35 Capítulo - A Ligação.

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— Por que a Clara mandou você? — Perguntei ao Jotta.

— Está sendo doloroso demais para ela deixar você aqui. — Ele olhou para mim. — E só resta essa última mala e também vim pra você matar a sua saudade. — O Júnior brincou.

— E quem disse que eu estava com saudades de você? — Dei de ombros.

— Não estava? — Ele perguntou de aproximando de mim.

— Não. — Fiz cara de poucos amigos.

— Tem certeza?

Ele me encarou com um olhar serelepe e eu sabia o que estava prestes acontecer.

— Não ouse. — Falei apontando o meu dedo indicador para ele.

Era a mesma coisa de dizer que ele poderia.

Em instantes ele fez cócegas em mim e parecemos duas crianças, que brincam e arrancam inúmeros sorrisos um do outro e que se ama mais que tudo. Minha barriga começou a doer e eu estava começando a ficar fraca, mas fui esperta, mesmo com dificuldade fui caminhando próximo a cama e quando consegui me soltar comecei a bater nele com o travesseiro, mas não durou por muito tempo, por que ele me jogou na cama com toda a sua força e voltar a me fazer cocegas e dessas vez no meu pescoço.

— Chega Junior, eu não consigo respirar. — Me rendi.

— Pede direito e desde quando você me chama assim. — Ele ria do meu desespero.

Eu me debatia como uma louca na cama.

— Por favor, Jr, para. — Ele enfim parou. — Você quase me matou.

— Eu estava com saudades disso.

— De me matar? — Ele falou surpreso e eu rir.

— Não, do quanto a gente se diverte juntos. Chego a me esquecer de todos os meus problemas. — Sorrir de lado.

— Você sabe o motivo da minha ausência, não sabe? — Ele me encarou e eu assenti.

— Se você estivesse comigo adeus seu namoro, mas isso é bom pelo menos a Clara não esteve sozinha. Se você demorar mais aqui ela vai entrar em crises.

Rimos.

— Quase isso. — Ele falou envergonhado. — Eu só faço isso, pois a Clara só tem a mim e a você. Ca ela é mais solitária que você.

— Enfim, como a minha tia reagiu esse quase casamento de você.

— Ela não sabe. — Ele riu mostrando os seus dentes.

— Vocês são mais irresponsáveis do que eu imaginei. — Meu tom de voz não saiu nada agradável.

Ele se jogou na cama e começou a rir descontroladamente.

— Isso é o bom da vida. — Ele colocou suas mãos em sua cabeça para apoiar.

Eu conhecia esse toque e estava cada vez mais fraco. Em um ato involuntário coloquei as minhas mãos nos meus bolsos a procura do meu celular e senti a falta dele. O som continuava cada vez mais fraco e eu comecei a procurar meu celular desesperadamente naquele quarto que por incrível que pareça tomou uma proporção maior. Minha respiração estava começando a ficar acelerada, passei a mão em meu rosto para tentar me manter calma, afinal eu estava esperando a ligação. Abaixei-me para conferir se estava em baixo da cama e meu coração ficou apertado ao vê que não tinha nada além de poeira.

— Estou em cima do seu celular. — O Jr falou tranquilo.

Rapidamente me ergui e em um ato bruto lhe empurrei e peguei meu celular em cima da cama. Na tela inicial do celular avisa. Era ela. Minhas mãos estavam tremulas e o Jr estava sem entender absolutamente nada. Eu não estava conseguindo atender a chamada, minha mão estava soada e com o contato ao touchscreen eu não consegui atender o celular.

O Jotta arrancou o celular da minha mão e atendeu para mim, não falei nada puxei imediatamente o celular de volta.

Inicio da Ligação.

— Alô.. Alô. — Gritei desesperada.

Meu coração continuava acelerado e mal eu conseguia segurar o celular.

— Carla, aqui é a Lourdes do recanto. — Sua voz estava calma totalmente ao contrario da minha.

— Claro, eu estava esperando a sua ligação. — Eu continuava agitada. O fato era que eu não sabia o que falar, eu estava ansiosa pela sua reposta.

— Desculpe-me por demorar tanto, quase um mês. — Ela riu. — Mas foi difícil.

— Por favor, o que você achou. — Falei tão apressadamente que talvez ela não tivesse compreendido.

— Achamos, mas preciso que você venha pra cá.

O celular caiu no chão, junto com o meu coração.

Fim da Ligação.

Meu coração foi ao chão e não voltou para o lugar. Coloquei a minha mão em meu peito, na tentativa de amenizar a dor insuportável que eu estava sentindo. Minha respiração estava mais acelerada que o normal, eu tentava dizer alguma coisa mas era impossível de se compreender. Meu olhar se prendeu no olhar do Junior que estava tão desesperado quanto eu e clamei por socorro. Era uma sensação que eu jamais havia sentido, foi como se estivesse arrancando meu coração para fora com uma rapidez inigualável e posto rapidamente no lugar, eu não conseguia conter o choro. Dei quatro passos para trás e me apoiei na parede gelada e aos poucos fui escorregando.

Eu podia sentir a rapidez com que meu coração batia, chegava até minha garganta, me fazendo soluçar, em meio a tanto choro eu não sabia o que fazer, nem o que dizer. Estava doendo muito, muito mesmo, sem exagero. Afinal, o que exatamente ela achou?

O Junior saiu do meu campo de visão e eu continuei no chão, ainda com a mão no peito na tentativa de acabar com aquela dor. Eu tentava me acalmar respirando lentamente, mas não funcionou eu continuava nervosa. Fechei meus olhos na tentativa de me teletransportar e acordei em um quarto frio de hospital.  


Chora MeninaOnde histórias criam vida. Descubra agora