Capítulo 57

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– Dona Nadide, o Onur é o pai do Kaan, nas veias do Kaan, corre um pouquinho de sangue do Onur, uma concentração pequena, mas corre, a médula que salvou a vida de meu filho, veio dele, como a senhora queria que eu não me casasse com esse homem?!
– Então você casou com ele só por isso?
– Não, a verdade é que eu descobri instantes antes do casamento, e ele nem ao menos me contou, eu que achei essa carta, – ela tirou de cima da mesa, o papel branco. – essa carta que entreguei ao doador e mal sabia eu, que era ele, mas quando descobri, só tive mais certeza, que eu queria casar com ele, que eu o queria por toda a vida, essa só foi uma razão a mais, porque a outra é que eu o amo. – Sherazade falava emocionada.
– Sherazade, vocês apressaram o casamento, porque...
– Não Dona Nadide, eu não estava grávida dele, nos casamos rápido, porque não tínhamos porque esperar, nos amamos e éramos desinpedidos, então resolvemos juntar as nossas solidões e assim nos casamos no dia do meu aniversário e com o Onur, minha vida e a de meu filho, ganhou um novo sentido, uma nova razão. – ela segurou a mão de Nadide. – Dona Nadide, com o Onur eu pude experimentar, um casamento tranquilo, um casamento feliz, uma vida calma, tranquila, segura, sim eu sei que ele tem uns desafetos, mas nada disso nos atinge, porque ao passarmos por aquele portão, somos uma família, unida e feliz, a senhora não imagina, o quão feliz, eu sou ao lado do Onur. – os olhos dela brilhavam.
– Então, o Kaan se apegou a ele, pelo transplante, o Kaan sabe que é ele o doador?
– Sim, o Kaan sempre soube e aliás, sei que a senhora não consegue entender como o Onur, conquistou o Kaan tão rápido, pois eu vou lhe contar.
Ela olhou para algum ponto próximo a elas, como se tentasse atrair as lembranças daqueles momentos.
– Como a senhora sabe, – ela voltou a olhar para Nadide. – além de ser meu marido, ele é meu chefe, e o engraçado é que exatamente na semana do transplante dele, o meu chefe carrasco, Onur Aksal, sumiu do mapa, ele não apareceu na empresa, ninguém, nem mesmo o sócio ou a secretaria dele, sabiam o paradeiro dele. E o mais paradoxal de tudo isso, é que todas as manhãs, eu deixava meu filho sozinho no hospital, por medo de que meu chefe carrasco, me maltratasse, ou seja ele, o Onur...
– Ele te trata mal? Digo no trabalho? – ela perguntava admirada.
– Não, só foi uma vez, uma única vez que ele me tratou mal, mas a verdade é que a fama dele na empresa, nunca foi das melhores, todos o detestavam porque ele tratava todo mundo mal.
– É sério? – ela estava surpresa.
– Sim, Dona Nadide. Continuando, enquanto eu estava no trabalho, preocupada com meu filho que podia está sozinho no hospital, meu patrão carrasco, quem diria... estava cuidando dele, sim o meu patrão Onur Aksal, estava cuidando de meu filho, eles passavam a manhã e a tarde juntos, ele só ia embora à noite quando eu chegava do trabalho. – Nadide não conseguiu esconder as lágrimas.
– Imagine que ele lia histórinhas para ele, ele também o presenteava com vários brinquedos, todos caros, que eu não teria condições de dar algo do tipo para ele.
– E você nunca descobriu quem era ele? Nem desconfiava?
– Não.
– E como que você passou a gostar dele, se ele só te tratava mal, ou tinha te tratado tão mal, como você passou a amá-lo a ponto de hoje está casada com ele? – ela parecia um tanto perturbada.
– Dona Nadide, com o Onur, eu descobri o significado, daquela frase que diz: "O amor verdadeiro, transforma o ser amado e o ser amado transforma o amor." Nossa história é bem louca, sabe?! Não foi somente a minha vida que se transformou quando ele entrou nela, a vida dele, também deu um giro de 360°, ele não queria saber de mulher alguma, até me conhecer, ele tinha raiva das mulheres, ele era revoltado com o sexo feminino.
– Não acredito. – ela colocou a mão na boca.
– Porém, ao me conhecer ele se apaixonou quase de imediato, mas ele não entendia isso, e por isso me maltratava, Dona Nadide, sabe o que me fez dar uma chance para ele e para o que ele sentia?
– Não, não sei. – ela estava atenta.
– Foi quando ele tomou um tiro para me salvar.
– O que?
– Isso mesmo, ele tomou um tiro por me salvar, Dona Nadide, ele enfrentou um assaltante e me salvou, porém o bandido disparou contra ele, e quando o vi no chão, o vi baleado, não foi a gratidão ou o remorso que me guiaram, não... foi algo maior, eu senti uma dor imensa no peito, como se eu tivesse perdendo alguém importante em minha vida, não sei, mas senti que eu estava perdendo algo, não sei explicar.
– Então você já o amava?
– Não posso dizer que o amava, talvez eu... eu não sei, acho que eu simpatizava com ele, ele era importante, por um lado, eu o odiava por ele ter me humilhado, mas não era um ódio normal, era aquela admiração, disfarçada de ódio... o que sei é que fui conhecendo cada vez mais a ele e ele a mim.
– Então ele já era apaixonado por você?
– Sim e a princípio, eu não o amava, essa é a verdade, me casei com ele, movida por uma vontade de estar com ele, mas foi ao longo dos dias que fui conhecendo o homem com quem eu tinha me casado e que fui aos poucos me apaixonando.
– Que lindo, Sherazade.
– Mas não é difícil se apaixonar por ele, ele é um homem que tem essa casca dura, por fora é uma fortaleza, um rochedo, parece duro e insensível, mas por dentro, existe um homem incrível, com um coração que não cabe no peito, um homem daqueles que fala que te ama a cada instante, e demonstra o que sente por você a cada minuto, um homem que te protege, esquece de proteger a ele mesmo, por medo de te perder, é do tipo que faz surpresas, que te presenteia, é o homem que toda mulher pediu a Deus, mas olha onde eu fui encontrá-lo, em um casca grossa e que a princípio era mais um machista, mas me enganei, me enganei e ainda bem que me enganei, ele é um amor e me sinto melhor, porque foi ele quem me escolheu e não eu quem o escolhi.
– Me sinto mais tranquila ouvindo isso. – fala Nadide sorridente.
– Eu e seu neto, estamos em boas mãos. O engraçado é que outro dia uma amiga me perguntou, se eu tenho medo que ele me traía...
– E você acha que ele te trairia?
– Não, sei que desse risco, eu não compartilho. Dona Nadide, ele sim é diferente dos demais, o Onur, não é um homem que goste de muitas mulheres, eu lhe disse, ele tinha raiva das mulheres, ele me quis, ele foi que me escolheu, por mim, eu nunca estaria aqui com ele, mas ele foi quem me quis, fez tudo para provar que me queria, sei que nenhuma outra pode tomar meu lugar, estou invicta, disso eu sei.

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