... - ela disse, pegando a caixa do remédio na gaveta do criado mudo.

Maite pegou a pequena bula que tinha dentro da caixa. Começou a ler com atenção toda. Dulce, meio lenta com os enjôos, ficou apenas olhando a amiga. Seu raciocínio não sacava ainda.

- Aqui tá dizendo - começou Maite . - Que você deve tomar um, alguns minutos antes da relação sexual.

- Alguns minutos antes? Mas tem anticoncepcionais que tem um efeito pra quase uma semana.

Maite novamente releu a bula, procurando com atenção alguma observação.

- A paciente deverá tomar um comprimido antes da relação. - Maite lia. - O remédio tem um efeito duradouro - uma semana -, se tomado corretamente. Você tomou corretamente?

- Sim, amiga! - Dulce explicava. - Como todo remédio, um copo de água mais o remédio e puff, livre de gravidez.

Maite riu do comentário e novamente olhou pro papel. Seu sorriso desapareceu quando seus olhos acharam a ala "Observação" . engoliu seco.

- Dul-dulce . Você disse que tomou com água?

- Sim, com água.

- Observação, o medicamento só funcionará se for... Ingerido com um copo de leite. - Maite leu e olhou para Dulce .

- O que... O que isso quer dizer? - ela não queria acreditar.

- Quer dizer que... Você tomou os remédios a toa, há uma grande possibilidade de... estar grávida.

O coração de Dulce começou a bombear mais forte. Ela não podia estar grávida, seria uma bomba para ela. Queria ter filhos, claro, mas não naquele momento.

- Maite não diga tantas bobagens. - a voz de Dulce estava aflita.

- Não estou dizendo bobagens, você bebeu o remédio a toa. Por não ler a bula, cortou o efeito do remédio. E agora?

- Não me assusta, amiga.

- Não estou tentando te assustar. Vamos fazer o seguinte? Acabaremos logo com essa dúvida. Ligamos para a farmácia e pedimos 5 testes. Ele é carinho, porém muito bom.

- Ai meu Deus! - Dulce mordeu os lábios. - tá, tá tudo bem. Liga para farmácia por favor.

Maite pegou o telefone da amiga e discou o número da farmácia. Enquanto fazia o pedido, Dulce olhava para sua barriga. Pensou nas possibilidades de realmente estar grávida. Sentia enjoos, sua menstruação estava atrasada, seus seios estavam aumentando um pouco e eles doíam. "Christopher vai me odiar se isso for verdade." - ela pensava.

- E então? - Dul perguntou.

- Eles vão trazer daqui a pouco.

Dulce deitou a cabeça sobre o travesseiro, não contendo suas lágrimas de desespero diante daquela situação. Se sentia sozinha, apesar de saber que podia contar com Maite . O porém era que ela era nova, um bebê naquele momento iria atrasar seus planos, seus futuros cursos. Maite fazia a amiga se acalmar, ao menos tentava, tentava mostrar o lado bom da coisa, que ela e Christopher talvez iam ter um laço forte de união por conta daquele ser que talvez estava vindo.

Em 10 minutos, Maite foi atender a porta. Por sorte, Mateus estava no quarto. Pagou o entregador e voltou para o quarto.

- Pronto amiga, aqui está. Você já sabe o que fazer.

Dulce fez que sim com a cabeça. Pegou três testes iniciais e deixou dois para mais tarde. Foi devagar para o banheiro. Queria que o tempo parasse ou algo do tipo.

Uns 8 minutos depois, ela ainda estava dentro do banheiro. Maite já estava aflita.

- Dulce, amiga... Você tá bem? - Maite bateu na porta do banheiro.

- Já estou saindo.

Mais alguns segundos e Dulce tinha saído segurando os 3 testes na mão. Seu rosto estava perdido em mil pensamentos naquele momento.

- E então? - Maite perguntou.

- Positivo! - chorou. - Os três.

- Amiga... - Maite a abraçou forte. - Eu até diria "sinto muito" mas... Na verdade eu não sinto. Você foi escolhida por Deus, não percebe? Ele quer que você seja mãe... Escolheu você.

- O que eu faço? Não sei cuidar de um bebê. Mal cuido de mim...

- Ninguém nasce sabendo como cuidar de um bebê amiga, é tudo questão de tempo pra você se acostumar.

- Eu nem vou mais fazer os outros dois testes. Esses três e todos esses sintomas já me convenceram.

- Você precisa contar ao Christopher .

- Não! - Dulce exclamou. - Não posso falar uma bomba dessas.

- Não é uma bomba, amiga. É o filho de vocês.

- E se ele não quiser?

- Apesar de tudo, não acho que ele seria capaz disso. - Não sei...

Dulce suspirou.

- Nunca se sabe.

Maite não queria ver a amiga daquele jeito. Ficou reanimado ela a tarde toda, mostrando a vantagem de ter um filho e coisas assim. Dulce até sorriu algumas vezes, mas seu medo era mais alto e mais forte. Tornava a chorar novamente.

𝑨𝒎𝒐𝒓 𝒃𝒍𝒊𝒏𝒅𝒂𝒅𝒐Onde histórias criam vida. Descubra agora