Parte 2 - Um Novo Plano.

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Carla Narrando:

Meus olhos já estavam cheios de lágrimas lhe encarar nesse momento seria a minha redenção. Eu sentia seu olhar em cima de mim, um olhar intenso e quantitativo falando por si só. Minhas mãos estavam tremulas e eu as escondi no lençol branco, parecia que era a primeira declaração que ele me fazia, ergui meus ombros na tentativa de minimizar a minha apreensão, mas qualquer movimento que eu fizesse seria falho.

Em cada palavra que saia da sua boca eu me arrepiava da cabeça aos pés, isso era a prova que era verdadeiro, tão verdadeiro que a minha vontade nesse exato momento era deixar a razão e o orgulho de lado para lhe abraçar e sussurrar em seu ouvido que agora estava tudo bem entre a gente.

Encarar a caixa de lembranças que estava em cima da cômoda só me dava mais vontade de olha-lo, eu poderia ficar chateada pela sua atitude invasiva de ler as minhas cartas, mas isso me deixou mais tranquila, dividir esse sentimento com alguém era confortante, já não me sufocava tanto. Permitir que só a minha cabeça pudesse movimentar e mirei os meus olhos nos seus lábios carnudos e avermelhados, eu conhecia cada traço da sua boca e eu não poderia negar que estava louca para beija-lo ali mesmo. Fechei os meus olhos mais uma vez e a primeira cena que veio em minha mente foi os seus lábios quentes tocando nos meus e suspirei de saudade, rapidamente abri os meus olhos e vi que o toque dos seus lábios nos meus não passava de uma lembrança, mas ele estava ali sentando em minha frente esperando que eu dissesse algo.

Aos poucos fui subindo o meu olhar fazendo um tour pelo seu rosto, olhando até os mínimos detalhes e cheguei à conclusão que mesmo machucado e com o seu rosto inchado ele continuava lindo e o seu olhar sobre o meu só afirmava para mim mesmo que ele continuava o mesmo homem no qual eu me apaixonei.

Eu poderia passar horas lhe encarando e eu tinha absoluta certeza que eu não iria me cansar, mas seu olhar intenso me dizia para que eu dissesse algo caso ao contrario sua ansiedade lhe permitia enlouquecer de vez.

— Você o matou? — Quem iria enlouquecer era eu se não soubesse de nada. — Adormeci pensando nessa hipótese.

— Não. — Ele suspirou aliviado e eu lhe acompanhei. — Graças a Deus não.

Suas mãos invadiram seu rosto e permaneceu um pouco em cima dos seus olhos e logo ele relaxou os seus ombros.

— Ainda bem, Felipe. Eu nunca te perdoaria por isso. — Disse sincera.

— Nem eu, mas foi uma atitude involuntária, confesso que eu não me arrependo de ter brigado com eles, serve de lição para eles e principalmente para mim.

— Para você? — Retruquei levantando minha sobrancelha.

— Sim. — Assentiu. — Por nunca mais deixar você sozinha por aí. — Ele falava olhando em meus olhos e novamente desviei o seu olhar.

Mas não tive como segurar o meu riso, sorrir de lado automaticamente ao ouvir a sua resposta. Era como se eu me sentisse segura novamente.

— Só eu sei o quanto é angustiante ficar vulnerável a situações ruins, ontem foi a pior noite da minha vida, na outra vez aconteceu pela manhã. — Tentei gesticular com as minhas mãos para disfarça a tensão. — Agora eu continuo com medo, ontem eu sair correndo e liguei para a minha Tia ir me busca e desde então ela está aqui comigo, mas não me sinto segura com ela a mesma é tão frágil quanto eu.

Era doloroso lembrar, mas não tinha como se lembrar da noite de ontem sem voltar ao passado. Eu conhecia bem o roteiro do que iria acontecer e com isso eu tinha que tomar mais cuidado. Aos poucos eu ia sentindo o cheiro da liberdade de viver sem o medo, mas infelizmente aquilo tomou conta de mim novamente.

— Carla, olha pra mim, por favor. — Ele pediu calmo e eu lhe encarei. — Você ainda confia em mim? — Isso não era uma pergunta difícil de responder, poderia acontecer de tudo em minha vida e ele continuaria sendo a única pessoa que eu confiaria totalmente. Apenas afirmei com a cabeça e deixei que ele continuasse. — A Cláudia está lá em baixo e eu já conversei com ela. Estou aqui e dou a minha palavra que nunca mais te deixarei sozinha, dou a minha palavra que nada de ruim vai te acontecer novamente.

Ele pegou em minha mão e as entrelaçou, firmando a promessa. E percebo que o universo conspira em silêncio, protegendo-nos de todo mal.

Porém eu não estava cem por cento para ele, eu sabia que tudo o que ele falou era verdadeiro e principalmente o seu amor por mim, mas eu precisava de mais, não por mim, mas para ele nunca mais me deixar sozinha e então pensei em um novo plano para a gente.

— Como você mesmo falou existe uma terceira pessoa em nosso meio. — Não tinha como pensar nela e não sorrir. — Sei que errei por não ter te contado a verdade sobre a minha filha, não te culpo por ter dado um tempo pra pensar, eu faria o mesmo, mas você errou quando eu ia te procurar e você me tratava com descaso, você só pensou em você, tu só me procuraste quando tua consciência se culpou ao saber que eu estava num hospital. Enfim, não sei o que o futuro tem preparado para mim, mas se você estiver disposto a está comigo em todos os momentos. — Balancei minha cabeça positivamente. — A gente corre atrás do tempo perdido.

— Isso significa que.. — Ele sorriu mostrando os seus dentes e eu lhe interrompi.

— Significa que não vamos ter nenhum contato físico até eu senti que você realmente está confortável com esse seu novo papel. — Mordi meu lábio inferior com medo da resposta.

— Tudo bem. — Sua voz saiu tão apressada que mal deu tempo dele respirar. — Eu quero.. eu aceito, tem que assinar alguma coisa? — Ele brincou e eu rir.

— Você não vai contestar? — Eu realmente estava surpresa e ele balançou a sua cabeça negativamente. — Você terá que me reconquistar novamente, pode ser uma tarefa difícil. — Disse segura.

— Eu já te conquistei uma vez e dessa vez não será diferente. — Ele me respondeu num tom sério e ao mesmo tempo presunçoso sorrindo de lado.

Se eu disse segura de mim ele me respondeu com o dobro de certeza da sua resposta como se tudo estivesse ao seu favor. Sua porcentagem no crédito tinha acabado de aumentar, mesmo em poucos segundos apenas com respostas eu já estava sendo conquistada e meu coração borbulhava de alegria, afinal foi assim que ele me conquistou na primeira vez, começando por esse tom presunçoso e sério ao mesmo tempo.

— Posso pelo menos te abraçar? — Ele me encarou com suplica como se o abraço fosse o seu combustível.

— Permitido só abraços. — Apontei o meu dedo indicador para ele. — Só abraços. — Enfatizei.

Eu não sabia aonde esse novo plano iria levar a gente. Mas parei de pensar nas hipóteses quando senti sendo invadida pelo seu abraço, que é o meu maior aconchego e quando ele me abraçou foi como se alguma parte do meu corpo que estava morta ressuscitasse com o calor do seu abraço. Eu precisava dele, encaixei meu maxilar em seu ombro e sorrir, agora tudo vai ficar mais fácil, naquele momento eu me senti inteira. Eu precisava desse abraço, um abraço apertado cheio de saudades, um abraço que me livrasse das angustias que eu estava passando e o abraço dele foi exatamente isso. Mais uma vez sua porcentagem aumentou, mas ainda faltava noventa e oito por cento e eu estava torcendo para que ele completasse logo.

Chora MeninaOnde histórias criam vida. Descubra agora