Capítulo 16

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Sherazade entrou na ambulância com ele, os médicos tinham tirado seu terno, Sherazade o estava segurando, o tiro tinha sido á queima roupa, os paramédicos estavam tentando mantê-lo vivo, por sorte o tiro havia pego em suas costas um pouco abaixo dos ombros.
– Doutor ele vai ficar bem? – ela perguntava aflita.
– Senhora não se preocupe, seu marido não corre risco de morrer. – fala o paramédico calmamente.
– Meu... meu marido? – ela sussurrava chorando.
"Na verdade ele apenas salvou minha vida, ou meus pertences, nada mais que isso." Pensava Sherazade.
– Vai ficar tudo bem. – ela segurava sua mão. – Vou ligar para empresa para avisarem a mãe dele. – ela secava as lágrimas. – Noraiate boa noite, é a Sherazade.
Boa noite Sra. Sherazade.
– Noraiate, aconteceu uma tragédia. – Sherazade chorava.
– O que houve Sherazade?  – Noraiate estava preocupada.
– O Senhor Onur foi baleado, estamos indo para o pronto socorro de Istambul agora mesmo. – ela estava tão nervosa que sua mão tremia.
– Meu Deus... – Noraiate fez uma voz desesperada e apreensiva.
– Por favor avise a mãe dele. – ela continuava chorando.
Tudo bem, senhora Sherazade avisarei.

Chegaram ao pronto socorro e o levaram diretamente para a sala de cirurgia, para conseguirem tirar a bala. Sherazade se lembrou da cuidadora que a esperava e resolveu ligar para Bennu e assim pedir a ela que cuidasse de Kaan enquanto ela ficava com Onur, afinal de contas era o mínimo que ela poderia fazer já que ele levou um tiro, por defendê-la.
– Bennu, Bennu, me ajuda, por favor.
Sherazade o que houve? – seu desespero e nervosismo, deixaram Bennu preocupada.
– Bennu, preciso que fique hoje com o Kaan... porque não vou voltar para casa hoje. – ela falava com tristeza.
Que houve?
– Bennu, estou no hospital...
Amiga aconteceu algo com você?
– Por pouco, muito pouco ia acontecer, mas por sorte o Sr. Onur me salvou. – ela chora.
Como assim?
– Bennu, o Sr. Onur está baleado, ele levou um tiro por ter agredido o bandido que estava me assaltando e eu não posso deixá-lo aqui sozinho no hospital, vou ficar com ele, pelo menos por hoje.
Tudo bem Sherazade, eu fico com o Kaan. Mas como ele está?
– Fora de perigo graças a Deus, mas em compensação, ele está ferido.
A mãe dele já sabe?
– Imagino que a Noraiate já tenha avisado.
Tudo bem amiga, amanhã nos falamos.

Demorou pouco tempo e Kerem chegou ao hospital e logo viu Sherazade que estava perto da recepção esperando o médico.
– Sherazade! – Kerem a chama.
Sherazade foi até o seu encontro, mas não esboçou alívio ou alegria por vê-lo.
– Sherazade como aconteceu isso? – Kerem pergunta preocupado.
– Um homem estava me assaltando, ele viu e foi me defender do bandido e ele pensava ter deixado o homem desmaiado, mas na verdade o homem estava fingindo e quando viramos as costas pra ele, ele se levantou e atirou nele. – Sherazade estava fria como uma pedra de gelo.
– Que sujeito mais covarde. Se eu o encontrar o mato. E como ele está?
– Ele está...
– Kerem, como está meu filho, como ele está? – era Feride que havia acabado de chegar ao hospital e com ela estava uma senhora baixinha e de cabelos dourados, era a Tia de Onur, Betül.
– Calma Tia Feride! – Kerem abraça Feride.
– Sherazade? – Feride pergunta confusa.
– Sim, ela viu como tudo aconteceu. – fala Kerem.
– Você estava com ele? Me conte o que houve? – ela chorava desesperada.
– Tia ele apenas reagiu a um assalto e foi baleado, mas ele vai ficar bem... – Kerem tentava acalmá-la.
– Sherazade, me conte o que realmente aconteceu... eu sei que o Kerem só quis não preocupá-la. a tia de Onur leva Sherazade para longe de Kerem e Feride.
– Tudo bem, eu conto. – elas se sentam um pouco distante.
Ela vê o terno de Onur sobre um dos braços de Sherazade.
– É o terno dele, não é – ela parecia feliz ao ver aquela imagem.
– É sim... – ela até tinha esquecido do terno.
– O que houve?
– Eu estava sendo assaltada e quando ele viu, saiu correndo pra me defender, bateu no bandido e achou que o tivesse desmaiado, mas acabou que o bandido atirou nele pelas costas.
– Entendi porque o Kerem não quis contar a verdade, deixemos como está. Mas como ele está?
– Está bem, o tiro só pegou um pouco abaixo do ombro dele.
– Ainda bem. Você foi assaltada onde?
– Na frente da empresa, eu trabalho lá, sou arquiteta.
– Sim, eu sei...
– Sabe?
– Sim, que a Feride não saiba, mas o Onur me conta tudo e ele me contou sobre você.
Sherazade corou.
– Não precisa ter vergonha, ele te ama, te salvou de um bandido armado e eu conheço meu sobrinho, ultimamente ele não tem dado muitas atenções a muitas mulheres, arriscaria dizer que a nenhuma, para ele ter enfrentado um bandido por alguém, ele tem que gostar muito de alguém, e por sorte você foi a escolhida, aproveite. – Betül pegou as duas mãos de Sherazade as juntou e deu duas batidinhas levemente.
Depois ela saiu, Sherazade ficou meio desconcertada com o que escutou, olhou para baixo e viu o terno dele, ela pegou o terno e o abriu, viu o rasgo por onde a bala havia passado e percebeu que o paramédico havia mentido para ela, o rasgo estava no meio das costas e não proximo do ombro.
Ela colocou a mão na boca e começou a chorar, ao longe, ela avistou o médico indo falar com a mãe, a tia e o amigo, percebeu também que uma outra mulher havia chegado e era quase da idade da mãe de Onur, ela supôs que fosse a mãe de Kerem. Ela se aproximou devagar para ouvir o médico.
– Já retiramos a bala, por sorte não perfurou nenhum órgão vital, em no máximo 2 semanas ele estará bem, agora ele está sedado, mas se quiserem ir vê-lo ele está no quarto 11 no primeiro andar. – o médico topou em Sherazade.
– Desculpa. – ele fala saindo.
– Eu quero ver meu filho. – Feride se levanta.
– Tudo bem, levem-na. – a tia de Onur fala. – Depois a gente vai. – Sherazade sente-se aqui. – a senhorinha se senta no sofá e bate no assento ao lado para que Sherazade sentasse com ela.
Sherazade humildemente se senta.
– Olha eu sei que para você, não foi bom saber do que meu sobrinho sente e pior ainda, saber que a tia dele sabe e ainda por cima se mete...
– Por favor, eu jamais pensaria assim...
– Sherazade, olha o Onur me contou o que fez com você, me disse que lhe tratou muito mal durante uma dessas reuniões que vocês fazem, ele disse que se arrependeu muito, principalmente quando ele descobriu que você tinha um filho doente.
– Mas eu já o perdoei...
– Tem certeza?
– Sim, eu já o perdoei...
– Não, Sherazade você não o perdoou, você acha que... olha, – Betül pega as mãos de Sherazade. – o Onur te ama, homens que se jogam na frente de uma bala, ou arrumam uma briga para defender a honra de uma mulher, não são fáceis de achar como as pedras que a gente ver por aí, pelo contrário são raros, como encontrar um diamante perdido no chão. Sherazade, ainda que ele tenha feito algo que te incomodou, ele te ama...
– Mas é que...
– Entendo, você ama seu antigo marido, não é...
– Como sabe disso?
– O Onur, procurou saber tudo a seu respeito, ele está tão apaixonado por você que quis saber se você era divorciada, casada ou viúva, quando ele soube que você tinha um filho, ele pensou que fosse casada, porém ele foi atrás e descobriu que você é viúva.
– Sim, eu ainda sinto algo pelo meu antigo marido. – Sherazade tinha ficado um pouco desconfortável ao descobrir que seu chefe a havia investigado.
– Sherazade, o seu filho e você precisam de alguém que cuide de vocês...
– Não, eu não preciso... – ela se fazia de orgulhosa, mas no fundo sabia que era sozinha.
– Ai Sherazade, não tenha medo do meu sobrinho, ele é meio zangado... – Sherazade a olhou com uma cara que dizia: "Meio?". – mas quando ele se apaixona, ele se torna o escravo de uma mulher, eu sei disso, era assim com a antiga noiva... – ela parecia lembrar.
– Ela morreu?
– Não, eles terminaram. Sherazade pense bem, tenho certeza que quando você descobrir quem é aquele homem de verdade, você vai querê-lo ao seu lado para a vida inteira, escute bem... tem muita coisa boa nele, que você não sabe, dê uma chance para ele, pelo menos uma oportunidade para se conhecerem...
– Mas eu não posso, eu não quero trair meu esposo.
– Sherazade você é viúva há quantos anos?
– 5...
– Tá vendo? Dê uma oportunidade a você, ao seu coração e a vida, faça isso, não se faça de difícil para a vida, eu sei que você no fundo, no fundo, bem lá no fundo sente algo por ele, senão por que estaria aqui?
– Por...porque ele me salvou...
– Viu sente algo, sente gratidão, consideração... mas você sente e aquele homem te ama... pense nisso, deixe que ele demonstre o que sente, dou minha palavra, você não vai se arrepender. Agora vamos vê-lo. – ela puxa Sherazade que ainda estava pensativa com as palavras dela.

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