Capítulo 14

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Na noite seguinte, Feride e Seval foram à associação já que Onur e Kerem se recusaram terminantemente. Ao chegar lá, viram as muitas mães e os seus filhos.
– Aqui atendemos 120 famílias, mas hoje só vieram 50... – falava uma jovem, que estava apresentando a elas a instituição.
– E quantos já receberam o transplante? – pergunta Seval.
– Até o mês passado tínhamos 23 crianças que receberam a médula, agora mais 2 crianças conseguiram fazer o transplante, agora são 25 crianças. Ainda é pouco, mas é muito satisfatório.
– E essas crianças estão aqui? – pergunta Seval.
– Sim, estão, uma delas é aquela menina ali perto da coluna.
– Ah, vou lá falar com a mãe. – Seval se afasta para falar com a criança e a mãe.
– Que triste ver crianças com toda uma vida pela frente, correndo um sério risco de morte. – falava Feride com angústia.
– Verdade, mas temos fé que algum dia, eles vão melhorar. À propósito como está o Sr. Onur? – a moça pergunta sem maldade alguma, mas Feride a olha com uma expressão de repreensão. – Desculpe, eu não me expliquei direito, só quero saber se ele teve uma boa recuperação, se teve alguma complicação...
– Não estou entendendo, você pode me dizer de que está falando? – ela quase matava a mulher com seu olhar.
– Pensei que ele tivesse lhe falado, que ele doou médula óssea, a uma de nossas crianças. – a mulher falava nervosa.
– O Onur doou médula para uma dessas crianças? – pergunta Feride surpresa e ao mesmo tempo incrédula.
– Ah desculpe, pensei que ele tivesse dito a senhora, é que ele pediu sigilo absoluto, mas pensei que tivesse dito a mãe. – fala a moça apreensiva.
– Entendo, a verdade é que essa não é a primeira coisa que ele me esconde. – Feride falava revoltada. – E quem foi a criança que ganhou a médula dele? – perguntava olhando para os lados, para ver se Seval estava vindo.
– Venha vou lhe mostrar, mas não demonstre nada, a mãe não sabe quem é o doador.
– Ok! – Feride segue a moça até o local onde Sherazade e Kaan estavam. – Dona Feride, essa é Sherazade a mãe de Kaan.
Sherazade apertou a mão de Feride, ela a olhou nos olhos e sorriu.
– Dona Feride, esse é Kaan. – fala a moça.
– Kaan? Prazer, como está? – ela aperta a mão dele, mas ele fica nervoso.
– Desculpe é que ele é muito tímido.
– Sherazade, Dona Feride, é uma das benfeitoras da Associação.
– Ah muito obrigada, graças aos benfeitores a gente vem conseguindo ajudar nossos filhos. – Sherazade fala com satisfação.
– Sim claro. Boa noite, para você e o seu filho.
Quando as duas se afastaram, Feride perguntou:
– Ele recebeu a médula há quanto tempo?
– Mais ou menos um mês...
– Ah... entendi. Obrigada, vou atrás da Seval.

No dia seguinte quando Onur chegou a seu escritório, tomou um susto.
– Mamãe? – ele fechou a porta.
– Oi filho, como está? – ela o abraça.
– Muito bem, mas não nos vimos antes de ontem? – ele estava surpreso e assustado.
– Claro que sim, mas é que fiquei muito preocupada com você e vim saber como está, se sente alguma dor, se precisa de alguma coisa. – falava Feride com sarcasmo.
– Não estou entendendo onde quer chegar mãe... – Onur se senta em sua cadeira.
– Onur, por que me escondeu que doou uma médula a um garotinho com leucemia?
– Não acredito que lhe contaram, eu pedi que ninguém soubesse...
– Não sou ninguém sou sua mãe, e já que você não me conta as coisas, tenho que passar vergonha na frente de estranhos. Quando a mulher me falou, eu fiz cara de boba, porque meu filho não me disse nada, imagine o que passei! – ela falava irritada.
– Mamãe, eu sei que errei, mas eu realmente não gostaria que ninguém soubesse, não quero mídia e muito menos que achem que fiz, o que fiz para aparecer.
–Tudo bem respeito seu sigilo, só que contar à sua mãe era um ato delicado e educado de sua parte, é o mínimo que espero do filho que eu criei.
– Está bom mãe, me desculpe. – ele fala desconcertado.
– E como foi para você...
– Bom dia, Dona Feride! – era Kerem que entrava na sala de Onur, como sempre, sem bater.
– Bom dia filho! – ela o abraçou e depois ele sentou à sua frente.
– E então como foi na associação lá, das Crianças...
– Foi muito bem. – fala Feride contente.
– Onur, assina aí esses papéis, que eu vou conversar com a Tia Feride. Quando você terminar, deixa lá na minha sala.
Onur sente um medo gigantesco quando ver sua mãe saindo com Kerem.
– É mesmo? – ele perguntava abrindo a porta da sala para ela.
Onur pegou a pasta com os papeis e os assinou.

Sherazade havia terminado os últimos detalhes do projeto, gravou-os em CD e se levantou.
– Bennu, vou à sala do Sr. Kerem deixar esse CD e já volto.
– Ok. – fala Bennu que estava um pouco incomodada com as idas de Sherazade ao escritório de Kerem.
Sherazade estava indo distraída pelo corredor quando topou em alguém e deixou cair o CD.
– Desculpe. – ela o pegou do chão e quando olhou para cima tal foi sua surpresa.
– Sherazade, não é esse seu nome? – Sherazade fica pálida.
– Sim, sou eu. – fala nervosa.
– Dona Feride a senhora também conhece nossa arquiteta premiada? Não sabia que lia revistas de arquitetura.
– Sim, eu a conheci ontem, mas não sabia que era arquiteta e muito menos que trabalha aqui. – ela sorrir.
– Então de onde se conhecem? – Kerem pergunta confuso.
Sherazade engole em seco.
– Eu a conheci ontem na Associação das Crianças com Leucemia, Kaan o filho de Sherazade acabou de receber um transplante de médula óssea e...
– Mamãe... e-eu... – era Onur que estava chegando, na verdade sua intenção era evitar a tragédia, mas ele chegou muito tarde.
– Onur, você sabia que sua nova arquiteta tem um filho com leucemia? – Feride tenta disfarçar o máximo que pode.
– De onde tirou isso mamãe? A Sherazade não tem filho não, ou tem? – ele a olhou confuso ou fingindo está.
Sherazade encarou a todos com sua expressão mais rígida e resoluta.
– Sim, eu tenho um e ele se chama Kaan, ele tem leucemia, mas recebeu o transplante, e agora está melhor.
Kerem estava surpreso, Onur fingia está surpreso, mas sua aflição era verdadeira e Feride apenas tentava manter o segredo de Onur intacto.
– Senhor Kerem, aqui está o CD com o projeto final de Dubai. – Sherazade entrega a Kerem o envelope com o CD dentro.
Kerem recebe ainda meio em choque com todas as informações que recebeu, Sherazade se afasta e Onur fica desconcertado.
– Bem... acho que não fiz bem, não foi? Pelo jeito nenhum dos dois sabiam que ela tinha um filho e muito menos com Leucemia. Onur, Kerem vou para minha casa, por favor, não a demitam. – ela beija os dois e sai.
Kerem olha para Onur com fúria.
– Tá vendo, a mulher que você trata mal, é uma pobre mãe sofredora, que só está tentando ganhar a vida para curar o filho. Você não se envergonha disso?
Onur olha para Kerem e sai rumo as escadas.

Sherazade chega à sala chorando.
– Sherazade o que houve? – pergunta Bennu preocupada.
– Bennu, me descobriram, agora eles sabem que tenho um filho. – ela fala chorando bastante.

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