39 Capítulo - Quase.

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Inicio da Ligação.

— Feliz aniversário, Jéssica. — Falei para ela apoiando o celular entre o meu ombro e minha orelha. — Tudo de bom, sou péssima falando coisas bonitas, mas eu só tenho que lhe agradecer.

— Não precisa, odeio essas felicitações. — Ela riu alto. — Você recebeu o convite da minha festa? Desculpas, só ter te mandado hoje no dia da festa, mas seria muito chato da minha parte te enviar antes.

— Tudo bem, recebi sim, inclusive estou com ele em mãos.

Não era um convite qualquer, era um convite diferente que junto a toda formalidade, vinha com lembrança para os convidados, um champanhe que julguei ser caro só pelo seu rótulo e uma taça de cristal tão delicada que eu fiquei com medo de pegá-la em minhas mãos.

— Estou tão ansiosa. — Festejou emitindo uma nota. — Vai ser o aniversário do ano, você tem que ir Ca, vai ter pessoas maravilhosas. — Seu tom continuava o mesmo. — Você não vai acreditar, vários famosos confirmaram que ia para a minha festa de 22 anos, vai ser inesquecível.

— Eu tenho certeza disso. — Rir. — Mas infelizmente não vou, não tenho clima sabe.

— Vou te odiar para sempre se você não for a minha festa. — Seu tom de voz mudou, agora era ríspido. — Você tem que ir, sei que não é fácil o que você está passando, mas você deve se distrair, Carla você vai enlouquecer.

— Não prometo nada. — Respirei fundo. — Preciso desligar, vou continuar a minha pesquisa.

— Estou no hotel em Copacabana, em um spa particular só pra mim, posso dividir esse momento com você.

— Obrigada, mas tenho que terminar a minha pesquisa, Beijos.

Fim da ligação.

Meu ombro já estava cansado de apoiar o meu celular, deixei-o em cima da cômoda junto com o convite do aniversario da Jessica e voltei para minha cama a onde estava meu notebook. Em partes eu concordava com a Jessica, eu estava a ponto de enlouquecer. Era uma pesquisa intensa e dolorosa, passei a noite em claro sodando relatos de adoção e ação judicial para se aproximar do menor, mas os testemunhos não eram nada positivos, isso me deixava aflita.

Mesmo assim eu não parei de pesquisar, eu estava em busca de algum depoimento positivo ou talvez eu fosse a primeira pessoa a testemunhar que não era impossível ter a guarda definitiva, eu não me orgulhava por desejar ter a minha filha só para mim, pois não era justo com a família que lhe adotou e principalmente a quem a chama de mãe, mas também não é justo comigo. Ser a mãe biológica da Estrela não significava nada diante da lei, significava apenas para mim e isso era tudo, era o suficiente.

Meus dedos pareciam que estavam dançando no teclado, meus olhos já ardiam de sono e cansaço acumulado. Levantei-me espreguiçando, deixando meu notebook em cima da cama e caminhei até o banheiro. Me despi calmamente e empurrei o box de vidro, ligando o chuveiro quente, deixando a água cair por toda extensão do meu corpo e naquele momento o meu cansaço também caia ralo a baixo. Fiquei assim por longos minutos e passei um óleo corporal de banho e massageei a mim mesma. Sair do banheiro, enrolada em uma toalha branca e vesti um robe rosa pink e deitei na cama confortavelmente para tirar um cochilo rápido, eu merecia isso.

— Será que aconteceu algo com ela? — Ouvi uma voz soar, me acordando.

— Acorda, Carla. — A voz da Clara disse e senti meu corpo ser chacoalhado.

— Hum... — Só consegui gemer um pouco.

Me acomodei em uma nova posição e senti o edredom sendo tirado de cima de mim.

Chora MeninaOnde histórias criam vida. Descubra agora