Dedico esse capítulo a todos vocês que me acompanham,
Respira e não pira, essas três palavras se repetiam em minha mente de maneira frenética. Apartamento 42, esses dois números que estavam presos na porta de forma simples eu já via como um letreiro luminoso neon de uma estrada esquisita. Aperto a campainha e agora não tem mais volta.
A Maria abre a porta com um sorriso nos lábios e eu a abraço com todas as minhas forças, na esperança que toda a minha angustia, nervosismo e ansiedade fossem embora. Penso que através do abraço tudo o que eu sentia fosse transmitido pra ela. Oras, que egoísmo meu.
— O Felipe já chegou?
Perguntei com todos os meus pensamentos elevados para que eu escutasse um não em sua resposta.
— Ainda não, Srt. Carla. Mas logo menos o Lipe chega. — A Maria me respondeu com um sorriso nos lábios. Relaxei meus ombros e agradeci mentalmente por isso. — E preciso ir agora, a casa é sua.
Acompanhei-lhe no sorriso e sorrir ainda mais forte que meus lábios chegou a doer de tanto que se estendeu, mas não sabia ela que tudo isso era fruto de sensações angustiantes.
Enfim, ela se foi. Respira e não pira, Carla. — Novamente pensei.
A casa era literalmente minha, olhei em volta e me senti um nada diante de todo esse espaço. Precisava ir pro ambiente que eu me sentisse parte dele, o quarto dele, aonde eu me sentia alguém só pelo simples fato de ter seu cheiro. Caminhei lentamente até o seu quarto e observei cada detalhe de cada cantinho daquela casa, talvez fosse a minha última vez aqui. O corredor imenso com quadros coloridos frutos da decoração da Jéssica, pela primeira vez aquela harmonia de cores fez sentido pra mim.
Ainda tinha o seu cheiro da fronha de seu travesseiro, o lençol mal forrado ainda tinha a sua marca de hoje de manhã. Abri uma parte de seu guarda-roupa e dei de cara com o seu perfume, eu o espalhei sobre o meu corpo e eu estava com o cheirinho dele, suave, cítrico e meio discreto. Tiro o meu vestido vermelho e coloco o seu blusão preto que ficou do mesmo tamanho do vestido que eu usava, mas era como se ele estivesse ali me aquecendo. Olho pro relógio que estava em meu pulso e cadê você Felipe.
Deito-me na sua cama e desforro o seu lençol, que agora tinha a minha marca. Eu conseguia achar bonito até a cor branca do seu teto, rir de lado e coloquei o dedo na minha boca e pensei o que eu já estava cansada de repetir: como o seu amor me deixava boba.
— Que surpresa boa. — Ah essa voz!
Sorrir só de ouvir a sua voz, como tudo isso me encantava.
— Você demorou. — Eu disse enquanto me levantava para me aproximar dele.
— Isso tudo é saudades? — O Felipe perguntou selando nossos lábios.
— Sim! — Afirmei sorrindo.
— Você está melhor?
— Você é a minha cura. — Envolvi meus braços em seu pescoço.
Senti seus braços entrelaçando em minha cintura, puxando ainda mais para o seu corpo.
— A minha blusa fica perfeita em você, meu cheiro é ainda mais gostoso em você. — Ele usou seu jeito todo gostoso de falar.
Encaramo-nos profundamente apaixonados e ele lançou seu olhar intenso sobre mim. Todos os dias eu me apaixono pelo seu olhar. Encostei minha testa em seu peito e fechei meus olhos rezando para todos os santos que tudo acabasse bem. O Felipe com sua mão, pegou em meu queixo e conduziu até a sua boca.

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Chora Menina
Storie d'amoreEla uma menina cheia de sonhos que teve sua adolescência interrompida por um abuso sexual. Ele um menino comum. Ela cresceu e se tornou uma mulher infeliz. Ele cresceu e se tornou um homem comum, com pensamento comum. Ela luta dia após dia para esqu...