Maldita hora que a Juva foi me convidar para ir a esse bendito jantar. Ela iria me apresentar o seu mais novo namorado. E me fez prometer que eu não iria de jeans. Não usar meu look de sempre está sendo uma missão quase impossível. Tive que pegar um vestido da Clarinha emprestado que ficou muito curto em mim e isso não me deixou a vontade.
— Que raiva! — Gritei irritada. Irritada pelo fato de não ter ido ao shopping para comprar uma roupa mais decente e ter confiado na Clara quando ela falou que tinha o vestido ideal para mim.
— O que houve? — A mesma entrou em meu quarto sem bater na porta.
— Olha o tamanho desse vestido Clara. — Falei sentando na cama e calçando uma sapatilha.
— Você vai assim? — Perguntou desentendida e eu afirmei com a cabeça, pegando minha bolsa indo em direção a porta. — Espera. — Gritou ela e eu olhei para trás. — Deixa eu te arrumar.
— Eu já estou arrumada, inclusive atrasada. — Falei irônica, sabia o que ela queria fazer comigo.
— Senta aqui, vamos invertes os papeis deixa eu cuidar de você somente uma vez. — Suplicou. — Vou no meu quarto pegar um salto e minhas maquiagens, não saia daqui. — Ordenou.
Depois da nossa discursão a mesma me prometeu que enquanto ela estivesse vida não iria esconder nada de mim e assim fizemos as pazes, mas isso não apaga o seu erro, então ainda acredito que a minha irmã é pura, assim me sinto menos idiota/traída.
Não demorou muito e ela voltou com sua enorme maleta de maquiagem e com um conjunto de sapatos vermelhos em suas mãos com dificuldade. Respirei fundo e deixei que ela fizesse o quê tinha que ser feito.
Meus cabelos estavam levemente cacheados. Eu usava um vestido preto básico porém ele tinha um decote " V " nas costas dando um ar de sexy e chic ao mesmo tempo. Calçava um peep toe vermelho, simples. Minha maquiagem estava bem marcante usei a cor preta que realça meus olhos castanhos. — A Clarinha tinha amado do resultado e ficou enchendo o meu saco o tempo todo para eu andar mais arrumada —. Eu estava irreconhecível. Com certeza estava mais viva, mais eu. Tinha me esquecido a sensação de se sentir bonita.
O restaurante não era longe porém fiz com que se tornasse, sempre parava o carro e me olhava no espelho do retrovisor pra conferir se era eu mesmo. Isso fez com que vários carros que estavam passando gritavam " Tinha que ser uma mulher pra dirigir assim ". Mas não me importei com esses comentários, hoje eu poderia dar-me esse luxo.
Cheguei no restaurante e logo avistei o cabelo cor de fogo da Juva que chamava atenção até de longe e ela estava deslumbrante como sempre. Ela estava com o seu namorado que pelo jeito era meio louco, fiquei analisando de longe quantas tatuagens ele tinha em apenas em um dos seus dois braços e fui em direção a eles.
— Não vai me convidar para sentar? — Olhei para Juva, que ficou de boca aberta ao me ver.
— Oh céus. — Gritou. Sim, ela gritou no meio do restaurante e todos olharam e isso fez com que me deixasse bastante envergonhada. — É você mesmo? — Perguntou verdadeiramente espantada.
— Claro que sou eu Juva, não vai me convidar pra sentar? — Já estava ficando desconcertada com essa situação.
— Amiga, você está linda. — Ela ainda estava espantada com a situação.
— Obrigada — Sorrir fraco.
— Esse aqui é o meu namorado o Luiz Hermes. — Ela sorriu boba ao falar no nome dele.
— Oi Luiz. — Falei simpática.
— Olá Carla, a Juva fala muito bem de você. — Ele retribuiu o sorriso.
Estava me sentido muito desconfortável neste jantar, sabe comportamento de casal apaixonado? Pronto, eu estava presenciando essa cena, simplesmente o Luiz estava dando a sobremesa a Juva na boca e ainda estava fazendo aviãozinho. Realmente, eu não tenho paciência para isso.
— Está tudo bem amiga? — Ela perguntou me encarando e minha expressão respondeu por mim.
— Desculpas. — O Luiz riu desconcertado. — Carla você é modelo? — Ele falou de um modo tão engraçado que eu e a Juva caiu na gargalhada. — Porque vocês estão rindo? — Perguntou desentendido.
— Porque a Carla tem sérios problemas quando o assunto é ela e a câmera, amor. — Juva respondeu por mim pois eu ainda não tinha voltado ao meu estado normal.
— É porque ela não teve a oportunidade de trabalhar com um fotografo como eu, quando estiver afim de fazer uns fotos me procura. — Ele falou me entregando seu cartão.
— O Luiz é um ótimo fotografo amiga. — Os dois selaram os lábios porém quando estavam iniciando um beijo eu os interrompi.
— Por favor não na minha frente. — Falei educada.
— Desculpas, não sabia que você se incomodava, um bom vinho ou um whisky? — Perguntou o Luiz tentando desconversa.
— Tudo bem. — Respondi. — Um suco de laranja, eu não bebo.
— Wow. — Falou surpreendido. — Amor, você deveria seguir os passos da sua amiga.
— Você é muito engraçado. — A Juva respondeu entediada revirando os seus olhos. Eles dois são o casal perfeito. O Luiz se mostrou um bom homem e creio que ele vai fazer minha amiga muito feliz. O jantar se resumiu no Luiz falando que a Juva tinha que seguir meus princípios e fazer as mesmas coisas que eu faço e a mesma ficando muito irritada, eu só fazia rir da situação. Realmente eles se completavam. Me despedir dos dois e fui pra casa, alegando que o meu dia seguinte seria cheio e eu precisaria descansar. A Juva entendeu completamente só ela conhecia e sabia o quão grande era agitada e corrida a minha rotina.O caminho da volta foi diferente do da ida, eu estava ansiosa pra chegar em casa e me olhar no espelho. Guardei o carro na garagem e entrei em casa com cuidado para não acorda a Clara. Fui direto para o meu quarto calmamente tentando fazer o mínimo de barulho possível.
Já se passava da meia noite e meu encanto ainda não tinha acabado como a da cinderela. Estava na frente do espelho me observando e perguntava a mim mesma o porque demorei tanto para me sentir mais viva?
— Falando sozinha? — A Clarinha entrou em meu quarto e se jogou na minha cama.
— Pensei que já estivesse dormindo. — Falei indo em direção ao banheiro.
Tirei a maquiagem, lavei meu rosto e encarei a minha imagem no espelho. Cheguei a conclusão que eu ainda sou mais bonita sem maquiagem, eu só precisava colocar um sorriso no rosto.
Tomei um banho quente totalmente relaxado e voltei para o meu quarto onde a Clarinha ainda se encontrava nele.
— Vai pra sua cama Clara. — Ordenei. Vesti meu pijama rapidamente e a mesma não se mexeu da cama.
— Deixa eu dormir aqui, feito nos velhos tempos. — Fez uma cara de cachorro pidão que só ela sabe fazer e eu não sei negar.
— Vai mais pra lá. — Falei deitando em seu lado. — Se você se mexer eu te jogo.
— Faço de suas palavras as minhas. — Riu bem moleca.
— Que ousadia. — Disse indignada. — Você está em meu quarto.
— Não importa. Como foi o jantar? O namorado da Juva é um gato? — Perguntou bastante curiosa.
— O namorado da Juva é muito legal, ele tem muitas tatuagens e é fotografo. Acredita que ele perguntou se eu era modelo? — Ela fez uma cara esquisita e nós rimos.
— Você não me respondeu se ele é um gato, me fala. — Sua curiosidade era maior que a sua educação.
— Ele não é um gato, porque ele não é um animal mas ele é bonito. — Falei rindo da sua expressão.
— Você entendeu a minha pergunta. — Ela me fuzilou com os seus olhos. — Amanhã eu não vou pra aula. — Ela se virou e puxou meu lençol. Se eu fosse escolher um apelido pra Clara seria folgada pois a mesma era demais.
O despertador tocou, fazendo um barulho infernal olhei para ele e marcava 7:30 hrs mas parecia que eu tinha acabado de deitar. Estava atrasada, o combinado era a Carla me acorda. Mas ela estava ao lado e dormindo como um anjo. Droga! — Gritei — Me levantei e fui direto para o banho, tomei um banho rápido e vesti a primeira roupa que eu vi, com muito cuidado para não acorda a Clara. Fui direto para a garagem peguei o carro e fui pro café.
Percebi que o meu dia seria agitado. O Café estava mais lotado que o normal. Esperei uns 5 minutos na fila porém parecia uma eternidade, já estava ficando nervosa, tinha que chegar na ONG o mais rápido possível, fiz meu pedido um cappuccino extra forte e sair correndo em direção ao carro. Mas como hoje não é o meu dia. O copo de cappuccino quente que eu estava segurando caiu em cima de mim e de uma desconhecida desastrada.
— Olha por onde anda garota. — A desconhecida falou bem grossa. — Essa porra está quente. — Olhei atentamente para ela e lembrei-me dela pelos comerciais de TV que a mesma fazia.
— Você que esbarrou em mim. — Respondi educadamente.
Por sorte eu não me queimei, o blazer que eu estava usando me protegeu. Deixei a famosinha mal educada falando sozinha e fui para o carro irritada pela sua falta de educação.
Cheguei na ONG atrasada como eu já estava prevendo. Graças a Deus não tinha nenhum caso para se resolver, respirei aliviada por causa disso. Mas tive que arquivar uns casos antigos e é um protocolo bastante complicado e precisa da minha atenção. A manhã logo se passou e quando eu me dei conta do horário, já se passava da minha do almoço e eu tinha que ir direto para o meu consultório.
— Pensei que já estivesse ido. — Estava indo para o estacionamento quando resolvi passa na sala da Juva. E ela estava concentrada em seu computador.
— Eu cheguei agora a pouco amiga, troquei de turno. — Ela respondeu digitando algo em seu computador.
Com certeza ela estava trabalhando dobrado. A Juva não é assim calma e muito menos concentrada nas coisas em que faz.
— Boa sorte. — Falei, e fui em direção indo ao estacionamento.
Durante o caminho mandei uma SMS para a Renata a secretária do meu consultório para ela pedi um temaki para mim, não é um almoço decente porém precisava de uma comida rápida e pratica.
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Chora Menina
RomanceEla uma menina cheia de sonhos que teve sua adolescência interrompida por um abuso sexual. Ele um menino comum. Ela cresceu e se tornou uma mulher infeliz. Ele cresceu e se tornou um homem comum, com pensamento comum. Ela luta dia após dia para esqu...