37 Capítulo - Esperança.

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Digamos que o meu plano só foi oitenta por cento concluído. Cheguei ao recanto completamente desesperada e talvez fora de mim. Aquelas paredes que antes só tinham três metros de altura, ontem se tornaram maiores e com o sol de fim de tarde elas ficaram mais amareladas que o normal. E por incrível que pareça ontem era o meu dia de sorte o guarda no qual também era o porteiro foi completamente simpático comigo ao presenciar a minha revolta por a Lourdes não ter me esperado, mas hoje eu iria concluir o meu plano cem por certo e nada iria me atrapalhar.

Era uma manhã ensolarada no Rio de Janeiro, o sol estava a pino sem nenhuma nuvem para atrapalhar a visão perfeita de um céu azul que eu comtemplava pela janela do meu quarto. Encostei-me a janela dando visão para a rua, era uma manhã completamente normal para todos que passavam, mas pra mim eu tinha certeza que era a manhã que mudaria a minha vida. Eu segurava uma xícara de chá quente de camomila em minhas mãos na tentativa de preparar o meu coração de fortes emoções. Bebi tudo em um só gole e fiz uma careta ao terminar, não era um dos meus chás preferidos.

Eu senti o meu telefone vibrar em meu bolso e o retirei de lá, olhando para o identificador de chamadas. Juva.

Inicio da Ligação.

— Bom dia, amiga. — O seu tom de voz era completamente animado.

— Bom dia pra vocês. — Sorrir.

Só de lembrar o fato que a Juva está grávida um sorriso involuntário se fazia presente em meus lábios.

— Oi Dinda Ca, eu e a mamãe estamos te esperando para ir com você. — A Juva imitou uma voz de criança, roubando longas risadas da gente.

— Seja menas. — Disse num tom divertido. — Mas não precisa, Juva. Você não pode sair de casa, tem que ficar de repouso.

— Eu não estou doente para ficar de repouso. — Ela gargalhou. — Não posso te deixar sozinha.

— Estou bem. — Disse sincera. — Como sei que a Srtª não ficará de repouso, vá a
ONG, você tem que estar presente, estamos com poucos voluntários, ainda mais agora que me ausentei.

— Ok.. Ok. — Respondeu num tom de derrota. — Mas por favor, me mantem informada.

— Pode deixar.

— Ei. — Ela gritou.

Afastei o telefone do meu ouvido, pois senti uma pontada de tão forte que foi o seu grito.

— Oi.

— Afinal de quem era aquele carro? — Ela perguntou segurando o riso.

— Do Júnior. — Gargalhei. — Ele está uma fera.

— Sua fuga foi infalível. — Ela riu. — Ca, preciso desligar, hoje a noite eu vou à sua casa. Beijos.

Fim da ligação.

Ela nem esperou eu responde-la. Bloquei o telefone e coloquei-o de volta em meu bolso. Olhei em meu relógio e marcava oito horas da manhã e imediatamente sair do meu quarto, pulando as escadas para ser mais rápida e deixei a xícara em cima da mesa, fui para sala e voltei para a cozinha pegando a xícara e colocando-a em cima da pia de pratos.

Agora sim, estava tudo ok.

Voltei correndo para a sala e coloquei a mão no meu coração ao vê alguém invadindo a minha casa e respirei aliviada por reconhecer o Jotta.

— É você quem vai me matar do coração. — Disse um pouco ofegante.

— E você me matou ontem. — Sua cabeça começou a balançar negativamente sem parar. — Você é louca, foge do hospital e você pretende ir aonde? Qual a parte do repouso, sem fortes emoções que você não entendeu?

Chora MeninaOnde histórias criam vida. Descubra agora