Aos 16 anos fui estuprada pelo o meu padrasto quando a minha mãe já tinha ido para o trabalho e minha irmã à escola. Como eu só ia à escola no horário dá tarde, ficava dormindo até um pouco mais tarde, quando o Pedro, meu padrasto que também saía bem cedo, voltou. Me segurou com força na cama, me amarrou e me violentou — Desesperada, gritei suplicando por socorro, mas não havia ninguém para me ajudar. — Era virgem e senti muita dor quando ele penetrou.
Me mudei para a casa da minha tia, com uma desculpas qualquer e também não queria criar problemas para minha mãe e ele, além do que, o mesmo tinha me ameaçado, e disse que poderia até matar minha mãe se eu contasse. Só mantive o contato com minha família pele telefone e quando eu ia visita-los sempre procurava um jeito de não encontrar com o Pedro. Eu não conversava com ninguém, vivia chorando, estava começando a achar que estava ficando completamente louca, comecei a ficar estranha e minha tia desconfiou que alguma coisa estava errada, até que um dia, ela me pressionou e eu contei tudo, nem tanto por mim, mas pela minha irmã menor. Minha tia ficou desesperada, fomos à Delegacia da Mulher fazer o Boletim de Ocorrência e em seguida ao Hospital por informação da Delegacia, fiz vários exames médico e foi constatado que eu estava gravida, e a gravidez já passava de 18 semanas e estava muito avançada para fazer o aborto. Senti que o meu mundo estava desabando naquele momento.
Tinha ficado com alguns garotos porém só beijos nada sério e mesmo assim só aconteceu duas vezes, nunca me apaixonei e estava grávida do meu padrasto. Tinha que carregar aquilo dentro de mim. Olhava para o meu corpo e não me reconhecia. Não sei como aguentei aquilo por nove meses. Senti um alívio enorme quando ela nasceu. Só sei que era um menina e foi doada ao hospital depois do parto.
Prazer, Carla Lima, hoje com 23 anos e com pensamento que tenho hoje não teria dado a minha filha mas a situação me obrigou a fazer isso, logo após o acontecido foquei nos meus estudos e comecei a estudar Psicologia e me formei, hoje estou fazendo Pós-Graduação em Psicoterapia e trabalho em uma ONG que se trata com crianças que sofrem abuso domestico, dedico minha manhã como voluntaria e a tarde trabalho no meu consultório particular.
Posso dizer que sou uma mulher de poucos amigos, tenho a minha irmã que sempre está comigo e me entende completamente, as vezes brigamos porem coisa de irmãs, depois do ocorrido não me relacionei com ninguém, quando algum homem se aproxima de mim, mesmo se a intenção dele for a melhor eu faço de tudo para sair da situação, isso me apavora.
Estava rolando na cama com muita preguiça de me levantar, só de pensar que o meu dia seria cheio dava vontade de passar o dia deitada.
— Bom dia Ca. — Disse minha irmã entrando no meu quarto sem ao mesmo bater na porta com um sorriso enorme no rosto. — Levanta agora, se não vamos nos atrasar. — Logo ela saiu do meu quarto, sem me dá o direito de resposta.
Respirei fundo e me levantei da cama, fui direto para o banheiro tomei um banho quente e ai sim estava disposta a enfrentar o meu dia, coloquei meu look de sempre que por sinal a Clara, minha irmã, odiava, um bom jeans, uma blusa de cetim lisa, um blazer e uma sapatilha confortável, prendi meu cabelo em um coque e passei um batom de manteiga de cacau pois meus lábios eram ressecados e já estava pronta.
— Vamos Clara. — Bati na porta do quarto dela. — Ainda temos que passar na cafeteria.
— Estou indo, dois minutos. — Ela gritou e logo eu desci, fiquei esperando a mesma na sala lendo uma revista qualquer.
Esses dois minutos se prologaram em dez, a Clara sempre tem essa mania de se atrasar.
— Vamos Ca, esse seu look nunca muda né? — Ela revirou os olhos. — Tenta usar roupas mais alegre tenho certeza que você chamará mais atenção. — Seu tom permanecia irônico e ela foi em direção à porta.
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Chora Menina
RomanceEla uma menina cheia de sonhos que teve sua adolescência interrompida por um abuso sexual. Ele um menino comum. Ela cresceu e se tornou uma mulher infeliz. Ele cresceu e se tornou um homem comum, com pensamento comum. Ela luta dia após dia para esqu...