" Se te comparo a um dia de verão
És por certo mais belo e mais ameno
O vento espalha as folhas pelo chão
E o tempo do verão é bem pequeno.
Ás vezes brilha o Sol em demasia
Outras vezes desmaia com frieza;
O que é belo declina num só dia,
Na terna mutação da natureza.
Mas em ti o verão será eterno,
E a beleza que tens não perderás;
Nem chegarás da morte ao triste inverno:
Nestas linhas com o tempo crescerás.
E enquanto nesta terra houver um ser,
Meus versos vivos te farão viver. "William Shakespeare
Estava na beira da praia, ouvindo as pancadas do mar, o sol radiante daquela manhã ensolarada refletia na pequena página do livro que estava aberta, eu estava completamente apaixonada pelos 154 sonetos do Wiliam Shakespeare, achei esse pequeno livro em meio as bagunças do Felipe, peguei emprestado para nunca mais devolver. Qualquer brisa que passava por mim me arrepiava por completa, como se eu imaginasse ser culpa de sua presença, mas só era eu olhar em volta e perceber que era só as emoções ao ler o soneto 18, vulgo meu preferido, difícil julga-lo como meu preferido, com tantos, mas algo naquele soneto me chamava atenção como nenhum outro, o verão passou a ser eterno diante a minha vida de inverno.
Agora eu entendo a verdadeira razão do Shakespeare ter se tornado um dos mais importantes dramaturgos e escritores de todos os tempos. Seus sonetos literários são verdadeiras obras de arte, vivas em um pedaço de papel.
Quanto mais eu lia aqueles pequenos sonetos, mais interesse e ansiedade eu tinha em terminar de ler, mas um interesse maior me chamou ainda mais a minha atenção, era como vislumbrar o paraíso, a imensidão do mar azul perdeu o seu encanto ao ver aquele tom azul em seus olhos. O Felipe, junto com a Clara e o Jr, vieram em minha direção, todos molhados saindo do mar, o encarei paralisada, com um pouco de anseio enquanto ele vem correndo pra chegar ainda mais rápido.
Era fácil me sentir à vontade em sua presença, ele se sentou ao meu lado, dando-me um selinho demorado, eu não me incomodei com seu corpo molhado e pela primeira vez gostei da água do mar.
— Só faltou você. — O Felipe mirou meus olhos, vagando por eles por um longo tempo.
Eu só me sentia a vontade apenas na sua presença, não me sentia bem mostrando meu corpo para todas as pessoas daquela praia, apenas coberta por um biquíni mesmo que seja por um composto, então preferir ficar sentada no chão da areia, vestida com um vestido solto, terminado de ler os 154 sonetos do incrível Shakespeare. Mas antes de lhe dá uma boa desculpas a Clara se aproximou de mim, sacudindo o seu cabelo molhado, me molhando por completa.
— Eu não acredito, Clara. Você me molhou por completa.
— Como você é exagerada, está na praia é pra se molhar. — Disse o Jr defendendo-a sua namorada.
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Fuzilei com meus olhos o Jr pelo tamanho de seu cinismo, cruzando os meus braços em protesto pelo o que ele tinha acabado de falar. Em um movimento rápido, completamente surpreso, o Felipe pegou-me em seus braços, eu já imaginava o que ele pretendia fazer e com isso comecei a gritar desesperadamente, enquanto o mesmo, a Clara e o Jr riam descontroladamente de mim.
Joguei os 154 sonetos na areia da praia, enquanto o Felipe corria comigo em seus braços, ele era mais forte que eu, e qualquer movimento que eu fazia para me soltar, o mesmo me imobilizava o que me deixava bastante furiosa. A pouquíssimos metros da água do mar, já me dei por derrotada, não tinha possibilidade de voltar pra areia da praia e ler os pequenos sonetos do Shakespeare. Quando senti a água molhando os meus pés, esbravejei bastante irritada, ainda em seus braços me mexi velozmente o que foi o suficiente para ele em jogar na água.
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Chora Menina
RomansaEla uma menina cheia de sonhos que teve sua adolescência interrompida por um abuso sexual. Ele um menino comum. Ela cresceu e se tornou uma mulher infeliz. Ele cresceu e se tornou um homem comum, com pensamento comum. Ela luta dia após dia para esqu...