Capítulo 47

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Enquanto Sherazade estava desmaiada, lá fora começou a chover e chovia forte, muito forte.

– Dona Sherazade, dona Sherazade. – Fierdvis dava leves batidinhas nas maçãs do rosto de Sherazade.
Enquanto isso, Kaan só conseguia chorar.
– Dona Sherazade, menina me traz o álcool, pelo amor de Deus. – Fierdvis estava desesperada, só não sabia dizer se aquele sentimento era por conta de Sherazade está desmaiada ou se pelo acidente com seu amado chefe, Onur.
– Aqui está Sra. Fierdvis.
A jovem fala ofegante e entrega a ela uma garrafinha com álcool, rapidamente ela molha a ponta de seu dedo indicador e o passa no nariz de Sherazade, que acorda em um suspiro profundo e espirra depois.
– Onur, Onur. – ela se tremia toda.
– Calma Dona Sherazade. – Fierdvis pedia a Sherazade algo que lhe faltava.
– Como posso ter calma, como? – ela falava com desespero, seus lábios tremiam, estava pálida, ela se levantou se apoiando no sofá, começou a chorar, suas lágrimas caíam de seus olhos como em uma cachoeira, ela estava mal conseguindo se manter em pé, Fierdvis tentou ajudá-la e ela a deteve.
Sherazade foi caminhando como um boi para o matadouro, subiu as escadas, estava desesperada, ela tentava acelerar o passo, porém estava difícil se equilibrar, aquela notícia, a tinha deixado em choque, em sua mente vinham as palavras do capitão dos bombeiros e a opinião do repórter, que disse que dificilmente o condutor escaparia.
Ela parou no meio da escada e começou a chorar, chorar muito, ela sentiu um calafrio lhe passar pela pele, sentiu seu coração se apertar e sangrar dentro do peito.
– De novo não... de novo não... – ela bate no corrimão da escada. – Não, não... – ela seguia chorando. – foi exatamente assim, exatamente... – ela foi escorregando lentamente até se sentar no degrau da escada, ela olhava para a janela em frente a escada e via a água escorrendo pelo vidro. – Chovia igual, era uma noite fria como essa... – ela falava baixo e estava encolhida. – Eu vou perdê-lo, eu sei que vou perdê-lo, eu vou perdê-lo. – ela chorava mais ainda.

Enquanto isso Kaan estava todo encolhido no sofá, estava mal, lembrava dos momentos com o pai, do dia que se conheceram no CTI do hospital e das belas tardes que passaram, quando Onur gentilmente ia fazer companhia para ele, ele lhe contava as mais belas histórias, ele lembrava dos domingos em que ele o levava para cavalgar, lembrou também da vez que os dois pensaram que tinham se perdido, dentro do bosque, de como aquela tarde foi linda, como os dois conversaram.
Ele viu o pai, pode sentir que ele o amava, os dois se aproveitaram daquele engano para se conhecerem ainda mais, conversaram sobre tudo, Kaan lhe confessou, que o amava até mais que o seu falecido pai, porque a ele Kaan não conheceu, mas a Onur, Kaan não só o conheceu por fora, mas por dentro, sua inocência e pureza de menino, viu a alma, a essência de Onur.
Por isso ele chorava e o mais triste era que seu amado pai já não podia consolá-lo e se ele morresse? E se não estivesse mais ali, o que seria da vida dele? Kaan não sabia, mas em silêncio rezava a Deus para que a única esperança que restava, continuasse viva e acesa e para que um milagre acontecesse e ele vivesse, ele voltasse para casa.

Sherazade estava descendo as escadas, dessa vez, quase correndo, ela vestia um moletom preto, blusa preta por dentro, uma calça de seda preta e um tênis preto. Acreditem nem era pelo luto, simplesmente ela não teve tempo de vestir nada melhor e além disso, o moletom era de Onur, ela o vestiu para senti-lo próximo, porque só um pouquinho de seu cheiro, a acalentava e lhe devolvia a esperança.
– Fierdvis. – ela estava um pouco mais calma. – Por favor, ligue para os mais próximos e vou indo pro hospital, assim que eu tiver notícias eu aviso.
– Mãe, mãe, mãe! – Kaan vinha chorando.
– O que foi meu filho? – ela ficou ainda mais deprimida ao ver seu filho tão mal.
– Mãe, me leva com você, por favor me leva. – Kaan a abraça, ela tinha se abaixado para falar com o menino que chorava horrores.
– Meu amor. – ela secava suas lágrimas. – Eu não sei se posso, porque você é muito pequeno, talvez eles não aceitem que você entre para ver seu pai.
– Mas eu preciso vê-lo mamãe, por favor, eu não quero perder meu papai, me promete mãe, que eu não vou perder meu pai, me promete mãe, me promete. – ele chorava e Sherazade chorava junto com ele.
– Eu prometo meu amor, vamos rezar e pedir ao papai do céu que não tire seu pai da gente, tá bom?! – ela acariava o cabelo do menino, enquanto chorava.
– Tá! – ele seguia chorando, porém estava mais calmo.
– Então vá pro seu quarto e peça a Deus, eu vou ao hospital e prometo, trazer boas notícias.
– Promete?! – ele fala com esperança.
– Prometo, eu prometo de dedinho, que trarei boas notícias. – ela levanta o dedo mindinho.
Kaan também levanta o dele e eles cruzam os dedos.
– Tá bom, agora obedeça a Tia Fierdvis e vá para sua caminha. – ela beija a testa do garoto e depois se levanta. – Estou indo Fierdvis, reze também, pelo nosso Onur. – ela sai chorando.

1001 Noites de AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora