32 Capítulo - Fada Madrinha.

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— Quero toalhas brancas de 100% algodão. — Era nítido que a Jessica estava com raiva. — Eu já disse, não quero toalhas amarelas. — Finalmente ela gritou transbordando toda a sua raiva.

Não tive como conter o meu riso, como era possível ficar tão estressada por bobagem. Balancei a minha cabeça negativamente ainda rindo da situação e cheguei a conclusão que ela precisaria de verdadeiros motivos para se estressar.

— Sim, que tenha cheirinho de bebê. — Ela sorriu convencida e desligou o seu telefone.

— Você só esqueceu de agradecer. — Fiz questão de lhe lembrar.

— Pelo? — Ela me perguntou arqueando a sua sobrancelha.

Rir novamente e perguntei a mim mesma como era possível ela ter o mesmo desenho da sobrancelha do Felipe, eles eram tão iguais e ao mesmo tempo tão diferentes.

— Por nada, Jessica, por nada. — Suspirei.

Não adiantaria explicar, ela nunca iria entender.

— Você não vai acreditar. — Ela sorriu mostrando todos os seus dentes. — Fui chamada para fechar um grande desfile em NY. — Ela concluiu orgulhosa. — E eu só estrava exigindo a cor das toalhas que eu quero no meu camarim.

Senti meus olhos se arregalando sozinhos. Nunca pensei que eu iria me sentir assim com uma possível partida da Jessica. Minhas mãos soaram e senti minha garganta dando um nó, ela não podia me deixar aqui sozinha, não agora. A vida é engraçada, mas no momento eu só posso contar com ela.

— Quando você vai? — Perguntei engolindo seco.

— Amanhã.

— Amanhã. — Repeti com medo.

Encarei um quadro pequeno que tinha na sala da sua casa e fiquei procurando um defeito naquela obra, para poder ocupar a minha mente.

— Ei. — Ela chamou a minha atenção, mas continuei encarando o quadro. — Quando eu falei que estaria com você eu não estava mentindo.

— Mas você vai NY e eu vou ficar aqui.. — Não concluir a frase. — Eu não sei se vou conseguir achar minha filha sozinha. Até agora só achei uma foto dela.

Involuntariamente sorrir lembrando da pequena foto 3x4.

— Claro que você vai, Ca. Só é você seguir o seu instinto, você sabe que é possível.

— É possível. — Lhe encarei forçando um riso, afinal eu teria que ser positiva.

Fui surpreendida com um abraço da Jessica e ficamos abraçadas por longos segundos.

— Eu volto daqui há três semanas, eu vou te ligar todos os dias, mesmo estando do outro lado irei te ajudar, posso te contar um segredo?

— Sim.

— Eu sou uma fada. — Ela sussurrou. — Posso fazer varias coisas ao mesmo tempo.

Mesmo com toda a minha apreensão, eu gargalhei alto até perder o meu folego, senti minha barriga doer e estava difícil até de respirar.

— Você está rindo de quê? — A Jessica perguntou sério.

— Você é louca. — Respondi enquanto tentava recuperar o meu folego.

— Ok. — Ela deu de ombros. — Depois não me pergunte como eu estou te ajudando aqui mesmo estando no outro lado do mundo.

Eu não conseguia parar de rir, minha barriga doía e meus pulmões imploravam por ar, enquanto meu rosto era banhado por lágrimas que desciam pelos meus olhos. Eu estava chorando de tanto rir. A Jessica permanecia séria e nenhum momento ela se convenceu do meu riso. Eu senti meu rosto mudar de coloração e de repente o Felipe estava em pé em minha frente tentando entender o motivo de tanto riso.

— Oi. — Foi a única coisa que saiu acompanhado de um sorriso.

— Oi Carla. — Ele falou educadamente.

Carla.

Ele nunca me chamou de Carla.

— Lipe, a Ca não está acreditando que sou uma fada. — A Jessica falou para o Felipe.

— Carla a Jess é uma fada e suas assas só aparece quando todos dormem. — Enquanto ele afirmava abraçava a irmã.

Que saudades desse abraço.

— Vou pegar minha bolsa, Lipe faça companhia a Ca. — Ela ordenou e piscou um dos seus olhos para mim.

Acompanhei com o olhar a Jessica indo em direção em seu quarto e logo ela sumiu da minha vista.

— Como você está? — Perguntei na tentativa de puxar assunto.

— Bem. — Foi a única coisa que ele respondeu.

— Que bom.. Em plena quarta-feira a tarde e você por aqui. — Queria saber as novidades da sua vida.

— Voltei a treinar.

— Que legal. — Respondi com um sorriso e pela primeira vez vi um sorriso em seus lábios.

— Sinta-se em casa. — Ele falou formalmente. — Não posso me atrasar.

Ele se virou ficando de costas pra mim e deu três passos à frente. Como eu queria toca-lo, abraça-lo e principalmente beija-lo. Matar essa saudades que esta me consumindo por inteira.

— Felipe. — Falei baixinho e ele se virou para mim. — Até quando vai ser assim?

Ficamos calados e nossos olhares se cruzaram falando por se só, era obvio que ele queria tanto quanto eu. Ele fechou seus olhos com força e seguiu para o seu quarto sem dizer nenhuma palavra.

Respirei fundo e vi minhas mãos tremerem.

— Larga o meu irmão, Ca. — Olhei para a Jessica que descia as escadas lentamente. — Faz ele sofrer também, para de da bola a ele, no estante esse queijo para. — Ela conseguia ficar com raiva muito rápido.

— Não é assim. — Falei cautelosa. — Vamos?

— Ca, enquanto eu estava lá em cima recebi uma ligação do meu empresário e eu preciso ir agora a agência.

— Então você não vai poder ir comigo? — Era obvio que não.

— Isso. — Ela sorriu de lado. — Mas você vai no hospital e vai falar com Luciana e pedir o endereço da assistente social. Só isso.

Assenti em resposta.

— Já acertei tudo pra você.

— Obrigada pela força. — Sorrir. — Até daqui há três semanas.

— Eu sou uma fada se esqueceu, vou está presente aqui.

Ela me acompanhou num sorriso e nos abraçamos.

— Boba. — Sussurrei em seu ouvido. 

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Saiu hoje! uhuuuul. Espero que gostem.


Chora MeninaOnde histórias criam vida. Descubra agora