Digamos que o meu plano só foi oitenta por cento concluído. Cheguei ao recanto completamente desesperada e talvez fora de mim. Aquelas paredes que antes só tinham três metros de altura, ontem se tornaram maiores e com o sol de fim de tarde elas ficaram mais amareladas que o normal. E por incrível que pareça ontem era o meu dia de sorte o guarda no qual também era o porteiro foi completamente simpático comigo ao presenciar a minha revolta por a Lourdes não ter me esperado, mas hoje eu iria concluir o meu plano cem por certo e nada iria me atrapalhar.
Era uma manhã ensolarada no Rio de Janeiro, o sol estava a pino sem nenhuma nuvem para atrapalhar a visão perfeita de um céu azul que eu comtemplava pela janela do meu quarto. Encostei-me a janela dando visão para a rua, era uma manhã completamente normal para todos que passavam, mas pra mim eu tinha certeza que era a manhã que mudaria a minha vida. Eu segurava uma xícara de chá quente de camomila em minhas mãos na tentativa de preparar o meu coração de fortes emoções. Bebi tudo em um só gole e fiz uma careta ao terminar, não era um dos meus chás preferidos.
Eu senti o meu telefone vibrar em meu bolso e o retirei de lá, olhando para o identificador de chamadas. Juva.
Inicio da Ligação.
— Bom dia, amiga. — O seu tom de voz era completamente animado.
— Bom dia pra vocês. — Sorrir.
Só de lembrar o fato que a Juva está grávida um sorriso involuntário se fazia presente em meus lábios.
— Oi Dinda Ca, eu e a mamãe estamos te esperando para ir com você. — A Juva imitou uma voz de criança, roubando longas risadas da gente.
— Seja menas. — Disse num tom divertido. — Mas não precisa, Juva. Você não pode sair de casa, tem que ficar de repouso.
— Eu não estou doente para ficar de repouso. — Ela gargalhou. — Não posso te deixar sozinha.
— Estou bem. — Disse sincera. — Como sei que a Srtª não ficará de repouso, vá a
ONG, você tem que estar presente, estamos com poucos voluntários, ainda mais agora que me ausentei.— Ok.. Ok. — Respondeu num tom de derrota. — Mas por favor, me mantem informada.
— Pode deixar.
— Ei. — Ela gritou.
Afastei o telefone do meu ouvido, pois senti uma pontada de tão forte que foi o seu grito.
— Oi.
— Afinal de quem era aquele carro? — Ela perguntou segurando o riso.
— Do Júnior. — Gargalhei. — Ele está uma fera.
— Sua fuga foi infalível. — Ela riu. — Ca, preciso desligar, hoje a noite eu vou à sua casa. Beijos.
Fim da ligação.
Ela nem esperou eu responde-la. Bloquei o telefone e coloquei-o de volta em meu bolso. Olhei em meu relógio e marcava oito horas da manhã e imediatamente sair do meu quarto, pulando as escadas para ser mais rápida e deixei a xícara em cima da mesa, fui para sala e voltei para a cozinha pegando a xícara e colocando-a em cima da pia de pratos.
Agora sim, estava tudo ok.
Voltei correndo para a sala e coloquei a mão no meu coração ao vê alguém invadindo a minha casa e respirei aliviada por reconhecer o Jotta.
— É você quem vai me matar do coração. — Disse um pouco ofegante.
— E você me matou ontem. — Sua cabeça começou a balançar negativamente sem parar. — Você é louca, foge do hospital e você pretende ir aonde? Qual a parte do repouso, sem fortes emoções que você não entendeu?
VOCÊ ESTÁ LENDO
Chora Menina
RomansaEla uma menina cheia de sonhos que teve sua adolescência interrompida por um abuso sexual. Ele um menino comum. Ela cresceu e se tornou uma mulher infeliz. Ele cresceu e se tornou um homem comum, com pensamento comum. Ela luta dia após dia para esqu...