Capítulo 10

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Depois de ler a carta Onur não podia esconder o que sentia, um profundo remorso e uma infinita tristeza, era isso que ele sentia.
– E eu a tratei mal naquele dia que ela chegou tarde. Sabe Deus o que aconteceu para que ela tivesse chegado tão tarde, sabe-se lá como o garotinho esteve naquela noite. Eu não posso saber, não sei. Tudo que sei é que essa mulher sofreu muito por esse menino, espero que ele melhore, que pelo menos para isso eu sirva, já que até agora só tenho servido para fazer mal às pessoas que me cercam. — Onur se vira mais um pouco e abre a gaveta ao lado de seu leito, ele tira lá de dentro um grosso livro de capa preta, com letras e enfeites dourados na capa, ele o abriu, suas folhas eram amareladas, ele folheava o livro à procura de algo, até que parou em uma página.
– "Se tivesse que descrever toda a paixão de meu coração, não haveria bastante tinta no mundo. Contudo, se a tinta faltar, meu sangue escreverá o resto. [···] sou o homem cujo coração transformaste em incêndio e tempestade e que chora e clama por ti." – ele respirou fundo, fechou o livro, colocou a carta dentro daquela página e deitou o livro sob seu peito. – É duro admitir Sherazade, mas algum encanto existe em você, que fez esse homem de coração petrificado e alma impenetrável, que não acreditava nas mulheres mudar sua vida completamente. Aqui jas deixando-se tomar por um louco amor, por uma paixão não sei. Só sei que é algo avassalador, você tomou minha vida e meus pensamentos desde a primeira vez que te vi. Ah Sherazade, se soubesses, desde aquele bendito dia, me tiraste a paz, não há nada mais em minha cabeça ou em meu coração a não ser você. – ele apertou o livro fortemente contra seu peito.

Mal sabia ele, que ela estava naquele exato momento no hospital, aliás não somente ela, mas também Bennu, Sherazade estava ansiosa por ver seu filho. Ela estava terminando de colocar todos os paramentos médicos quando avistou o doutor que cuidava de Kaan saindo do quarto.
– Dr. Átila que bom lhe ver, como ele está? – Sherazade perguntava desesperada.
– Calma Sherazade, ele está muito bem, não se preocupe. – ele sorrir.
– E o doador? – ela perguntava aflita.
– Muito bem também, amanhã mesmo ele receberá alta, inclusive vou agora mesmo vê-lo. – o médico se afasta.
– Doutor! – Sherazade o chama novamente.
– Diga! – ele se vira.
– O senhor deu minha carta?
– Sim, acho que já deve ter lido.
– Obrigada, novamente!
– Não há de que.
Ele se afasta.
– Sherazade, eu sinto muito, mas eu vou segui-lo. – Bennu fala se afastando.
– Bennu não, por favor.
– Sherazade, eu vou ver. – Bennu se solta e o segue devargazinho.
– Bennu! – Sherazade sussurrava.

Bennu seguiu o médico, o viu entrar em um dos quartos, ela olhou, porém tudo que conseguiu ver, é que realmente, o doador de Kaan, era um homem, mas ela não tinha conseguido ver o rosto só soube que era um homem, por conta do penteado que deu para ver de relance, seu cabelo era cortado bem curtinho, o homem era quase careca.
– Droga! – ela voltou decepcionada.
Sherazade estava encostada no vidro do CTI onde Kaan estava internado. Sherazade viu Bennu se aproximar.
– E aí? – ela parecia interessada.
– Tudo que consegui ver é, que é homem, acho que deve ser algum militar do exército, porque usa o cabelo super curto. – Bennu fala com desapontamento.
– Realmente não sei quem é, mas agradeço a Deus pelo que ele fez, por mim e principalmente por meu filho, devo minha vida a esse homem Bennu, porque aquele garotinho, – Sherazade chorava olhando para Kaan. – é tudo que me restou, é a minha vida, não sei o que seria de mim, sem ele, não sei. – Bennu a abraça.

No dia seguinte Onur estava muito bem, o médico, o acordou pela manhã.
– Sr. Onur! – o médico o chamou.
– Oi. – ele abre rapidamente os seus belos faróis azuis.
– Hoje o senhor poderá voltar para casa. – o médico falava gentilmente.
– Obrigado, doutor, mas antes de ir, quero ver o menino e antes disso eu gostaria que alguém me fizesse um grande favor. – Onur se sentava na cama. – Ai!
– Algum problema Sr. Onur?
– Não, é só uma pontadinha. – ele sorrir.
– De que favor o senhor precisa? – pergunta o médico sentando em uma cadeira próxima ao leito de Onur.
– Preciso que...

Sherazade saiu cedo de casa, ela chegou ao hospital por volta das 7 da manhã, viu o filho, sondou com a enfermeira se estava tudo bem com ele e depois ela foi para o seu trabalho. Assim que chegou na empresa e pela primeira vez, ela chegou às 8h em ponto, ela foi rumo ao escritório de Onur.
– Sra. Noraiate, bom dia, a senhora sabe dizer se o Sr. Onur virá hoje? – perguntava um pouco preocupada.
– Sherazade eu não sei, realmente não sei, liguei para a casa dele e a Fierdvis disse que ele saiu de casa antes de ontem e até agora não tinha voltado e muito menos dado notícias, a mãe dele também não sabe dizer nada sobre ele, eu realmente estou muito preocupada Sherazade. – Noraiate falava com grande tristeza.
– A senhora gosta dele? – Sherazade estava surpresa.
– Muito! – Sherazade se senta à frente dela. – Eu o conheci, aliás vi os dois tanto ele quanto o Sr. Kerem crianças. Quando vinham visitar os pais corriam por toda a empresa, enquanto suas mães visitavam seus maridos, eles sempre sentavam aqui, me chamavam de Tia Noraiate, sempre me trataram com muito respeito e muito amor. – ela falava com carinho.
Sherazade se sentiu obrigada a perguntar mais algumas coisas que a intrigavam.
– Dona Noraiate, me diga uma coisa, o Sr. Onur, sempre trata todos mal?
– Eu fiquei sabendo Sherazade do que ele fez com você na sala de reuniões. Acredite, eu estranhei muito, ele não é assim, aqui muitas pessoas o julgam, mas sabe Sherazade, há 10 anos atrás ele era muito diferente, aliás ele era totalmente outro. Chegava à empresa sorrindo, fazia brincadeiras com todos, cumprimentava todo mundo, mesmo quando alguém errava ele chamava atenção calmamente, nunca com ignorância, os funcionários mais velhos, que o conheceram assim como eu, sabem que ele não é assim, às vezes eu fico em dúvida se foi a morte do pai, ou se foi quando ele terminou com a ex noiva, Nil.
– Ah ele já foi noivo... é Noraiate, às vezes as tragédias, mudam as pessoas, as tornam frias e insensíveis, vai saber o que ele sofreu.
– Sra. Sherazade, desculpe ter lhe contado coisas tão pessoais, mas é que não sei, gostei da senhora, desde que lhe vi pela primeira vez e peço que não diga nada a ninguém.
– Tudo bem, Noraiate, não se preocupe, eu não direi.
– E outra coisa, não pense mal do Sr. Onur, acho que algo deve estar acontecendo com ele, não sei o que é, mas com certeza algo o está afetando, ele é um bom sujeito, mas às vezes e ultimamente principalmente, ele tem se estressado muito, peço desculpas por ele, sei que ele deve ter se sentido mal, depois do que lhe disse.
– Obrigada, Noraiate. – Sherazade aperta a mão dela e se levanta. – Muito obrigada.

Onur estava de alta, porém quis antes de sair, ver Kaan.
– Como ele está doutor? – ele perguntava com aflição.
– Está muito bem, com certeza hoje a tarde vamos transferi-lo para uma sala de recuperação.
– Que bom. – Onur sorrir satisfeito. – E o senhor acha que ele ficou curado?
– Sim, muito provavelmente.
– Então ele não terá mais recaídas?
– Desconfio que não, não terá, porém só os exames poderão dizer algo de mais concreto.
– Doutor, se ele precisar novamente, é só me chamar, o senhor já tem meu contato e eu voltarei aqui para vê-lo acordado.
– Ok, Sr. Onur. Saiba que a partir de agora, esse garoto é como seu meio filho.
– Que bom, tenho muito orgulho de ter um meio filho como ele.
"Mas na verdade, eu preferia ser seu pai..."
– Doutor, posso lhe fazer uma pergunta, pode lhe parecer estranho, mas é que eu gostaria de saber mais sobre a mãe dele.
– Sim, pergunte.
– Ela é mãe solteira? Não, que eu tenha preconceito, é apenas curiosidade.
– Não, ela é viúva.
– Ow...e...e...quando o pai dele morreu? – Onur estava nervoso e angustiado.
– Fazem uns 4 anos ou 5 anos, quase isso.
– Era só isso mesmo doutor, muito obrigado e amanhã volto para ver esse garoto. – Onur aperta a mão do médico.
– Não há de que e descanse, Sr. Onur.
– Tudo bem. – ele sai caminhando ainda meio desajeitado, por conta do transplante.

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