Favela

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Chegamos na casa de Isa e Maurício disse:

-Como foi andar de moto comigo?

-Confesso que foi bom - sorri.

-Eu sabia que um dia esse seu sorriso lindo iria aparecer. - disse me puxando para perto de sí, - Só toco em você quando você quiser.

-Tão Grey agora.

-Amo "Cinquenta tons de cinza"!

-Nunca assisti -disse colocando as minhas mãos na cintura de Maurício.

-Você é muito pagável, sabia?

-Sou? - disse me aproximando dele.

-Quer ir num lugar? - disse Maurício.

-Que lugar?

-Na praça.

-Não acho uma boa ideia.

- Por que não?

- Não quero que alguém nos veja.

Na mesma hora que disse isso Maurício me puxou e tascou um beijo envolvente e misterioso. Ele colocou minhas pernas em sua cintura e puxou meu cabelo de leve.

-Para! -disse ofegante.

-Quer que eu pare mesmo? -disse ainda ofegante.

-Sim! Quer dizer... Não! Mas tenho que ir para casa.

-Então ta né, tchau Vic.

-Tchau Mau!

-Delícia -disse mordendo o lábio inferior.

-Doido -disse com um sorriso meu bobo.

Entrei na casa de Isa e ela me puxou, entramos em seu quarto e ela fechou a porta e disse:

-Tenho que te contar uma coisa.

-Fala! -disse assustada

-Eu conheci um cara, que ele é bem mais velho, e ele vai ser nosso novo professor de Espanhol.

-Já vai pegar o professor, Isa? - Isa pegou o travesseiro e lançou na minha direção.

Deitei na cama e fui dormir, porém o sono não vinha. Olhei no relógio, e já eram 02:55.

Sair do quarto e fui tomar um ar fresco, estava muito pensativa com tudo que havia acontecido num só dia.

Avistei um carro vindo em minha direção. Eles pararam ao meu lado, e um cara desceu do carro e me agarrou.

-O que faz nessa rua deserta? -disse meu pai.

-Estava só tomando um ar fresco.

-Você só tem dezoito anos Vitória!

-Isso mesmo, já sou maior de idade pai.

-Mas ainda mora comigo.

-Não seja por isso.

-Vai morar onde?

-Na rua for preciso.

-Não me responda mocinha!

-Ta pai! Vamos para casa.

-Não! Você deixou dormir na casa da Isa. - meu pai assentiu.

-Mudei de ideia.

*************************

Amanheceu e fui me arrumar para ir a praia. Coloquei um biquíni branco com estampa floral.

Desci as escadas, e minha mãe estava toda arrumada tomando café. Ela me lançou um olhar nada agradável, tomando café ela disse:

-Acho melhor você começar a procura uma faculdade.

-Já fiz isso mãe! Próxima semana começa as aulas na faculdade.

-Faculdade de....?

-Arquitetura.

-Por que não medicina?

Abri a porta, e Isa estava na esquina me esperando. Ela estava com um short desfiado e uma regata transparente, que valorizava seus seios grandes, e barriga tanquinho.

Chegamos na barra da Tijuca. A praia estava lotada como sempre. Havia alguns caras andando de skate, e surfando. Isa não tirava os olhos de uns rapazes que estavam andando de skate.

-Isa? - sacudi ela.

-Oi! - ela virou-se e me encarou.

-Onde vamos sentar?

Antes que Isa respondesse, ouvi uma voz muito familiar, vindo em minha direção.

-Vic! - disse Maurício se aproximando.

-Oi! - disse com um sorriso bobo.

-Vamos dar um mergulho?

-Pode ser!

-Vamos - disse me puxando em direção ao mar.

Maurício estava encantador. Ele estava sem camisa, e de  bermuda.

Sentei na areia ainda úmida, e chamei ao garçom, que por alí passava. Poucos minutos depois veio o meu pedido.

Avistei Isa com um cara forte, ele estava andando de skate. Ela acenou de longe, e gritou, porém não escutei.

Me virei e não vi Maurício.

-Vic -disse me agarrando por trás.

-Mau. -disse tirando suas mãos de mim.

-O que foi Vic?

-Nada! Só quero sair daqui.

-Tenho umas idéias.

-Quais?

-Quer conhecer o meu mundo?

-Claro. - dei as mãos para Maurício.

Maurício levantou-se, e me puxou.

Estávamos de moto. O vento batia no rosto, era um vento meio que "agressivo".

Chegamos num bairro pobre, com criança brincando de amarelinha, pega-pega, e gude.

-O que estamos fazendo aqui, Mau?

-Aqui é onde eu moro -disse me olhando -Gostou?

-Você mora na rua?

-Claro que não né, Vic.

-Onde seria sua casa?

-No final da rua.

-Naquela casa de andar ali?

-Sim!

-Nossa que palácio! Mas é no meio de uma favela.

-Eu sou de classe média, já minha mãe é muito rica.

-Mora com seu pai?

-Sozinho mesmo. Poxa já tenho vinte anos, já posso me cuidar sozinho, não acha?

-Pode sim. Vamos entrar? Acho que está chovendo.

-Anda logo

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