— O doutorzinho já chegou? — O Felipe falou ironicamente mesmo com sua voz ofegante.
Deixei o caminho livre e ele passou por mim, mas antes depositou um beijo em minha bochecha, coloquei minha mão aonde o beijo foi dado e sorrir sozinha, sentindo meu coração bater mais forte. Logo tranquei a porta e vire-me para ele que já estava sentado no sofá descansado.
Era nítido que o Felipe estava se esforçando para ser presente em minha vida de modo que já não estava conseguindo honrar com os seus compromissos do dia-a-dia, mas mesmo assim ele deixava transparecer que estava tudo bem. Talvez eu estivesse sendo egoísta por pensar somente e mim, mas eu sentia que isso era o que compensaria a sua falta do último mês.
— Não. — Falei enquanto me aproximada dele. — Você veio correndo?
— Ver você me deixa assim. — Ele respirou fundo. — Ofegante. — Brincou.
Seu tom de voz engraçado me fez gargalhar alto e dei uma tapa de leve em seu ombro enquanto ele ria de mim por está rindo da sua piada sem graça.
— Fica tranquila o doutorzinho vai trazer boas noticias, não precisa ficar ansiosa. — Ele falou olhando em meus olhos.
— Eu não estou ansiosa. — Menti.
— Em outros momentos você não gargalharia do meu comentário sem graça.
Era incrível como ele me conhecia tão bem, até nesses pequenos detalhes, uma sensação boa iria tranquilizando o meu peito e eu sorrir mostrando meus dentes em resposta. Acomodei-me melhor no sofá encostando minha cabeça na parte superior e lhe encarei.
— O que você foi fazer em Minas Gerais?
Fazia exatamente três dias que eu estava tomando coragem para lhe perguntar sobre essa sua misteriosa viagem. Ele não me respondeu de imediato, imitou o meu gesto e descansou a sua cabeça na parte superior do sofá assim como eu fiz.
— Lembra do mestrado que você me ajudou psicologicamente. — Um sorriso se fez presente em nossos lábios ao se lembrar dessa sua fase. — Não era só o mestrado que eu estava defendendo, também era uma espécie de entrevista, tinha um mestre na banca e caso ele achasse a minha tese valida eu também seria aprovado para ser professor da universidade e era por causa disso que eu estava tão desesperado.
— E porque você não me contou? — Perguntei mordendo os meus lábios.
— Porque seria menos decepcionante para mim caso eu não fosse aprovado. — Ele me respondia manso.
— Parabéns. — O meu tom de voz não saiu nada agradável.
— O edital demorou para sair, só tinha vaga para outro estado e eu não sabia dessa parte, foi tudo muito rápido eu só tinha oito horas para chegar em Minas. — Ele falava apressado, pois sabia que eu estava preste a explodir. — E esse edital saiu justamente um dia antes de você ser socorrida para o hospital por isso que eu não estava aqui.
— Ok.. Feli..pe.. — Eu gaguejava. — Eu não quero saber de mais nada.
Gesticulei com as minhas mãos e levantei do sofá e comecei a andar de um lado para o outro nervosa, ele tentava explicar mais coisas, porém não o deixei falar. Meu coração batia freneticamente, mil coisas passavam em minha mente eu estava a ponto de perder o controle ali mesmo, mas ele foi salvo pela campainha que começou a tocar e eu corri para atender.
— Pode entrar Arthur. — Falei ainda nervosa.
— Você está bem? — Ele perguntou me encarando profundamente e eu assenti. — Desculpe-me o atraso, mas acho um charme te fazer esperar. — Ele usou um tom divertido e eu rir de lado.
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Chora Menina
RomanceEla uma menina cheia de sonhos que teve sua adolescência interrompida por um abuso sexual. Ele um menino comum. Ela cresceu e se tornou uma mulher infeliz. Ele cresceu e se tornou um homem comum, com pensamento comum. Ela luta dia após dia para esqu...