O penúltimo capítulo para vocês <3
A música ecoou pelo quarto em um volume consideravelmente baixo, porém altíssimo aos meus ouvidos. A cada nota que eu ouvia uma lágrima escorria. A voz doce da cantora fazia com que aquele desespero em que meu coração se encontrava aumentasse. A cama ainda estava desarrumada, esquentava as péssimas lembranças que continuam jogadas sobre ela: A Carta. O chão que sempre me pareceu ser frio demais para meu corpo repousar, hoje obtinha um calor gigantesco comparado ao inverno que estava meu interior. O Caos que se encontrava naquele quarto fazia ver que eu sou pior que ele por nunca saber lidar com isso.
Amargas lágrimas, sem nenhum controle escorriam incansavelmente pelo meu rosto, o aperto em minha garganta que antes não fazia nenhum efeito sobre mim, agora me sufocava com crueldade, me roubando todo o ar, se não fosse pela luz dele que refletia em minha frente eu teria me sufocado ali mesmo.
O Felipe estava nervoso andando para um lado e para outro, eu queria gritar por socorro, mas, no entanto nenhum som saia de dentro de mim. Minha voz havia sumido, onde estaria a minha voz quando eu a necessito? Onde está a minha força quando eu realmente a preciso? Em um movimento rápido ele pegou a carta do Pedro que estava em cima da cama e rasgou em mil pedaços, havia tanto ódio em seu olhar que chegava a me dá medo e ele tremia à medida que os pedaços iam caindo no chão.
— Olha pra mim, Carla. — Sua boca fazia movimentos estranhos enquanto ele falava. — Sei que você nunca esquecerá essa história, mas eu te prometo que quando nós dois estiverem juntos não haverá mais dor, nem passado, nem um covarde como ele, que nesse momento deveria está queimando no inferno. — Bufou alto.
Ele sentia ódio e eu medo. Quando toda a carta se encontrou em pedaços no chão ele fechou o seu punho e deu um murro na parede que estava próximo a ele. Sua respiração começou a ficar ofegante e nos encaramos como na primeira vez que nos conhecemos, marcado pelo o seu olhar intenso.
— Acabou. — Finalmente minha voz saiu como um sussurro extremamente baixo.
A cortina do quarto balançou por causa do vento forte e o sol entrou pela janela, esquentando meu corpo que há minutos atrás estava frio. Por fim, com um suspiro longo a força voltou. Levantei e ao abrir a janela vi o quão encantador o céu estava com o mais puro azul. Enquanto o sol brilhava a brisa batia em meu rosto e balançava ainda mais a cortina.
Senti sendo invadida por um abraço por trás, o Felipe descansou o seu queixo na minha cabeça e entrelaçamos as nossas mãos. E instantaneamente quando ele me abraçou foi como se alguma parte do meu coração se preenchesse. Involuntariamente eu sorrir envergonhada e naquele momento, eu me senti segura, como se eu estivesse voltando para o meu lar. Eu precisava desse abraço, um abraço apertado, um abraço que me livrasse das angústias que eu estava passando. E o abraço dele foi exatamente isso.
— O porquê desse sorriso? — Ele perguntou.
— Como você sabe que eu sorrir? — Retruquei mordendo os meus lábios para não sorrir.
— Porque também estou sorrindo. — Respondeu ele.
— Qual motivo desse sorriso? — Perguntei extremamente curiosa e ansiosa.
— Você. — Ele respondeu rápido e ficamos em silêncio admirando o céu azul pela janela do meu quarto.
Ele me apertou ainda por trás e beijou meu pescoço com seus lábios secos e quentes, fechei meus olhos e tentei controlar a minha respiração.
— Estou morrendo de saudade do seu beijo. — Ele disse. — Não sei se consigo controlar, quer dizer.. Desculpas, sei que só abraços.. — O Felipe se atrapalhou e eu rir baixinho. — Droga, esquece. Hoje o céu está mais azul, não acha? — Desconversou.
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Chora Menina
RomanceEla uma menina cheia de sonhos que teve sua adolescência interrompida por um abuso sexual. Ele um menino comum. Ela cresceu e se tornou uma mulher infeliz. Ele cresceu e se tornou um homem comum, com pensamento comum. Ela luta dia após dia para esqu...