Capítulo 13

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Sherazade resolve se sentar, porém ela se recusava a olhar para ele.
– Sherazade, eu entendo que pense assim, mas o que eu sinto por você, não é isso que você está pensando. – ele volta a se sentar também. – Não quero uma aventura com você, o que quero e pretendo se você deixar, é... te amar a vida inteira. – Onur estava nervoso e a postura de Sherazade não o ajudava muito.
Sherazade olhou para ele.
– Sr. Onur, vou fingir que isso nunca aconteceu, que nunca estivemos aqui e que eu nunca ouvi isso do senhor. – Sherazade falava irritada.
– Sherazade, não entendo, o que eu fiz de mal? Só queria dizer para você o quanto te amo, mas se não é suficiente, então eu vou te provar que o que sinto por você é real, – ela ficou ainda mais temerosa e na defensiva, já quase preparada para se levantar, caso ele tentasse algo. – e por isso mesmo, eu te tratava tão mal, porque eu não acreditava nas mulheres, eu não queria nada com uma mulher, mas daí veio você e mudou tudo aqui dentro e inconscientemente passei a ter raiva de você. – Sherazade se levanta, Onur se atravessa em sua frente. – Sherazade, demorei a admitir, mas eu te amo, não vou te obrigar a me amar, mas vou provar a você, o quanto eu te amo e porquê mereço o seu amor.
Sherazade olhou para ele com raiva, desviou dele e saiu do restaurante.

Onur ficou a olhando sair, de pés e mãos atadas, não sabia o que ele poderia fazer.
"Minha saudade de ti renova-se todas as manhãs e as lágrimas nunca abandonam meus olhos. A separação é dura para quem ama. Ai Sherazade, por que você vê maldade no puro amor que sinto por ti, será que não consegue sentir o quanto te amo? Eu te amo muito, não me faça sofrer tanto, apesar de eu merecer, não o faça demasiadamente, ou seu amado poderá morrer de amor."

Sherazade chegou ao escritório, bastante desconcertada.
– Não pode ser, eu estava sonhando e por isso mesmo isso aconteceu, era sonho, não pode ser verdade o que aquele homem falou.
– Sherazade? Que bicho te mordeu? – Bennu pergunta surpresa com a voz irritada de Sherazade que ela ouviu quando estava chegando. – Por acaso o senhor Onur te tratou mal de novo? – Bennu guarda a bolsa e o casaco.
– Pelo contrário me tratou muito bem. – ela fala com raiva.
– Não entendo, como assim? – Bennu se senta meio atarentada.
– Ele pediu desculpas, disse que estava muito arrependido por ter me tratado tão mal... – ela falava baixo.
– Amiga, isso é um ótimo sinal, não entendo porque se chateou. O Sr. Onur nunca, escute bem, nunca pediu desculpas a alguém, e pediu desculpas a você e ainda demonstrou arrependimento.
– Na verdade, eu não me irritei só por isso acredite, me irritei muito mais pelo que ele disse depois, depois disso ele falou que... – Sherazade olha para o lado de fora para ver se não havia alguém as escutando, não vendo ninguém ela prosseguiu. – ele disse que me amava e que me tratava mal por causa disso.
– Não! – Bennu fez um "o" com a boca. – Sherazade, sabia, isso faz muito sentido, primeiro ele foi simpático com você, depois ele te tratou daquela forma, olha pra mim, muita raiva sempre significou, muito amor.
– Bennu, eu não sou desse tipo que sai com os chefes.
– Sherazade, não acho que o Sr. Onur ia te dizer isso, se não fosse realmente verdade, ele é muito fechado e tem mais, nunca ouvi falar de ele ter saído com uma funcionária antes...
– Olha quer saber, já sei o que vou fazer... – Sherazade se levanta.
– Sherazade, espera, não vai fazer besteira. – Bennu tenta segurá-la, mas ela lhe escapa das mãos.

Sherazade saiu apressada e foi até os escritórios da presidência.
– Noraiate, sabe se o Sr. Kerem, está aí? – pergunta Sherazade nervosa.
– Sim senhora Sherazade. Está tudo bem? – pergunta Noraiate com preocupação.
– Sim, está. Obrigada por se preocupar. – Sherazade entra na sala de Kerem.
– Sherazade, que surpresa. – Kerem sorrir quando ver que é ela.
– Sr. Kerem, eu gostaria de a partir de hoje tratar, todos os assuntos relacionados a Dubai, somente com o senhor.
Kerem não escondeu a satisfação.
– Tudo bem Sherazade, algum problema com o Onur? – apesar de ter gostado, ele estava confuso. – Ele te tratou mal de novo?
– Não, mas eu gostaria de evitar... que ele volte a me tratar mal de novo, o senhor me entende, não entende?
– Claro, claro que entendo. Pode deixar, a partir de hoje, o trato será apenas comigo.
– Obrigada, Sr. Kerem.
Sherazade sai da sala de Kerem e justamente naquele exato momento Onur estava chegando à sua sala, ele olhou para Sherazade, sem entender, ela olhou de esguelha para ele.
– Noraiate algum recado? – ele tentou disfarçar a tristeza que sentia.
– Não, senhor. – Noraiate pareceu notar que ele não estava muito bem.
Depois ele entrou em sua sala e logo em seguida, Kerem também entrou.
– Onur o que você fez agora com a Sherazade, ein? – Kerem perguntava furioso.
– Não sei do que você está falando, Kerem. – Onur finge que está arrumando as coisas em sua mesa.
– Onur! – Kerem levanta sua cabeça. – Pare de fingir, você fez sim alguma coisa com ela, ela chegou à minha sala nervosa e sabe o que disse? Disse que não quer mais tratar nada com você, satisfeito? – pergunta Kerem.
Aquilo foi como uma facada em seu coração, mas ele tentou passar por cima do que Kerem falou.
– Tudo bem, se ela quer assim, não tem problema. – Onur tenta disfarçar sua raiva e frustração.
– Essas suas férias não serviram de nada, de nada.

Depois que Kerem saiu, Onur deixou sua sala apressado e foi até a sala dos arquitetos.
– Boa tarde! – ele sorrir. – Vim roubar um pouco do café de vocês.
– Fique à vontade Sr. Onur. – Bennu falava sorridente.
Sherazade parecia impassível, Bennu a estava olhando com repreensão.
– Em que estão trabalhando? – ele se aproxima das duas.
Sherazade fica um pouco nervosa.
– No estádio de Futebol. – Bennu continuava sorrindo.
– Assim... fiquei sabendo. Bennu, será que você poderia deixar eu conversar um minuto com a Sherazade?
Sherazade respira fundo com impaciência.
– Claro, eu vou deixar um CD para o Sr. Kerem, é o tempo que vocês conversam.
Sherazade faltava sufocar Bennu com os olhos.
– Posso me sentar? – ele aponta para a cadeira.
– Claro, a empresa é sua. – ela fala indiferente.
Onur se senta.
– Sherazade, tudo bem que você não aceite ou não consiga aceitar que te ame, tudo bem eu entendo – ele parecia muito calmo e comedido por fora, ainda que a angústia o corresse por dentro. – e sei que mereço que desconfie de mim, mas não precisava ter ido dizer ao Kerem que não quer mais tratar comigo. Tudo bem eu aceito, mas se você tivesse ido me falar primeiro, tinha sido mais honesto, como fiz com você, eu me abri para você, eu disse o que eu sentia e o quanto você significa para mim e você nem tem ideia do esforço que fiz para te dizer isso e o quanto me machuca que você me trate como um chefe pervertido, mas tudo bem, se é isso que eu sou para você, então me afastarei, não se preocupe, você não me verá mais perto de você. Bom trabalho! – ele levanta, termina de tomar o café, coloca a xícara em cima da mesa e uma das mãos no bolso da calça e a outra no queixo e sai elegantemente.
Sherazade o vê sair e não entende porque sentia tristeza ao ouvi-lo dizer aquelas coisas.
– Pela a sua cara, acho que a conversa não foi nada boa. – fala Bennu que estava chegando.
– Ele me chamou atenção pelo que fiz...
– Te tratou mal? Gritou?
– Não, ele disse que vai me deixar em paz e nunca mais vai me procurar.
– Amiga, eu acho que esse homem te ama de verdade, é sério, eu vi a cara que ele fez quando te viu, os olhos dele brilharam, Sherazade, vai que ele é o homem que vai te fazer feliz...
– Bennu, não viaja, ele é um dos meus chefes, eu não posso amá-lo. – Sherazade fala com irritação.
– Tá bom, não digo mais nada.

A noite Kerem e Onur, foram a casa de Seval, onde Feride também estava, porém os dois mal se olhavam.
– Oi Tia Seval! – Onur abraça a mãe de Kerem.
– Onur meu filho, você sumiu, nos preocupamos. – ela beija as bochechas dele.
– Acredito que a senhora, tenha sentido minha falta, mas acredito também que existem aqueles que não sentiram tanto assim. – ele fala indo em direção a mãe.
– Onur, como pode dizer isso? – Feride o abraça e o beija no rosto.
– Obrigado, mamãe. – ele fala em seu ouvido.
– Não há de que filho. – ela fala em seu ouvido. – Saiba que voltou muito melhor que antes, está até mais bonito.
– Obrigado mãe.
– Sentem-se, sentem-se meninos. – Onur se senta.
– Oi tia Feride, como vai? – Kerem beija Feride no rosto.
– Muito bem, filho. – ela o beija na bochecha e Kerem se senta.
– Meninos, sei que novamente os chamamos de última hora, mas é que temos algo muito importante a dizer, e está relacionado à Associação das Crianças com Leucemia.
Onur ficou um tanto nervoso, pensando se por acaso alguém teria falado da doação que ele fez ao filho de Sherazade.
– A presidente da Associação nos ligou e pediu que a Binyapi estivesse presente amanhã na reunião mensal deles, porque querem fazer uma menção honrosa e uma homenagem a Binyapi pelo multirão que fizemos para colocar os funcionários no banco de médula Óssea de Istambul. Ela também gostaria muito que vocês dois fossem, especialmente você Onur, ela exigiu sua presença.
– A...a minha? Não entendo por que eu tenho que ir? Amanhã eu estou ocupado, tenho reunião com um amigo de uma empresa bastante importante.
– Onur, você é o presidente da Binyapi, esqueceu?
– Eu sei, mas estou ocupado amanhã.
– Kerem? – pergunta Seval.
– Desculpa mamãe, mas eu já fiz muito, não quero ir nessa Associação não, desculpe, mas é a verdade.
– Tá vendo? Se não fosse por mim e pela Feride, a Binyapi, nunca teria um lado social, porque vocês não se importam com isso, nem ao menos se importam com as crianças, leucêmicas porque não têm filhos, muito menos um filho com leucemia e não sabem o que é isso...
Mal sabia Seval que enquanto ela falava, Onur imaginava o sufoco que Sherazade passou com o filho que tinha leucemia desde seu primeiro ano de nascimento, doía o coração de Onur só de pensar o que ela havia sofrido pelo filho, doía seu coração.
Ele tinha sim, uma grande vontade de ir, até porque ele tinha certeza que encontraria Sherazade e Kaan, mas justamente por esse motivo, ele não podia ir, ele não queria se apresentar a Sherazade como o doador de médula de Kaan, assim seria muito fácil que ela o amasse, fazendo isso, ele ganharia sua simpatia em questão de segundos, mas ele preferiu o caminho mais longo e mais incerto, o da conquista, ele queria que ela o amasse pelas suas imperfeições e conhecendo seus defeitos, mas tendo em troca a certeza de seu amor e não o amar por ele ter feito o bem a seu filho.

1001 Noites de AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora