A cena vinha em minha mente e eu não conseguia parar de pensar, ela se repetia, repetia, sem parar. Não era possível, eu ainda não conseguia acreditar e eu me perguntava o que Deus queria comigo? O que eu fiz para carregar essa cruz tão árdua e pesada. Depois de anos tudo voltou à tona.
Abrir a porta com dificuldade, pois minhas mãos tremiam e eu não conseguia acertar a fechadura. Limpei meu rosto passando meu antebraço eu estava fora de mim, minha vontade era de gritar, correr eu precisava descontar toda essa angustia que eu estava sentindo em alguma coisa. Finalmente conseguir abrir a porta e respirei fundo aliviada porque eu estava na minha casa. Senti as lagrimas escorrem pela minha face, eu não conseguia controlá-las.
A Clara estava sentada no sofá da sala assistindo a TV e logo que percebeu que eu tinha acabado de entrar em casa, ela se levantou rapidamente e sua expressão mudou em três tempos e isso ficou bem nítido, ela correu para o meu abraço e eu lhe abracei com todas as forças do universo, precisava-me sentir viva novamente.
- Carla, o que aconteceu?
Eu tentei explicar, mas eu não conseguia parar de chorar, as palavras saiam da minha boca embolada que nem eu conseguia entender o que eu queria dizer. Eu estava sem chão, sem rumo, eu não sabia o que fazer.
- Clara..
Só de mencionar o seu nome, eu chorava ainda mais. Meu corpo começou a tremer, eu não conseguia lidar com os meus cinco sentidos. Ela usou toda a sua força para me guiar até o sofá, sentei colocando a minha mão sobre o meu rosto e chorei. A Clara também não sabia o que fazer, ela se sentou e foi em direção à cozinha e voltou rapidamente, mexendo um copo d'água.
- Bebe isso. - Ela me entregou o copo e eu peguei ainda com as minhas mãos tremulas. Ela passou a sua mão pelo meu cabeço. - Ca, para de chorar, por favor, eu preciso saber o que aconteceu, eu preciso te ajudar.
Bebi tudo em um só gole e comecei há raciocinar um pouco, mas nenhuma palavra saia.
- Ca, estava tudo tão bem, o que aconteceu nesse fim de semana com o Felipe, o que ele fez com você? - Seu tom de voz começou a se alterar. - Eu vou matar ele. - Ela gritou.
- É muito pior do que você imagina, Clara..
- Respira fundo e me conta, Ca. - Ela puxou o ar junto comigo.
- Chegamos lá...
Sexta-Feira 18:30 - Angra dos Reis.
A pior parte de chegar em algum lugar era desfazer a mala, por mais que fosse uma mala pequena eu não tinha paciência para desfazê-la, mesmo relutante, dobrei peça por peça e coloquei no guarda-roupa que nesse feriado seria somente meu.
Tínhamos acabado de chegar em Angra dos Reis, era de um cenário paradisíaco, estávamos em uma ilha particular dos pais do Felipe, mesmo pela escuridão da noite pude notar quão belo é a junção do mar, areia e da área verde os três se complementavam. Eu ainda estava boquiaberta com a imensidão da casa que estávamos hospedados, era uma casa de praia bem conservada e capaz de obrigar mais de cinco famílias. Eu estava me sentido pequena diante do tamanho do quarto que provisoriamente seria meu. A união do concreto aparente com todos os detalhes e moveis de madeira, deixava o quarto rustico passando a sensação de pureza e tranquilidade.
- Amor, posso entrar? - O Felipe perguntou e já entrou antes mesmo de respondê-lo. - Bom, já entrei. - Rimos. - Gostou daqui? - Ele cruzou seus braços e se escorou no guarda-roupa.
- É perfeito, esse lugar é lindo, eu já estou imaginando acordar com a vista maravilhosa. - A primeira coisa que fiz ao entrar no quarto, foi reparar qual seria a minha vista ao acordar. - Sem falar nessa casa, que pena que ela é afastada de tudo, seria uma bela vista para as pessoas.
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Chora Menina
RomanceEla uma menina cheia de sonhos que teve sua adolescência interrompida por um abuso sexual. Ele um menino comum. Ela cresceu e se tornou uma mulher infeliz. Ele cresceu e se tornou um homem comum, com pensamento comum. Ela luta dia após dia para esqu...