20/02/2007 - Flashback
Casa da Tia Claudia, Rio de Janeiro, Brasil.
— O pai do bebê é o Pedro — Ao dizer, abaixei a cabeça, comecei a chorar e ouvir os gritos e acusações absurdas vindo da minha mãe.
— Você é uma traidora, eu criei uma vadia dentro da minha própria casa. — Minha mãe gritou, levantei minha cabeça e não a-enxerguei.
Pela primeira vez em minha vida tive vontade de batê-la, para a mesma acorda e perceber que eu não passo de uma vitima dessa historia triste e dolorosa.
— Ele me estuprou, eu não queria mãe. — Minha voz já saia falha. — Eu juro. — Ela parou em minha frente como um robô, levantei meu vestido, e me virei de costa, mostrando as minhas costas onde ficaram gravadas as marcas da batida. - Ele é um mostro. - Fechei meus olhos e apertei com toda minha força para acorda desse pesadelo e o que sentir foi apenas o gosto das minhas lagrimas me fazendo lembrar da minha realidade.
— Meu pai não é um mostro — Fomos surpreendidos com a Clara entrando na sala a mesma estava ouvindo toda a conversa. Se a dor em meu peito já se fazia presente, com a Clara sabendo de toda verdade era como se a dor se multiplicasse. — Você que sempre o-provocou, queria ser filha dele mas quem é a filha dele sou eu. — Em seu tom de voz tinha ódio e rancor. — O mostro dessa historia é você.
Fim do Flashback.
Esse dia ecoava em minha mente me fazendo lembrar do meu ultimo momento com a minha mãe, a dor que eu sentir quando a mesma pegou a mão da Clara saindo da casa da minha tia, batendo a porta fortemente que por um momento eu pensei que iria se quebrar, eu não conseguia descrevê-la.
Me pergunto por quê ainda não inventaram uma espécie de remédio para esquecer o passado, talvez não seja tão difícil já que o homem conseguiu ir a lua. O fato é que mesmo eu não querendo as lembranças de sete anos atrás vem a tona principalmente com a vinda da minha mãe depois desse tempo todo.
— Vamos no aeroporto buscar a mamãe. — Clara falou animadamente se juntando a mim.
— Não, estou com dor de cabeça, pode ir com o meu carro.
— Não seja tão má, ela esta pensando que você ira no aeroporto buscá-la. — Ela sorriu e eu abrir um meio sorriso forçado pra ela.
— Clara, não estar sendo fácil pra mim. — Meu tom de voz saiu tremula.
— Eu só te peço que não a magoe. — Seu rosto se contorcia de preocupação.
— Como eu queria poder te garantir isso, se põe no meu lugar. — Comentei lembrando que em poucos minutos ela entraria pela porta da sala.
A Clara não contestou apenas me abraçou, e eu me acomodei em seus braços e senti uma lagrima escorrer em meu rosto.
— Eu tenho que ir. — Disse a Clara se afastando. — Acho melhor você ir dormir, eu invento uma desculpas boa pra mãe.
— Vou fazer isso mesmo, cuidado! — Alertei. — A estrada essa hora é perigosa. — Falei enquanto via o relógio em meu pulso. — Por quê você não chama o Jr pra ir com você?
— Isso não é uma boa ideia, a mãe odeia o fato de eu tá namorando com ele. — Ela bufou e deu um longo suspiro.
— Eu não acredito. — Meu tom de voz aumentou. — Ela não tem esse direito. — Eu olhava pra ela incrédula e a mesma me interrompeu.
— Carla, deixa que os meus problemas eu resolvo. — Ela falou depositando um beijo em minha testa e foi se afastando, e eu acompanhei com o meu olhar a mesma saindo de casa.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Chora Menina
RomanceEla uma menina cheia de sonhos que teve sua adolescência interrompida por um abuso sexual. Ele um menino comum. Ela cresceu e se tornou uma mulher infeliz. Ele cresceu e se tornou um homem comum, com pensamento comum. Ela luta dia após dia para esqu...