Acabo de ver o primeiro episódio da nova temporada de American Horror Story e já estou a chorar.
Era suposto eu vê-lo com a Coraline.
Era suposto nós estarmos a rir nas partes assustadoras.
A atirar pipocas uma à outra.
Mas em vez disso , estou aqui. Sozinha. No escuro. Eu e as minhas lágrimas .
Eu lembro-me quando ela me obrigou a jurar que nunca iria chorar por mais ninguém . Foi naquele dia em que sem querer ela viu as marcas de cicatrizes nos meus pulsos.
Depois disso comecei a cortar as pernas.
Mas ela também descobriu.
Porque ela descobria tudo.
Ela sabia.
Ela preocupava-se .
Os meus pais passavam noites fora , sem ligarem só para dizer olá . Ela era a minha única companhia. A única pessoa que ficou aqui para tudo.
Eu tento agarrar-me a Jake , mas não consigo. Eu estou a voltar a cair na escuridão. No poço sem fundo da minha alma.
Pego na taça de pipocas e atiro-as contra a parede.
Levanto-me e grito.
Grito com todas as minhas forças.
Grito até não ter mais ar.
Até não ter mais voz.
E quando paro , lá aparece outra vez.
O silêncio .
Eu preciso da minha melhor amiga.
Aqui comigo.
Para me ouvir . Para me consolar .
Quero ligar a Jake , mas lembro-me que ele foi viajar com os pais.
E cá estou eu , sozinha outra vez.
Nadiya e Matty estão num encontro.
E cá estou eu , sozinha outra vez.
Ainda penso ligar a Coraline , ou talvez a Luke. Mas sei que vai logo parar à caixa de chamadas.
E cá estou eu , sozinha outra vez.
...
Eu tento chorar.
Mas não saem mais lágrimas.
E é ai que me apercebo.
Eu já caí .
E em breve... vou bater no fundo.
E quando isso acontecer?
Acabou-se.
Sem a Coraline , acabou-se.
Olho para a 3ª gaveta da cómoda .
Eu não posso.
Não outra vez.
Tento controlar-me . Mas é em vão.
Corro o mais rápido que posso até à caixa de madeira que abro num ápice.
Retiro de lá as plaquinhas de brilho metálico e o pó de estrelas , como eu lhe chamo.
Sento-me no sofá e penso se isto será o melhor a fazer.
Se eu não o fizer , afundo-me na tristeza e mágoa.
Se eu o fizer , afundo-me no meu paraíso escuro , na minha depressão , no fundo do poço.
Eu apenas quero esquecer.
Quero esquecer estes últimos meses.
Apenas desaparecer um bocadinho.
Isso não fará mal... pois não?
***
Gargalho alegremente enquanto elevo a garrafa de liquido transparente que fui buscar ao armário de bebidas caras do meu pai.
Ele vai zangar-se.
Mas sabem que mais? Que se foda.
Ele que se foda. A bebida que se foda. Eu que me foda. A Coraline que se foda. Todos que se fodam.
Hoje sou só eu e a bad.
Ela já faz parte da família , né?
Sinto o líquido ardente escorrer-me pela garganta . Gargalho alto, quase tão alto como a música dos AC/DC que passa na rádio.
Volto a sentar-me no sofá e bebo outro gole.
Espalho depois um bocado de pó em cima de um espelho.
Com uma das minhas amigas de brilho prateado separo-o em linhas finas.
Pego numa das notas e faço aquilo que tem que ser feito.
Logo me sinto descontrair .
Volto a sentar-me no sofá e canto alto.
Pego num cigarro e , embora não saiba o que contém , levo-o à boca.
O fumo chega ao meus pulmões , fazendo-me sentir feliz.
Passo a mão pelas minhas mais recentes libertações de dor nas minhas pernas.
Dói passar pelas feridas vermelhas mas eu não me pareço importar com isso.
Volto a pegar na lâmina e arrasto-a com alguma força sobre o pulso.
Um líquido vermelho começa logo a querer sair , mas eu não permito , levando o pulso à boca.
Logo cuspo para o lado. Sabe mal , penso para mim mesma.
Volto a colocar a abertura da garrafa de vidro na boca , mas não sai nada. Suspiro em frustração e atiro a garrafa contra o chão , fazendo-a partir-se em cacos.
Pego num deles e corto o outro pulso , sentindo um alivio enorme sobre mim.
Continuo a fumar e rir comigo mesma .
Sinto algo escorrer-me pelo nariz.
Levo até lá o dedo e quando olho , vejo um liquido parecido com o dos meus cortes. Só que mais escuro.
Tento levantar-me mas fico com tonturas e piso um caco de vidro.
Um grito aguda espalha-se pelo quarto.
Começo a ver tudo a girar e a ficar escuro.
A última coisa que sinto antes de apagar é o toque do meu telemóvel e a dor aguda que sinto na minha face quando ela embate contra os cacos de vidro.
**************************************
SEGUNDA POSTAGEM . EU SEI QUE QUERIAM MAIS , MAS ACABOU-SE POR HOJE.
ESPERO QUE TENHAM GOSTADO.
AI GENTE , COITADA DA CLARYCE . ELA NÃO ESTÁ NADA BEM. E AQUILO VAI-LHE DEIXAR CICATRIZES , LITERALMENTE.
VOTEM
COMENTEM QUE EU AMO
SIGAM-ME
KISSES BABES
VOCÊ ESTÁ LENDO
Diário de uma Serial Killer
HorrorCoraline , 17 anos. Muito nova para matar? Não , faço-o desde os 9 anos. Sim, desde essa idade. Porque quando se cresce no pior orfanato de Strognofild tudo pode acontecer. Atenção: Toda a história "Diário de uma Serial Killer" é TOTALMENTE FICCIONA...